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Sabe onde encontrar a 1ª camisa que Pelé usou em Copas? Bem longe do Brasil

Caio Carrieri

Do UOL, em Manchester (Inglaterra)

25/12/2014 06h00

Imagine poder ver de perto a mítica camisa da "mano de Diós" de Maradona, o uniforme que Pelé iniciou sua gloriosa trajetória em Copas e ainda relembrar golaços de Zico com narração do grande Luciano do Valle. Tudo isso fora do Brasil, numa cidade que respira futebol e tem um dos maiores clubes do mundo. Se Manchester já era um excelente destino para os amantes da bola assistirem aos grandes astros dos gramados, passou a ser ponto para reverenciar lendas do esporte com raros artigos expostos no grandioso Museu Nacional do Futebol da Inglaterra.

Inaugurado em 2001, em Preston, no noroeste do país, o acervo foi transferido para Manchester em 2012. Desde então, exibe mais de 140 mil peças no prédio Urbis, imponente construção toda envidraçada que se tornou um dos cartões postais do centro da cidade.

“O museu é feito para todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, sexualidade, religião ou qualquer outro fator. Não é apenas para aqueles que estão interessados ou apaixonados pelo esporte”, diz um texto de apresentação.

Elaborada boa parte pelo ex-jornalista inglês Harry Langton, a coleção foi comprada pela Fifa e repassada para exposição, que contabiliza mais de 1 milhão de visitantes, sendo cerca de 20% de estrangeiros. A entrada é gratuita.

O MNF é composto por seis andares, que incluem o Hall da Fama do futebol inglês, uma exibição que leva o torcedor em uma viagem pela história do esporte bretão, mostras interativas, além de salas para eventos com direito a excelente vista de Manchester. Dentre os objetos históricos, chama a atenção a minuta do livro da reunião da Football Association de 1863. Neste encontro aconteceu a criação das regras que servem de base para o futebol há mais de 150 anos.

O Brasil ganha destaque no primeiro piso. Maior jogador de todos os tempos, Pelé é o brasileiro mais reverenciado no local, entre fotos e vídeos. O principal artigo do Rei do Futebol no museu, no entanto, é a camisa que vestiu na estreia em Copas do Mundo, a do terceiro jogo da seleção em 1958, contra a União Soviética – vitória por 2 a 0 com gols de Vavá. Na Suécia, o menino franzino de 17 anos se consagrou ao balançar a rede duas vezes na final vencida por 5 a 2 sobre os anfitriões. Foi o ponto de partida para a uma carreira fabulosa.

O uniforme de outro campeão também tem espaço especial: a amarelinha que Rivellino vestiu no Tri em 1970 está exposta ao lado do fardamento com que seu fã, Diego Armando Maradona, marcou o eterno gol com a “mão de Deus” e enfileirou ingleses nas quartas de final (2 a 1) da Copa de 1986, no México, onde a Argentina se sagrou campeã. A peça de Dieguito foi doada pelo ex-meio-campista inglês Steve Hodge, que trocou de camisa com o algoz após a partida.

Ter conquistado um Mundial não é pré-requisito para ter o talento devidamente reconhecido. Dessa maneira, Zico, que acumulou no currículo três Copas (1978, 1982 e 1986), também tem seu devido lugar na compilação de vídeos dos “Grandes”. Alguns dos seus belos gols pelo Flamengo e pela seleção brasileira são exibidos na voz de Luciano do Valle, locutor esportivo com passagens por Bandeirantes, Globo e Record e que morreu em abril, aos 66 anos, em virtude de um infarto.

Além da voz do Bolacha, o hino verde e amarelo também ecoa na seção em que se explica a influência de Charles Miller no futebol brasileiro. Nascido em São Paulo, filho de pai escocês e mãe brasileira, ele estudou na Inglaterra no fim do século XIX e introduziu o esporte na sua terra natal ao retornar do exterior.

Assim como as mostras do museu, a lojinha também oferece diversos tipos de produtos, desde os mais baratos até os mais caros, como réplicas de camisas autografadas por craques do passado. Uma peça do Manchester United com a assinatura do lendário Eric Cantona custa 249 libras (R$ 1036), e um fardamento do Brasil com a marca de Sócrates sai por 299 libras (R$ 1244).

Se este preço é de assustar, a existência de uma estátua de Michael Jackson dentro do MNF também desperta surpresa em alguns espectadores. Explica-se: até 2013, a escultura ficava no estádio do Fulham, o Craven Cottage. Era uma homenagem do então presidente do clube londrino, Mr Al Fayed, para relembrar a presença do Rei do Pop em um jogo do time, em 1999. O novo proprietário da equipe, Shahid Kahn, solicitou a retirada da imagem, e Al Fayed aceitou doá-la para o museu.