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Até Gloria Kalil vai ao estádio. E mostra como xingar o juiz e ser elegante

Gloria Kalil vai ao Itaquerão e se comporta como torcedora comum - Reprodução
Gloria Kalil vai ao Itaquerão e se comporta como torcedora comum Imagem: Reprodução

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

10/12/2014 06h01

Engana-se quem pensa que jogo de futebol é lugar apenas para homens suados e desleixados. Uma das empresárias e consultoras de moda mais conhecidas do país é corintiana e frequenta estádios desde pequena. Gloria Kalil mostra que é fã de futebol com direito a xingar o juiz. Mas sem perder a elegância, claro.

No último sábado, ela foi ao Itaquerão pela primeira vez com a família para assistir ao jogo entre Corinthians e Criciúma e se encantou com a modernidade do novo estádio.

Apesar da fama de chique, que dá nome ao seu livro mais famoso, Gloria se comporta como um torcedor comum. Nas arquibancadas, tomou um picolé para espantar o forte calor, se divertiu com as músicas e a energia das organizadas e deixou no armário os saltos altos e as roupas luxuosas típicas dos desfiles de moda.

Vestiu apenas um jeans básico, uma camiseta alvinegra para homenagear o time do coração e óculos escuros. “Fui simples, jeans e camiseta como se deve ir ao estádio”, conta.

E xingar, será que é deselegante? Que nada. No estádio, o padrão de comportamento é diferente e extravasar está liberado. “Dou os meus xingos”, admite aos risos.

Para Gloria, proibido mesmo é partir para agressão física e promover quebradeira. “O estádio é um lugar para você descarregar as energias, você catalisa sua agressividade nos onze jogadores em campo. Pode xingar à vontade. No domingo estava uma berraria e uma xingação. O que não pode é quebrar estádio e sair na porrada. Aí já é burrice”.

Gloria relatou sua primeira experiência no Itaquerão em seu blog. Mas o post gerou uma grande repercussão por muitos associarem sua presença à elitização do futebol. Nos comentários eram frequentes as reclamações de que o povo não tem mais condições de comprar ingressos, enquanto há socialites frequentando estádios.

Gloria rebate as críticas e diz que acompanha o Corinthians desde criança, já que morava perto do Pacaembu, e chegou a fazer parte do movimento Democracia Corintiana. Ela se lembra que frequentava as reuniões com Sócrates a convite do amigo, o publicitário Washington Olivetto.

“As pessoas pensam que foi a minha primeira vez no estádio. Eu já fui muitas vezes, minha família inteira é corintiana. Esse pessoal está reclamando, eu sou corintiana antes de muitos deles nascerem, eu fiz parte da Democracia Corintiana.  É uma palhaçada essa história, gente dizendo que por isso que perdemos por 7 a 1. Fui porque torço, não foi uma experiência fashionista. E mesmo que fosse, é um preconceito ao contrário. Geralmente não se pode entrar em alguns lugares quando a pessoa está mal vestida, então em estádio não pode entrar bem vestido?”

No processo de elitização, muitos torcedores criticam as arenas modernas construídas para a Copa do Mundo e os preços altos dos ingressos.

Gloria concorda que os preços estão altos, mas acredita que o estádio ainda é um local democrático e popular. “Eu acho que há uma mistura no estádio. Você vai lá e é uma coisa muito mais popular. Eu estava sentada perto da Fiel. E tinha um mundo de gente, tem cada vez mais gente nos estádios. O que acontece é que os preços estão mais altos, as entradas podem ser caríssimas, antigamente não existia isso. Mas isso é coisa de cartola”.