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Dívidas e até fábrica clandestina de gelo: os pepinos herdados no Botafogo

Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro

20/12/2014 06h00

Eleito como novo presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira não sabia o tamanho do buraco em que o clube se encontrava. Ainda não sabe, mas já se especializou na tarefa de colher os ‘pepinos’ deixados pela gestão de Maurício Assumpção. As dívidas, claro, estão bastante presentes no dia a dia do empresário, que identificou até mesmo uma espécie de fábrica clandestina de gelo em uma das salas do Engenhão.

“Foi identificado nas instalações do estádio, em uma sala, um funcionário e uma máquina de fabricar gelo. Não tínhamos contrato ou pagamento. Uma pessoa operava esses equipamentos e pedimos para eles saírem de lá o quanto antes. Deve ter sido dada autorização para eles por quem comandava tudo. Como não houve uma transição, não entendemos isso direito. Pedimos apenas para que eles saíssem de lá. Estamos atrás de muitas coisas”, disse Carlos Eduardo ao UOL Esporte.

Em pouco mais de vinte dias, Carlos Eduardo já conseguiu deixar o Botafogo com uma expectativa melhor do que quando assumiu, no dia 26 de novembro. E isso só foi possível porque o novo presidente resolveu dois dos problemas herdados do antigo. A mais urgente foi uma dívida com a Timemania. O Alvinegro teve que levantar R$ 1,2 milhão para se manter no programa de refinanciamento de dívidas fiscais.

Mas foi a volta ao Ato Trabalhista que representou a maior conquista da nova diretoria. Isso porque durante a gestão de Maurício Assumpção, o Botafogo parou de pagar as dívidas e foi excluído do sistema, que cria uma fila de credores. Fora dele, a conta do Alvinegro fica bloqueada por penhoras o que inviabiliza o fluxo financeiro. Carlos Eduardo fez uma nova proposta, assinada pelo TRT nesta sexta-feira.

“Vivemos um momento importante de resolver as pendências do clube. Sem elas resolvidas não caminharemos e voltar ao ato foi importante. O Botafogo não tinha nada. O clube estava numa camisa de força. Tudo bloqueado. Não paga, não recebe e não busca novas receitas. Qualquer iniciativa que buscava atraia os credores que iriam penhorar. A situação era complicada. Ainda é, mas demos um pequeno passo para caminhar rumo ao alívio definitivo”, afirmou.

“Tem muita coisa para fazer ainda. Temos uma dívida muito grande com terceiros e realmente o processo de renegociação será lento e complicado. Precisamos recuperar credibilidade no mercado e essa decisão [volta ao Ato] será importante para isso. Com isso podemos alavancar novos acordos. Novas parceiras. Temos poucas receitas para rodar o clube. Não sobra para pagar terceiros nesse momento. Precisamos contar com a partes interessadas para pagar a partir de 2016”, finalizou.