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Conselho abre inquérito para apurar denúncia de grampo no Flamengo

Bandeira de Mello (e) e Delair Dumbrosck (d) estão em lados opostos no Flamengo - Alexandre Vidal/Fla Imagem
Bandeira de Mello (e) e Delair Dumbrosck (d) estão em lados opostos no Flamengo Imagem: Alexandre Vidal/Fla Imagem

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/12/2014 06h10

O presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, Delair Dumbrosck, nomeou a comissão de inquérito para apurar possíveis irregularidades no contrato celebrado entre o clube e a empresa By Appointment, além de checar as denúncias de grampos em telefones corporativos e privados de funcionários e conselheiros.

O caso passou a ser tratado com características de espionagem nos bastidores depois das acusações da oposição. O mesmo foi apelidado de “Urubugate”. A comissão de inquérito é presidida por Gilberto Cardoso Filho e conta com o desembargador Siro Darlan, Tellius Memória, Izamilton Góes e Antônio Ricardo Binato.

O grupo analisa os documentos com os conteúdos das denúncias e têm 60 dias para entregar o parecer ao presidente do Conselho Deliberativo. Em caso de comprovação dos pontos questionados, Delair Dumbrosck convocará sessão especial para votar possíveis punições aos responsáveis.

“É importante destacar que a comissão de inquérito não está aí para penalizar ninguém. Eles vão verificar se o estatuto do Flamengo foi agredido. Vamos apurar a procedência das denúncias. Achamos que alguns pontos do contrato fogem ao processo normal do clube, mas isso quem vai dizer é o presidente da comissão. Se houver constatação das acusações, estabeleceremos punições através de votação”, explicou Dumbrosck.

Oposição vai à Polícia em janeiro

Enquanto a comissão de inquérito apura as denúncias, a oposição do Flamengo promete prestar queixa à polícia nos primeiros dias de janeiro. Os conselheiros Marcelo Vargas e Gonçalo Veronese lideram a corrente que protocolou o pedido de investigação no Conselho Deliberativo e planejam que o mesmo ocorra na delegacia escolhida.

Entenda o caso

A suspeita de espionagem tem origem em abril de 2013, quando o Rubro-negro assinou contrato por seis meses com a empresa By Appointment para a prestação de serviços de assessoria em gestão de qualidade e aluguel de equipamentos pelo valor de R$ 21.250,00 mensais, o que totalizou pouco mais de R$ 127 mil gastos de abril a outubro do ano em questão. No entanto, o trabalho da empresa virou alvo de questionamentos nos bastidores.

Funcionários do clube procuraram conselheiros e acusaram a administração de grampear celulares e fixos da sede. Alguns revelaram que deixaram de falar ao telefone com medo de represálias.

Contrato espionagem Flamengo 1 - Reprodução - Reprodução
Contrato celebrado entre Flamengo e a empresa By Appointment em abril de 2013
Imagem: Reprodução

Um dos sócios da By Appointment, Arthur Alexandre trabalhou na Gávea. Ele fez o serviço de segurança física e foi visto realizando escutas no estacionamento do clube, segundo relatos de funcionários aos conselheiros. Outro sócio da empresa, Alexandre Neto, delegado aposentado, foi investigado pela suspeita de ter grampeado, em 2001, o escritório do seu ex-sócio, Octávio Gomes, então presidente da OAB-RJ.

Neto prestou depoimento na CPI dos grampos em 2008 e um ano antes foi vítima de um atentado. Ele promoveu o dossiê contra o grupo do ex-chefe da polícia Álvaro Lins.

O Flamengo diz acreditar que a oposição não provará qualquer denúncia. O Rubro-negro nega os grampos telefônicos e admite apenas que a By Appointment foi contratada para realizar avaliações da rede, verificação de possíveis escutas em salas de reuniões e de hackers no sistema. O contrato foi encerrado há pouco mais de um ano.

Espionagem Flamengo 2  - Reprodução - Reprodução
O contrato facilita as interpretações do serviço disponibilizado ao Flamengo
Imagem: Reprodução