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PVC lembra noite com Galvão e diz o que acha de Caio: "Não gosto muito"

Vinicius Mesquita

Do UOL, em São Paulo

23/01/2015 06h00

Paulo Vinicius Coelho, o PVC, ainda fica assustado com a fama. Educado nas redações esportivas da revista Placar e do diário Lance! dos anos 1990, ele não digere muito bem essa história de jornalista ser objeto de reportagens e colunas, tão comum nos dias de hoje. “O jornalista não é para ser artista. O jornalista é para dar a informação e para analisar a informação”, diz PVC.

O que PVC não sabe é que ele próprio não tem como escapar de sua sina. Seu talento, a memória prodigiosa, o conhecimento milimétrico sobre táticas e a facilidade para encontrar paralelos curiosos entre o passado e o presente do futebol o credenciam ao posto de estrela do jornalismo esportivo. “Mas eu não sou Galvão Bueno. Eu vivo dizendo isso. Eu não sou artista de novela das oito. Então as pessoas me abordam, comentam...”, insiste PVC.
 
Nesta entrevista exclusiva, o novo blogueiro do UOL Esporte fala sobre sua timidez, a relação complexa com a fama e até, quem diria, sobre suas outras paixões, como o tal do rock 'n' roll: 
 
UOL Esporte: O PVC repórter é um pouco ofuscado por esse PVC comentarista de televisão e o PVC blogueiro?
PVC: Tem uma diferença de opinião e análise. Opinião todo mundo tem. Estamos em uma era em que todo mundo opina, cria. Eu posso achar qualquer coisa sobre qualquer coisa. Mas isso não quer dizer que tenha profundidade e tenha valor. Uma opinião tem valor? Claro que tem. Mas uma análise que tem apuração, que tem um cara que conversou com um, conversou com outro, checou os dois lados, construiu uma história, conseguiu analisar, citando quais foram as fontes, isso tem mais valor. O que eu tento fazer é esse tipo de análise. Eu não sei se ofusca. O que eu acho que ofusca é essa espetacularização da notícia. É quando você percebe que o jornalista virou quase um artista. O jornalista não é para ser artista. O jornalista é para dar a informação e para analisar a informação. Nesse cenário, não é que o repórter fica ofuscado. Fica ofuscado o jornalista em toda a sua plenitude. Ou seja, o jornalista que apura, que checa, que recheca, que interpreta, que analisa, que junta 20 anos de história, de experiência. Isso tá fora. O cara olha na TV a imagem do cara que tá aparecendo na televisão. E não tem como mudar isso. Tem como você ter a percepção de qual é o seu papel diante de disso. E o seu papel não é ser uma celebridade, é ser um jornalista.
 
UOL Esporte: De qualquer maneira, ainda te assusta o fato de você virar notícia? Isso te incomoda? Emendando, você é tímido?
PVC: Eu sou tímido. A vida inteira eu falo isso. Eu tinha 14 anos e comecei a esboçar para falar para algumas pessoas que eu pensava em ser jornalista e eu ouvia: "não pode porque você é muito tímido". Até hoje eu sou. Outro dia eu contei para o Flávio Gomes e ele adorou. Quando eu fiz a minha primeira matéria, eu passei pela rua Jurubatuba (em São Bernardo do Campo), e tinha um anúncio: "jornal O Diálogo". Eu bati na porta, subi a escada, tinha lá uma redação e eu pedi um frila (...) Então eu tinha de aprender a driblar essa timidez. O que me assusta não é você entender que você virou notícia. Para resumir: eu sou jornalista. Se você decidiu fazer uma nota no UOL ou em outro lugar julgando que o que está acontecendo comigo é notícia, eu como jornalista tenho de entender que na opinião de outro jornalista isso tem um valor de notícia. Nesse momento eu virei notícia. Outra coisa é eu ter a percepção que o meu papel não é ser notícia. O meu papel é ser jornalista. Então, não é para ser notícia. Se for, foi circunstancialmente.
 
