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Ele foi destaque do Fla em 2014. Mas antes superou 'traumas da bola'

Everton (d) comemora um dos gols do Flamengo: destaque do time em 2014 - Alexandre Vidal - Fla Imagem
Everton (d) comemora um dos gols do Flamengo: destaque do time em 2014 Imagem: Alexandre Vidal - Fla Imagem

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

10/12/2014 06h10

Everton foi um dos destaques do Flamengo na temporada. Aos 25 anos, o meia funcionou como a válvula de escape do time e caiu de vez nas graças da torcida. Foram dez gols marcados, o que fez o camisa 22 encerrar 2014 com a vice-artilharia no elenco comandado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo.

Campeão Brasileiro em 2009, o jogador concedeu entrevista ao UOL Esporte e contou que superou “traumas da bola” para despontar na carreira. Os medos de lesões, de entrevistas e até de viagens ficaram no passado. Para o futuro, Everton pensa em cumprir o contrato com o Flamengo até 2017 e manter adormecidos os fantasmas do passado.

Confira a entrevista na íntegra:

UOL Esporte: Você foi campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009, mas esteve longe de se destacar como aconteceu nesta temporada. O que mudou no caminho?
Everton: Evoluí com o passar dos jogos e tive mais tempo de preparação quando retornei ao Brasil. Vivi momentos complicados no México [defendia o Tigres] e na passagem pelo Botafogo. Foram dois anos bem ruins. Passei por três cirurgias [duas no ombro e uma no pé]. Acho que o principal foi deixar o medo de lesões para trás.

UOL Esporte: E quando isso aconteceu? Você realmente era visto como um jogador frágil fisicamente e que se machucava bastante na passagem anterior pelo Flamengo...
Everton: Isso mudou de vez quando joguei na Coreia do Sul em 2012 [Samsung Bluewings]. Tive uma sequência de partidas e tempo suficiente para me preparar. Quase três anos se passaram e não me machuquei de forma grave novamente. A lesão muscular é uma coisa até comum para o atleta, mas a recuperação é rápida.

UOL Esporte: Como era entrar em campo com medo de se machucar? Tirou o pé em muitas divididas?
Everton: Ficava com bastante medo. Era a sensação de que poderia acontecer uma coisa ruim a qualquer momento. Mas sempre me cuidei bastante e enfrentei isso da melhor maneira possível. Creio que decolei também na passagem pelo Atlético-PR. A confiança voltou.

UOL Esporte: Você também teve dificuldades com entrevistas e viagens. Na primeira vez no Flamengo não escondeu o nervosismo nos encontros com os jornalistas. São traumas superados?
Everton: O tempo passa e você vence os traumas. Me acostumei com as entrevistas. Tinha 19 anos quando cheguei ao Flamengo pela primeira vez. Não estava familiarizado com os repórteres. Os anos passaram e perdi esses medos. Sempre fui muito cobrado sobre a importância da relação com a imprensa e hoje entendo tudo isso de forma muito melhor.

UOL Esporte: A temporada esteve longe do que o torcedor do Flamengo sonhou. Foram momentos difíceis e muita gente chegou a dar o rebaixamento como certo. Temeu pelo pior?
Everton: Perdemos por 4 a 0 para o Internacional no primeiro turno. Ali achei que ficaria bastante difícil. A tristeza era muito grande no vestiário. Só o fato de não poder ir ao shopping e passear com o filho mexe com qualquer um. Mas a chegada do Vanderlei Luxemburgo [técnico] mudou tudo. Foi o cara que transformou o ânimo do Flamengo. Não sei o que aconteceria se ele não estivesse no comando.

UOL Esporte: Você fez o gol do Flamengo na goleada por 4 a 1 sofrida para o Atlético-MG na Copa do Brasil. A vaga na final estava na mão do Flamengo. O que aconteceu naquele jogo?
Everton: É impossível explicar. Jogamos duas vezes contra eles no Maracanã e vencemos. Você nunca imagina que vai fazer 1 a 0, levar quatro gols e ser eliminado. Pensei durante dias o que poderíamos mudar, fiquei até sem dormir. Acho que aprendemos a lição. O Flamengo precisa se preparar melhor e entrar sempre concentrado nas partidas para que isso não se repita.

UOL Esporte: A diretoria já avisou que não fará contratações caras. O elenco do Flamengo tem condições de realizar um bom 2015 com as chegadas de reforços pontuais e de apostas?
Everton: Existem equipes e equipes. Não tínhamos estrelas quando atuei pelo Atlético-PR, mas encaixamos bem. Fomos vice-campeões da Copa do Brasil e terceiro colocados no Campeonato Brasileiro. Tudo depende do trabalho. Acho que um ponto fundamental é o professor Luxemburgo. Ele tem condições de nos ajudar a ter uma boa temporada, buscar títulos e uma vaga na Libertadores de 2016.