Topo

Parceiro quer tirar Lucas Lima e Damião do Santos e já oferece ao Cruzeiro

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

09/12/2014 06h00

A anulação da eleição do Santos por suspeita de fraude no último sábado, na Vila Belmiro, atrasou em mais uma semana o planejamento do clube para a próxima temporada. No entanto, os investidores não estão parados. O UOL Esporte apurou que o empresário Renato Duprat, que integra o grupo de investidores maltês, Doyen Sports, esteve na Toca da Raposa na última sexta-feira para oferecer dois santistas ao Cruzeiro: Leandro Damião e Lucas Lima.

Duprat ficou insatisfeito com o Santos, principalmente com a desvalorização de Damião, que amargou a reserva em grande parte da temporada. No Cruzeiro, o técnico Marcelo Oliveira já aprovou a contratação e, inclusive, colheu informações do centroavante com Oswaldo de Oliveira, ex-treinador do clube da Baixada. O comandante celeste gostou do que ouviu e aguarda a definição das negociações.

"Cabe ao técnico estar monitorando e pegando referências. Dentre eles, está o Leandro Damião também. As diretorias têm que se resolver. Não precisa nem fazer consultas para saber que o Leandro Damião é um definidor de jogadas. Sabemos que é um grande atacante. Embora não viva um bom momento, poderia ajudar qualquer equipe", afirmou.

Já Lucas Lima, que disputou a Série B do Campeonato Brasileiro no ano passado, terminou o ano bastante valorizado na Vila Belmiro. No entanto, Renato Duprat, que detém 80% dos direitos econômicos do meia, quer repassá-lo ao Cruzeiro, pois acredita que a boa fase do clube mineiro dará mais visibilidade aos seus jogadores.

O Santos é detentor dos direitos federativos e tem contrato de quatro anos com Lucas Lima, mas o clube não possui nenhuma porcentagem dos direitos econômicos, já que os 20% restantes pertencem ao Internacional-RS.

Além disso, Damião e Lucas Lima estão insatisfeitos com a crise financeira do Santos. Assim como todo o elenco santista, a dupla não recebe os direitos de imagem há quase três meses.

Damião, inclusive, gerou polêmicas dentro e fora de campo nesta temporada. Ele é o reforço mais caro da história do Santos e, por isso, a contratação do camisa 9 virou o alvo principal dos ataques oposicionistas na eleição para a presidência do clube, remarcada para o próximo sábado. Um dos motivos é que o Santos terá que dar parte do dinheiro que tem a receber da Globo pela transmissão de seus jogos como garantia de pagamento aos investidores que ajudaram a trazer Leandro Damião.

A empresa Doyen Sports emprestou os 13 milhões de euros (R$ 41,6 milhões) usados pelo Santos e deu três anos para a dívida ser quitada. Ela cobra 10% de juros ao ano e exigiu uma garantia do clube de que o débito será pago. Por isso a garantia precisa ser equivalente a aproximadamente 17 milhões de euros (R$ 54,4 milhões). Para se ter uma ideia, nos nove primeiros meses de 2013, o Santos recebeu R$ 41,2 milhões referentes aos contratos com a Globo, e já adiantou as cotas de televisão de 2015.

Esse dinheiro só será depositado pela emissora para a parceira do alvinegro se o jogador não for vendido nos três primeiros de seus cinco anos de contrato. Existe insatisfação dos oposicionistas porque, se o atleta for vendido, o Santos só terá direito a 20% do lucro. O restante ficará com a empresa.

Já Lucas Lima “provocou” um imbróglio entre Santos, Doyen e seu empresário Edson Khodor. Em setembro deste ano, o agente ficou irritado ao tentar vender 40% dos direitos econômicos que detinha do atleta ao clube da Baixada. Isso porque Khodor descobriu que durante as negociações, a diretoria santista recebeu o montante da Doyen Sports para compra da porcentagem de Lucas Lima, mas preferiu gastar a verba no seu fluxo de caixa. O empresário considerou que os dirigentes santistas não cumpriram com a palavra, pois haviam prometido que só aguardavam o deposito da Doyen para efetuar a compra.

Dois meses depois, a Doyen, que já havia comprado 40% que pertencia ao Internacional no inicio do ano, decidiu fechar o acordo diretamente com o agente do atleta e comprou mais 40%. Foi assim que o grupo liderado por Renato Duprat ficou com 80% dos direitos econômicos de Lucas Lima. Os 20% restantes pertencem ao clube gaúcho.