UOL Esporte: Alguém te incomoda na rua? Alguém já te assediou de alguma maneira?
PVC: Não. Eu não sou Galvão Bueno. Eu vivo dizendo isso. Eu não sou artista de novela das oito. Então as pessoas me abordam, comentam... Tem todo o tipo de análise, de abordagem. Tem um cara que fala assim: "Que legal, PVC, você foi pra Fox". "PVC, que legal, você escreveu sobre a geração de meninos da Vila na coluna da Folha de segunda-feira". "Pô, você não é o Paulo César Vinícius do Sportv?" Não, não, não, sou o Paulo Vinícius Coelho da Fox, da Folha e do UOL. Isso você aprende a entender. Nem todo mundo está ligado o tempo todo na notícia como a gente aprendeu a ser. A gente é jornalista. O cara não é. O cara viu na televisão e reconheceu. Outro dia eu estava lá no aeroporto e o cara encostou em mim. "Pô, você é a cara do PVC...PVC!!!" (risos).
 
UOL Esporte: Você está num restaurante jantando e de repente alguém te xinga, te ofende. Isso já aconteceu? Você já foi ofendido?
PVC: Eu só lembro de uma vez. em uma ofensa. Foi uma vez no Parque Antártica, que tinha um jogo Palmeiras x Guarani em 2006. E eu desci para comprar um refrigerante no Parque Antártica antigo. Eu tinha escrito alguma coisa sobre a Copa Rio. E eu dizia que a Copa Rio não tinha fora do Brasil o caráter de Campeonato Mundial, para ser reconhecido como Campeonato Mundial. Eu estava na fila e o cara gritou assim: "É campeão do mundo, seu trouxa". Aí, sou meio babaca, e fui conversar com cara. Eu não estava nervoso. O cara não entendeu e eu saí meio chateado. Eu fiquei chateado a ponto de lembrar isso oito anos depois, nove anos depois. Agora, não tem esse tipo de abordagem o tempo inteiro. As pessoas em geral, acho que reconhecem em mim um cara que gosta de futebol. Então, reconhecem que eu sou um cara que trabalha para tentar fazer a coisa certa, mesmo que eu erre algumas vezes. Provavelmente muitas vezes. De um modo geral, eu percebo um carinho.
 
UOL Esporte: De onde veio o apelido PVC?
PVC: O Chico Silva era um repórter da primeira geração do Lance! E ele juntou (as iniciais de) Paulo Vinícius Coelho, PVC. Um dia, eu não tinha percebido ainda que tinha se espalhado desse jeito. Tocou o telefone na fotografia, o Chico Silva estava editando foto com alguém e ele atendeu o telefone. Era o Juca Kfouri. E o Chico gritou na redação: "PVC, telefone para você". E eu fui na fotografia, peguei o telefone e o Juca falou assim: "PVC, como é que eu nunca pensei nisso antes". Porque eu tinha trabalhado com o Juca sete anos. O Juca era editor de Playboy e acumulava a direção de Placar. O Juca, na verdade, era chefe do meu chefe, que era o Sérgio Martins. E na hora que caiu a ficha, eu fiquei louco. E depois eu comecei a gostar, porque ficou mais forte do que eu. Eu gosto muito hoje...
 
UOL Esporte: E por que você não gostou de cara?
PVC: O Chico teve uma sacada. Quando ele juntou, ficou mais forte do que eu. Aí eu comecei a perceber que aquilo era muito bom. Aí começou: PVC, PVC, PVC, PVC, PVC. Tem uma frase em português, muito boa: "Como você se chama?": PVC.
 
