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Red Bull chega ao Paulistão: filosofia F1 e busca por torcedores frustrados

Equipe do Red Bull Brasil: time enfrenta os grandes do Estado pela primeira vez - Divulgação
Equipe do Red Bull Brasil: time enfrenta os grandes do Estado pela primeira vez Imagem: Divulgação

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

19/12/2014 06h00

Se uma escuderia novata saiu do zero para dominar a Fórmula 1 por algumas temporadas, por que um novo time de futebol não poderia incomodar os grandes do Brasil? É assim que o Red Bull Brasil chega para o seu ano de estreia na elite do Campeonato Paulista, em 2015, com a mesma premissa de ousadia que empurrou a gigante austríaca de energéticos em projetos em outros segmentos.

Fundado em 2007, o Red Bull Brasil estreia no Paulista em 1º de fevereiro, contra o Capivariano, outro time que veio da Série A-2 do Paulista. Assim, o time de Campinas celebra a conquista da primeira etapa de seu projeto esportivo no país, que almeja a elite em âmbito nacional e atrair torcedores com um novo conceito de espetáculo.

E nesse projeto, o êxito da marca na F1 representa uma inspiração assumida.

"Sempre é (uma inspiração), para qualquer um. É um projeto que saiu do zero, a aquisição de uma escuderia praticamente falida. Aí, com muito trabalho, aprendizagem, profissionalismo, conseguiu conquistar o mundo num mercado em que isso parecia impossível. Para o futebol, tem uma analogia interessante aí. Se a Red Bull Racing conseguiu bater Ferrari e outras escuderias tradicionais, eu acho que o futebol consegue também rivalizar com os principais clubes do futebol brasileiro. Basicamente, também investindo em jovens talentos que tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial", afirma Thiago Scuro, diretor esportivo do clube.

TIME NÃO VÊ DISPUTA DIRETA POR TORCIDA COM PONTE E GUARANI

Thiago Scuro é um jovem executivo do esporte, que já havia participado da ascensão do Audax à elite do Paulistão. Hoje trabalha com o desafio do time da ilustre marca de energéticos, que na última década bancou projetos de repercussão mundial, de equipe de F1 a um homem saltando da estratosfera. No futebol brasileiro, o grande desafio é atrair um novo tipo de torcedor, com a oferta de um espetáculo mais caprichado em relação aos padrões convencionais dos estádios do país.

"O maior desafio é esse, fazer com que as pessoas tenham um carinho pelo Red Bull e futuramente passem a de fato a torcer pelo clube. A gente acredita que a continuidade e a performance são as chaves para se atingir isso. (O time) tem tudo para apresentar um novo conceito de espetáculo. A gente pretende trabalhar algumas coisas que o público perceba que o esporte pode ser tratado como entretenimento. Que as pessoas não tenham esse medo de ir aos estádios", diz o executivo do Red Bull Brasil.

O clube novato firmou parceria com a Ponte Preta para usar o estádio Moisés Lucarelli como casa até 2017. No entanto, em caso de confronto entre os clubes, a centenária equipe de Campinas mantém o vestiário número 1 e não mexe no lugar de seus torcedores na arquibancada. Segundo Scuro, a presença cidade não indica necessariamente uma disputa por "clientela" com ponte-pretanos e bugrinos.

"O Red Bull não vem para tirar o torcedor de clube nenhum. Vem para poder reaproximar do futebol algumas pessoas que de repente já não têm um envolvimento tão profundo, que não acreditam mais num futebol como organização. Pelo crescimento, a região de Campinas tem um número significativo de pessoas que vieram de outros estados, de outras cidades. Torcem por clubes que estão distantes delas. O Red Bull pode ser o clube do dia a dia deste torcedor. Eu acho que Campinas ganha tendo mais um clube nesse nível. Não acho que a gente venha para canibalizar Ponte ou Guarani", argumenta.

"TE DÁ ASAS" NÃO COMBINA COM RETRANCA

Foto do time do Red Bull Brasil, que conseguiu o acesso para a Série A do Campeonato Paulista - Divulgação/Red Bull Brasil - Divulgação/Red Bull Brasil
Imagem: Divulgação/Red Bull Brasil

A meta do Red Bull Brasil na estreia na elite do Paulistão é a classificação para a Série D do Campeonato Brasileiro. Essa é uma disputa paralela entre 12 equipes, que exclui as equipes já credenciadas para a competição nas séries A, B e C. Serão duas vagas em jogo em São Paulo para a quarta divisão nacional.

Apesar da condição de estreante, o time novato promete se apresentar alinhado com a filosofia internacional da empresa. Ou seja, com ousadia e desejo de protagonismo.

"(Retranca) não combina, não combina com o que eu acredito de futebol, não combina com o que o técnico Maurício (Barbieri) acredita. Por essas razões a gente tende a apresentar um futebol que tende a tomar a iniciativa do jogo, que busca atacar, se organizar, ter o controle da partida. Não faz parte da nossa filosofia um futebol defensivo, para contra-ataque, contra qualquer adversário. E a base vem seguindo a mesma linha de raciocínio. Não é sistema de jogo, isso o técnico tem liberdade. É de comportamento que o atleta tem que ter", prega o executivo do clube.

O estreante Red Bull caiu em uma chave teoricamente complicada na edição 2015 do Paulista. O time de Campinas integra o grupo 1 e terá como concorrentes o São Paulo e o Ituano, atual campeão. São Bernardo e Mogi Mirim são os demais adversários pela classificação.

O primeiro desafio contra um grande do Estado acontecerá na 3ª rodada, diante do Santos, na Vila Belmiro. A tabela da primeira fase também prevê que o Red Bull receba o Palmeiras no Moisés Lucarelli.

No elenco que trabalha para o Campeonato Paulista, o nome mais conhecido é o do zagueiro Fabiano Eller, ex-Inter e Santos. O grupo também conta com o atacante Gabriel Barcos, uma espécie de "pirata genérico", em menção ao argentino do Grêmio.

A participação de estreia do time na elite paulista está nas mãos de Maurício Barbieri, jovem técnico de apenas 33 anos, com passagem pelo Audax do Rio. O treinador está no clube desde 2013 e foi o responsável pelo acesso do "Toro Loko".