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Torcida ao Equador e churrasco ajudaram zagueiro cantor a fechar com Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Gramado (RS)

21/01/2015 06h01

Frickson Erazo chamaria atenção simplesmente por seu porte físico. Mede mais de 1,90, é forte, impossível de não ser visto. Mas a história que o acompanha é tão impossível de ser ignorada quanto um passo qualquer do robusto defensor. Cantor em um programa de televisão equatoriano. Inteligente e interessado, aprendeu português em apenas seis meses. E fala muito bem. Quando afastado pelo Flamengo, tratou de conhecer o Rio de Janeiro e era figura frequente em pontos turísticos. E agora, chegando ao Grêmio, lembra-se da recepção a seleção equatoriana na Copa do Mundo e não esquece o churrasco. Fatores que pesaram na escolha para atuar em Porto Alegre.

A seleção equatoriana foi a única a optar por permanecer no Rio Grande do Sul no período de treinamentos e jogos da Copa do Mundo. A cidade escolhida para receber o time de Erazo foi Viamão. Logo na chegada, os jogadores perceberam que a comunidade havia abraçado a equipe. Foram 5 mil pessoas que recepcionaram os jogadores na Praça da Matriz, no centro de Viamão. Lá, os atletas desceram do ônibus, receberam a chave simbólica do município e muito carinho dos presentes. 
 
"A recepção que tivemos aqui foi muito boa. Saímos do ônibus e tinha uma galera torcendo por nós. Foi algo muito bonito. Nos treinos sempre nos ajudando, colaborando para que ficássemos cômodos. Tenho ótimas lembranças do que houve naquela Copa do Mundo aqui", disse quando apresentado. 
 
Mas não foi apenas a recepção dos viamonenses que motivou Erazo. O churrasco, mesmo meses após a Copa, ainda traz boas lembranças a ele. "É impossível não falar do churrasco. É uma comida maravilhosa que me lembro muito bem", brincou. 
 
Mas a trajetória fora de campo de Erazo é mais rica ainda analisando-se o passado. Em 2012, quando ainda defendia o Barcelona de Guayaquil, o zagueiro foi convidado do programa 'Mira Quién Canta' da rede de televisão Ecuavisa. Lá, empunhando instrumentos, cantou uma rumba em rede nacional. Se tornou 'cantor' entre os jogadores. 
 
Já no Flamengo, chamou atenção pela facilidade que aprendeu português. Em menos de seis meses já soltava até expressões em 'carioquês'. E ao mesmo tempo curtiu a cidade da melhor forma. Foi a pontos turísticos, esteve em praias, conheceu restaurantes. Como? Havia sido afastado do elenco principal pelo então técnico da equipe, Ney Franco. Acabou o ano com apenas sete jogos disputados, sendo só dois deles no Brasileirão. 
 
Dentro de campo, a trajetória precisa ser outra. Segundo Erazo, 'fatores externos' prejudicaram o primeiro ano no Brasil. Agora, ele busca enriquecer a história também atuando, para ser lembrado por situações que vão além da música, dos livros ou da gastronomia. 
 
"Para jogar futebol, é necessário estar com a cabeça boa. Me sinto honrado por estar aqui e sei que o Grêmio me dará muita oportunidade de mostrar meu futebol", disse ele, que ostenta o apelido de 'El Elegante'. 
 
O contrato com o time gaúcho tem duração de um ano. Após o fim do vínculo, o jogador fica livre e há previsão de compra de direitos. Erazo pagou do próprio bolso uma parte dos 300 mil dólares exigidos pelo Barcelona de Guayaquil (dono de seus direitos econômicos) para atuar pelo Grêmio. Mais uma prova de que pretende realmente apagar o passado recente em gramados brasileiros.