UOL Esporte: Vamos falar sobre a Prancheta do PVC. Algum treinador já reclamou sobre suas análises táticas? Acho que teve uma história do Cuca uma vez...
PVC: Ele não reclamou. É ao contrário. Eu tenho um orgulho desgraçado dessa história. Teve uma final de Taça Guanabara em 2008, semifinal. Botafogo e Fluminense. O Botafogo ganhou de 1 a 0 com um gol do Wellington Paulista. E na véspera, escrevendo para o Lance!, eu fiz uma matéria mostrando como ia jogar o Fluminense e o Botafogo. O Botafogo, muita gente falava que jogava no 4-4-2. E o Cuca fazia o que ele chamava de 3-4-3. Ele fazia o Juninho de líbero, fazia um losango no meio-campo e colocava três caras na frente. Zé Roberto na esquerda, Jorge Henrique na direita e Wellington Paulista na frente. E o time rodava muito. E eu montei como ele ia marcar o Fluminense. E na segunda-feira, falei com o Cuca e ele tinha dado uma bronca no pessoal. "Alguém falou com o PVC...Ele desenhou exatamente como a gente ia jogar!" É muito bom isso. Aí falam que eu sou especialista em estatística. Eu não sei nem somar dois mais dois. Eu falo sobre história. O time não cai no Campeonato Brasileiro se fizer 47 pontos. Porque já caiu com 46. O mínimo para escapar foi 40. Isso não é estatística, é história.
 
 
UOL Esporte: Como está na Fox? Foi difícil mudar de casa?
PVC: Eu fui muito bem recebido, antes de tudo. Pelas pessoas que eu já conhecia, Flávio Gomes, Rodrigo Bueno, Edu Elias, Gustavo Villani, gente que trabalhou na ESPN antes, com gente que eu não conhecia. Renato Maurício Prado que eu conheço, mas que eu não trabalhei junto, foi muito gentil comigo. Paulo Júlio Clement, Renata Cordeiro, Daniela Boaventura, com o perdão de deixar de falar alguns nomes. Fui muito bem recebido. Vem que a casa é sua. Mauro Betting, Fábio Sormani. Isso é uma coisa que é engraçada. O time da Fox é muito bom. O time é muito forte. É um time novo, heterogêneo. O que a Fox tem de diferente dos outros canais de esporte é diversidade. Ela tem um elenco mais diverso, o que pode ser uma arma ótima para atender diferentes públicos por muito tempo. E fazendo muita coisa legal. Eu não briguei com ninguém. O Palomino é meu irmão. Adoro o Palomino. Tem coisas acontecendo e no momento que tem coisas acontecendo, eu recebi uma proposta sensacional. Eu atendo um público muito grande fazendo Real Madrid, Barcelona Chelsea, Manchester United. Eu vou atender outro tipo de público fazendo Corinthians na Libertadores, São Paulo, Internacional, Cruzeiro, Atlético. Ano que vem pode ser Flamengo, Fluminense, Vasco, Palmeiras, Grêmio, Santos. Vou manter o que eu tenho e tentar pegar outro tipo de público. Público que assiste futebol quarta-feira, nove e meia da noite e vai ficar até duas da manhã. Estou indo para um lugar que está crescendo e pode crescer muito mais.
 
UOL Esporte: Você consegue dizer o que te atrai mais no futebol?
PVC: Eu gosto de futebol. A percepção que eu tenho é mais fácil ter informações do Atlético de Madrid do que do Goiás. Esse desafio de fazer a Libertadores é muito legal. Tem de falar sobre o Once Caldas. Como é que faz? Como a gente fazia em 1991, quando você estava na redação do Jornal da Tarde e eu na redação da Placar. Tentar conversar com gente. Fazer como a gente fez. Esse desafio é legal. Tentar fazer o mesmo material com o mesmo volume de informação em um lugar em que a informação não está tão disponível.
 
