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Dois anos após vencer Mundial, Tite volta ao Corinthians. O que mudou?

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

16/12/2014 06h00

Depois de assinar contrato na noite desta segunda, Tite assume o Corinthians nesta terça. Há exatos dois anos, o treinador vencia o Mundial de Clubes, diante do Chelsea, no Japão. Vários personagens que participaram daquela partida continuam no clube, mas a realidade do alvinegro é bastante diferente da de 2012.

Cássio, Fábio Santos, Ralf, Emerson Sheik, Danilo e Paolo Guerrero são os nomes que estiveram em campo no dia 16 de dezembro de 2012, e continuam sendo parte do elenco corintiano. Para vários deles, porém, a relação de amor com clube, diretoria e torcida esfriou bastante: se quiser mantê-los, Tite terá que se desdobrar.

A diferença começa por Guerrero, herói do título mundial. Depois de marcar de cabeça o gol que selou a conquista, o peruano continuou se tornando cada vez peça fundamental na equipe. Em 2014, com Mano Menezes, foi o principal destaque, consolidando sua posição como ídolo da torcida.

Na hora de renovar o contrato, porém, o centroavante e o Corinthians pararam de falar a mesma língua. A pedida milionária de Guerrero (7 milhões de dólares de luvas) assustou a diretoria alvinegra. Criou-se um impasse, que já virou novela - o vínculo do jogador vai até o meio do ano que vem, e ele pode sair caso não chegue a um acordo.

A situação de Emerson, outro destaque do time de 2012, está com o filme queimado com a direção do clube. Passou parte da temporada emprestado ao Botafogo, depois treinou separado do grupo corintiano. Caso queira aproveitá-lo, Tite encontrará resistência.

Com Ralf, o Corinthians tem uma dívida de cerca de R$ 2 milhões, que pode afetar a permanência do volante no Parque São Jorge. Danilo, por sua vez, perdeu espaço na equipe titular em 2014. Fábio Santos e Cássio são os que continuam donos de suas posições.

Outra realidade

Nesta passagem pelo Corinthians, Tite receberá menos do que na época em que deixou o clube em 2013 - os salários ficam abaixo de R$ 500 mil mensais. Isso, assim como as dificuldades com Ralf e com Guerrero, são retratos de uma equipe que vive uma realidade muito diferente da de 2012.

Após o título Mundial, o Corinthians vivia seu auge em termos de crescimento de receitas. O discurso dos dirigentes falava em uma questão de anos para alcançar e ultrapassar o Real Madrid como equipe de maior receita do mundo.

Aquele situação se refletiu no planejamento do clube para 2013: foram mais de R$ 70 milhões em contratações como Alexandre Pato, Renato Augusto e Gil. Isso passará longe de acontecer na montagem do elenco para 2015.

Atravessando uma queda em receitas, o Corinthians tem a dívida gerada pela sua construção do Itaquerão para se preocupar em 2015. Problemas fiscais também afetam os cofres do clube, que, assim como a grande parte de seus rivais, precisa se ajustar à nova realidade do futebol brasileiro.

Por isso, as contratações alvinegras para o ano que vem são mais negócios de oportunidade do que reforços bombásticos, de nomes de peso. Até agora, chegam o volante Christian, que defendia o Fenerbahce (TUR), o lateral direito Edilson (ex-Botafogo) e o atacante Leandro Banana (ex-Chapecoense).