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Na volta à Bolívia, Corinthians usou simpatia e isotônicos para selar a paz

Corinthians celebra título conquistado pela equipe sub-16 na Bolívia - Arquivo Pessoal/Giulio Ferriello
Corinthians celebra título conquistado pela equipe sub-16 na Bolívia Imagem: Arquivo Pessoal/Giulio Ferriello

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

21/12/2014 06h00

Principal jogador da campanha, o garoto Léo Jabá, 16 anos, admite. Os meninos do Corinthians chegaram receosos à Bolívia. Mas, campeões da Copa de Altura sub-16, em La Paz, voltaram para casa realizados na última semana. Até porque ganharam do rival Palmeiras, o outro brasileiro na disputa. 

Bem depois da morte do jovem Kevin Espada, em fevereiro de 2013, graças a um sinalizador lançado por seus torcedores, o Corinthians retornou ao país andino. A tragédia ocorrida em Oruro jamais será esquecida, mas a recepção aos garotos foi para deixar o episódio para trás. E eles próprios se esforçaram para isso. 

"Nós tínhamos um pé atrás por tudo que aconteceu, chegamos com um pouco de medo", admite o garoto Léo Jabá. "A gente brincava, entre nós, que iria morrer por lá (risos). Mas foi tudo diferente. Tiramos fotos, o governador (da província de La Paz) ficou com a gente e foi tudo muito profissional. Nossa expectativa era mudar essa história", explica. 

Para conquistar os torcedores locais, o coordenador Agnello Gonçalves admite que a orientação a toda delegação corintiana foi de não economizar no bom trato com os bolivianos. "Em função do incidente, tentamos tratar todos da melhor maneira possível. Recebemos as pessoas no hotel. Queríamos levar uma imagem positiva do clube para fora", conta. 

Já o garoto Léo Jabá explica como os garotos trouxeram a torcida para o lado corintiano. Na final contra o Quebracho-BOL, o público foi de 15 mil torcedores no Estádio Hernando Siles. "Nós ganhamos eles jogando Gatorade (marca de isotônico). Tínhamos uns 40 corintianos por lá e muitos bolivianos nos adotaram", conta o autor de oito gols em seis jogos. 

O torneio em La Paz foi organizado pelo próprio governo local, que idealizou Corinthians e Palmeiras como representantes brasileiros e assumiu as despesas da organização. De acordo com o diretor da base, Fernando Alba, a ideia de viajar à Bolívia não teve relação com a morte de Kevin Espada. Mas, de toda maneira, foi bem vinda. 

"Não associamos a isso, mas foi algo que nos trouxe visibilidade por lá e deixou uma imagem boa", conta Alba.