UOL Esporte: Tem algum assunto que te atraia tanto, além do futebol?
PVC: Música, mas não é assim do mesmo jeito. Eu gosto de falar de coisas que a gente viveu. A gente viveu Diretas-Já, a gente viveu caras-pintadas em 1992, a gente viveu a geração do rock nos anos 80. A gente leu sobre Bossa-Nova. A gente é jornalista. Jornalista, por mais que eu acredite em especialidade, não pode ser monotemático. Não pode não saber sobre o que acontece ao redor dele. Se eu tiver fazer um retrato do governo Dilma, eu vou falar com as pessoas certas e conseguir fazer esse retrato. Com o que eu tenho de cultura do assunto e com que eu vou acumular de conhecimento com as entrevistas que eu vou fazer. Eu tenho gosto de pegar um livro sobre futebol.
 
UOL Esporte: E essas brigas dentro de emissora? Você já brigou com alguém, algum momento em que perdeu a cabeça?
PVC: A percepção que eu tive durante muito tempo, que no Linha de Passe, o único cara que discutia com o Trajano era eu. "Não Trajano, você está errado". O Trajano é muito bom, é sensacional. Às vezes a gente discorda. E é na discordância, de família portuguesa, de família espanhola, de família italiana, essa coisa latina... Não tem na família, naquele almoço de domingo, o cara discutindo política se acalora e começa a discutir feio? E depois, se você tiver sabedoria, está tudo bem. E o Trajano é assim. Acabou, acabou. Mas é legal isso de você ter condição de argumentar. O Trajano é muito bom de argumento. Tem uns vídeos na internet comigo discutindo com ele em 2005, se o Inter ia ser campeão brasileiro ou se não ia.
 
UOL Esporte: Como é seu relacionamento com outros jornalistas esportivos da TV? Uma vez você me contou uma história do Galvão Bueno...
PVC: Eu tive uma experiência com o Galvão muito feliz. Eu tenho admiração pelo narrador, desde que ele narrava o Campeonato Paulista de basquete em 1980. Em 2011, teve um episódio na Copa América da Argentina, que a gente fez um Brasil e Equador e o voo ia de Córdoba para Buenos Aires. E eu tinha de ir para o aeroporto às 6h. E eu cheguei ao hotel, de volta do jogo, deveria ser 1h30. O bar do hotel estava aberto, falei: "vou tomar uma cerveja", ficar um pouquinho aqui. E o Galvão chegou. Estava o Mauro Naves, o Ivan Moré e o Galvão Bueno. E a gente ficou ali. O bar fechou, o Galvão subiu no quarto, pegou uma garrafa de vinho, desceu, abriu a garrafa de vinho e a gente ficou ali até as 6h da manhã. E ele foi gente boa demais.
 
UOL Esporte: Você se decepcionou com algum treinador, foi destratado por alguém?
PVC: Teve o Carlos Billardo uma vez. Mas acho que eu invadi um espaço que não era meu. Eu fui fazer uma matéria de um Boca e River em 1996, na Casa Amarilla, entrei em um portão e chamei o Billardo. E ele me deu uma bronca e mandou sair dali. Uma bronca grande. Uma vez o Marcelo Bielsa, num jogo São Paulo e Vélez, em 98, Copa Mercosul... O São Paulo meteu 5 a 1 no Vélez e o Bielsa era técnico do Vélez. E eu perguntei para o Bielsa se era muito diferente ele ter enfrentado o São Paulo, que era tão forte, do Telê, e perder de 1 a 0, e um São Paulo que estava em crise naquele ano de 1998 e que era um São Paulo muito mais fraco, e que o time dele tomou de 5 a 1. Ele se ofendeu com a pergunta e levantou a voz. E eu levantei para ele, no mesmo tom. Ficou um bate-boca ali no vestiário. Foi o único contato que eu tive com o Bielsa e não foi legal.
 
