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Assediado pela CBF, coordenador revoluciona a base do Atlético-MG

Geração de Carlos, Dodô e Eduardo se destaca hoje nos profissionais - Bruno Cantini/Atlético-MG
Geração de Carlos, Dodô e Eduardo se destaca hoje nos profissionais Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

18/01/2015 06h00

Ele queria mesmo era ser treinador de futebol, sonho que ainda não foi realizado. Mas, há onze anos, desempenha um papel tão fundamental quanto o de Levir Culpi. André Figueiredo é coordenador de base do Atlético-MG e um dos responsáveis diretos por revolucionar a prata da casa do clube. Em entrevista ao UOL Esporte, ele contou como ajudou a transformar o time que antes revelava pouco e mal ao celeiro de futuros craques do futebol brasileiro.

Ex-zagueiro do Atlético-MG, André atuou no clube de 1989 a 1995. Em 2002, se aposentou dos gramados, mas colocou em prática o plano para seguir no futebol, agora na beira do campo. No meio do caminho, encontrou com Ricardo Drubscky, hoje treinador do Vitória, que lhe reabriu as portas do time mineiro. “Eu buscava cursos para capacitação de treinamento esportivo e encontrei com o Ricardo Drubsky. Ele assumiu a base do Atlético-MG como gerente geral e me convidou para participar do departamento para captação de jogadores. Queria mesmo ser treinador, mas ele acabou me convencendo. Assumi o cargo e em 2004 ele saiu, aí e fui convidado para ocupar o seu lugar”, disse.

Ainda sem poder contar com a moderníssima estrutura da Cidade do Galo em 2003, André encontrou um cenário bem diferente do atual dentro do clube. Para tornar possível a reformulação na prata da casa, era preciso cortar o mal pela raiz.

“Os meninos de fora moravam no bairro Planalto (região norte de Belo Horizonte), tinham seus materiais na Vila Olímpica (antigo centro de treinamento) e treinavam em Pedro Leopoldo (região metropolitana). Fazíamos nosso trabalho em três lugares diferentes. Já em 2005, os jogadores moravam no CT, a administração era lá, rouparia e treinamentos todos no mesmo lugar”, acrescentou ele, citando ainda outros problemas a serem resolvidos. “Algumas coisas ainda eram deficientes, como a aparelhagem e alimentação dos atletas. A diretoria passou a olhar a base como um investimento e não como custo. A partir daí, trouxemos sempre novas ideias”.

Não por coincidência, as contas batem exatamente com os mais recentes destaques do Atlético que chegaram da base. Bernard, Carlos, Dodô, Jemerson e Eduardo são apenas os recentes resultados do trabalho coordenado por André nas categorias de base.

“Quem chegou naquele época ao clube, tinha 12 anos. O Dodô é um exemplo, chegou com 11 anos e hoje tem 20. Hoje temos uma estrutura invejável. O Atlético não tem volta, é disso pra cima. Certamente vamos fazer um novo jogador todo ano”, completou André, sem deixar de relacionar o trabalho da coordenação com a participação do técnico Levir Culpi. “Esse momento de transição é muito importante. A gente capta o jogador, lapida e o coloca para competir. Tem uma hora certa de fazer isso. O Levir fala muito sobre isso. O mérito é do processo de formação, mas também do Levir, que coloca o jogador e faz com que ele possa render o que pode” , comentou.

Desde que chegou ao Atlético-MG, as categorias de base do clube levantaram nada menos que 44 taças. O reconhecimento fora do clube foi concretizado com o convite para desempenhar suas funções na seleção brasileira, o que atraiu, mas não foi o suficiente para tirá-lo do clube mineiro.

“Foi muito legal esse reconhecimento. Estou há 11 anos no Atlético e sempre tive esse reconhecimento com um trabalho que não é simples. No final do ano, recebi um convite para assumir a coordenação de base da CBF, uma proposta boa, mas percebi que ainda não era o melhor momento para sair do Atlético. Um trabalho de base é a longo prazo e meu ciclo no Atlético ainda não fechou. Estamos colhendo os frutos agora e entendo que é importante ficar. Como eu disse, o clube não tem volta e eu quero continuar participando desse crescimento”, concluiu André.

Atualmente, o coordenador está em São Paulo, acompanhando a equipe do Atlético que disputa a Taça SP de Futebol Júnior. Neste domingo, às 19h, o Galinho enfrenta o Flamengo pelas oitavas de final do torneio.