UOL Esporte: Tem uma também com o Vanderlei (Luxemburgo). O Vanderlei é bom porque depois ele fica na boa. Como foi?
PVC: Foi Palmeiras e Ituano em 94, acho que foi o último jogo antes do título, que era turno e returno em pontos corridos. O Palmeiras ganhou do Ituano de 1 a 0, gol do Rincón. E se ganhasse do Santo André era campeão. E teve uma festa, uma pequena invasão de campo. E eu perguntei como é que ele se sentia com a mão na taça, uma coisa assim. E ele falou que não tinha nada de mão na taça. Já tivemos alguns arranca-rabos, mas nos damos bem. Ele me atende... Tem sempre o lado do jornalista e da fonte. Cada fato é um fato. Você não precisa acumular a vida do cara inteira para trazer um fato que aconteceu.
 
UOL Esporte: A vida pessoal do atleta...
PVC: A parte que me pega mais é a parte de salário. Salário é uma coisa muito mais linha tênue. Como é que você diz como um clube está sendo administrado? Você fala: está pagando R$ 500 mil para fulano. Quando você fala que está pagando R$ 500 mil para fulano, você está entregando quanto fulano ganha. E isso pode ter um problema de segurança para a família de fulano. E quando fulano reclama, tem uma dose de razão de reclamar. Mas aí você tem uma informação relevante. E o que você faz com uma informação relevante? Você renuncia a ela? O Valdívia me cobrou. Eu publiquei que ele ganhava em torno de R$ 700 mil e ele ganha menos do que isso. E ele ficou bravo comigo por causa disso. Se a informação está errada, corrige-se. É isso que tem de fazer.
 
UOL Esporte: Ele tinha razão?
PVC: Ele tinha razão. Tinha razão, não da forma que ele tratou. Mas tinha razão porque de fato, o salário que eu disse que ele ganhava, ele não ganha. Aí eu fiz uma correção. Está tudo bem. Gente inteligente se acerta. Gente inteligente e honesta olha no olho e resolve. Se você olha no olho e resolve, resolveu.
 
UOL Esporte: Já pensou em fazer outra coisa da vida?
PVC: Não. Eu queria fazer jornalismo para trabalhar com futebol. E deu certo. Eu trabalhei em uma empresa de cobrança. Trabalhei uns três meses lavando carro. Odiava também. Tinha 17 para 18 anos. Trabalhei como vendedor de alarme em um período pequeno, não vendi nenhum alarme e desisti. Com 18 anos para 19 e arrumei o meu primeiro trabalho como repórter. O primeiro jogo que eu assisti foi Portuguesa x Juventus, levado pelo meu avô. A Portuguesa ganhou por 2 a 1. Eu sou um pouco do que eu era quando tinha 10 anos de idade. Eu não me permito desapaixonar. As vezes você se desapaixona. Domingo de manhã, você está na piscina do prédio e vai falar assim: "tenho de trabalhar". Putz, que preguiça. Preguiça coisa nenhuma. É isso que você queria fazer.
 
UOL Esporte: Quem te inspira na televisão?
PVC: Eu gosto de mim mesmo (risos). Tem um monte. O Calçade é um comentarista brilhante. O Noriega é um comentarista brilhante (...) Mauro Betting, Rodrigo Bueno, Casagrande. O Falcão foi muito bom comentarista. O Mário Sérgio era um comentarista que me inspirava. Ele vê muito bem o jogo. Futebol tem de ver como um filme. Já viu sua mãe vendo novela? Aí você fala uma palavra na sala e acontece o que? E quando tem futebol? Aí a bola bate na trave e ela olha. Sabe quando ela vai entender porque a bola bateu na trave? Nunca. Estou sendo preconceituoso, brincando com a minha mãe.
 
UOL Esporte: Tem algum (comentarista) que você não goste? O Caio Ribeiro, por exemplo?
PVC: Eu não gosto muito. Tem gente que imita brincando que vai ser um grande jogo, são duas grandes equipes. Não é meu preferido.
 
UOL Esporte: Roger?
PVC: Do Roger Eu gosto mais.
 
UOL Esporte: E seus filhos, família, mulher, como convivem com essa sua vida de jornalista esportivo?
PVC: Minha mulher diz que gostava de futebol antes de casar comigo (risos).
 
UOL Esporte: Você fala muito de futebol em casa?
PVC: Falo o tempo inteiro de futebol. A relação com o meu filho é muito legal por causa disso, por ele perguntar coisas de futebol, de querer saber. Na época da eleição, também perguntava coisas de política. Ele tem 15 anos, então está curioso de coisas. Perguntava de política. Teve um trabalho na escola dele. Ele falou que um grupo da escola dele disse que depois que o Tancredo perdeu a eleição teve a campanha das Diretas-Já. Eu falei, João Pedro, fala para os caras lá que foi ao contrário. Ele disse: "eu sei pai". Ele sabia, então está bom.
 
UOL Esporte: Ele tem memória boa como você?
PVC: Ele tem memória para as coisas que ele curtiu. Ele estava no estádio quando o time dele foi campeão em 2008, por exemplo. Ele sabe o time que jogou.
 
UOL Esporte: Vai querer ser jornalista esportivo?
PVC: Acho que não. Vai fazer outra coisa. Se ele quiser fazer, vai ser legal. Se ele não quiser vai ser legal também. A Bruna (filha), eu falo que é a pessoa que mais gosta de notícia na minha casa. Ela fala assim, no dia que aconteceu o negócio do raio. "Caiu um raio, matou a família inteira, pai". Não Bruna, isso foi ano passado. "Não, não, foi agora".
 
UOL Esporte: Eles te ensinam muito pela idade, pela internet, pelo mundo que eles vivem? Você se inspira, você aprende alguma coisa com eles?
PVC: Aprende, nem que seja ouvir música que a Bruna ouve, aquele negócio de ousadia e alegria. Até sacar o que está acontecendo na televisão. Ensina muito. Conviver com gente jovem é legal.
 
UOL Esporte: Eles te cornetam muito?
PVC: Isso nem tanto. Corneta assim... O João Pedro não gosta de determinado jogador que eu gosto. "Só você gosta desse cara". Isso tem.
 
UOL Esporte: E na escola, como é ser o filho do PVC? Muita cornetada?
PVC: Ele fala que às vezes os caras perguntam: o que o seu pai acha disso? "Eu não sei, não perguntei para ele". Não, mas seu pai falou isso, assim, assim, assim... "Tá, então é isso que meu pai pensa". Ele sabe lidar um pouco com isso eu acho. A Bruna ficava incomodada quando eu ia em estádio, em arquibancada, e ela não conseguia ir ao banheiro, porque pegava seis, sete, oito nove querendo tirar foto. Agora está acostumada, está de boa.
 
UOL Esporte: E os seus fakes no Twitter? Você mantém contato com os responsáveis?
PVC: Eu tenho alguns fakes. Tem a história das cantadas do PVC. Eu já corrigi algumas cantadas dele (...) Tem um que o cara é de Manaus. Eu fui dar uma palestra lá e ele falou: "eu sou seu fake". Eu conversei com ele. Eu só não gosto quando o cara publica alguma coisa que possa ser confundida com notícia. Vou dar um exemplo: eu não tinha twitter em 2009. Na semana em que o Muricy tinha recusado o Palmeiras com o Beluzzo, antes de acertar. Aí eu estava no Rio, toca o meu telefone, Fábio Seixas, na época editor assistente da Folha. "PVC, é isso mesmo, como tá no seu Twitter? O Muricy acabou de acertar com o Palmeiras?" Seixas, eu não tenho Twitter. Aí eu entendi que eu precisava ter um Twitter, que era a maneira que eu ia ter para me proteger dos fakes. Depois teve um caso que esse fake de Manaus publicou que o Corinthians tinha sido comprado pelo Carrefour. Não existe a possibilidade de o Carrefour ter um clube no Brasil porque a lei não permite. Mas me ligaram da TV Cultura para saber se o Carrefour tinha comprado o Corinthians.