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Felipão não quer saber de modernidade. Grêmio aposta no 'velho' coletivo

Felipão comanda treinamentos coletivos no Grêmio e não abre mão de estilo tradicional - Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA
Felipão comanda treinamentos coletivos no Grêmio e não abre mão de estilo tradicional Imagem: Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/01/2015 06h00

Há quem diga que os coletivos estão ultrapassados. Há treinadores que abram mão de espalhar 11 de cada lado e propor um jogo entre titulares e reservas. Há quem aposte apenas em trabalhos de campo reduzido para aprimorar velocidade de raciocínio e qualidade de passe. Mas não Luiz Felipe Scolari. No melhor estilo 'old school', Felipão repete sempre que possível atividades que nada mais são do que jogos entre o time principal e o suplente. Até agora, foram apenas dois táticos diferentes na temporada e o estilo tradicional agrada os jogadores. 

Sob a premissa que 'jogador gosta é de jogar', o treinador não cansa de repetir trabalhos coletivos. São 11 contra 11 em campo inteiro. Nada de muitas paradas ou repetições de jogadas. A bola só deixa de ter o curso normal quando há falta ou escanteio para o time titular. É quando duas ou três batidas são repetidas. 
 
"É um estilo de trabalho que agrada. Temos tentado aproveitar os trabalhos da melhor forma possível", disse o lateral esquerdo Marcelo Oliveira. 
 
Na pré-temporada, por exemplo, foram dois amistosos e três coletivos. Apenas um trabalho tático sem adversário. Que mesmo assim não foi totalmente sem oponente. O time rival foi sendo montado aos poucos e acabou no tradicional coletivo. 
 
Técnicos da nova geração consideram isso ultrapassado. Treinador do Grêmio no início de 2014, Enderson Moreira, por exemplo, rejeitava comandar coletivos. Ele preferia setorizar o time, separando defesa meio e ataque em atividades com três metas ou mesmo quatro, jamais idênticas a uma partida. 
 
Tanto que no ano passado, o primeiro time titular do Grêmio só foi conhecido em um jogo-treino. Antes, jamais titulares e reservas se enfrentaram em coletivo. 
 
"Temos que aproveitar toda experiência que o Felipão tem para nos passar. Poucos tem a responsabilidade e a chance de começar no futebol com um técnico renomado como ele", elogiou o zagueiro Gabriel Silva.
 
Scolari não teme o rótulo de 'ultrapassado'. Usa das artimanhas mais antigas da profissão. Fala alto, grita, gesticula, fala palavrões em tom alto. Puxa os jogadores pelo braço, pela camisa, não esconde insatisfação. É um técnico ao estilo antigo. Não abre mão do velho apito, e com ele rege ações da equipe. Fala muito, esbraveja, reclama, tudo como 'antigamente'. 
 
Nesta terça-feira, um dos poucos trabalhos táticos foi realizado. Ataque contra defesa, em campo reduzido. Mas sem grandes inovações, cones, dificuldades extras. Foram jogadas simples, com número de toques na bola restritos. Apenas isso. Sublinhando o estilo tradicional do experiente comandante técnico gremista. 
 
E assim, no estilo 'antigo' Felipão espera resgatar o Grêmio. O principal objetivo do comandante, deste o ano passado, é reviver os momentos de glória dele e do clube. Nos anos 90, Scolari empilhou títulos com as cores do Tricolor. Algo que o clube não vê há bastante tempo.
 
A temporada 2015 começa neste sábado. O primeiro compromisso será diante do União Frederiquense, na Arena, às 17h (horário de Brasília). O Gauchão será a primeira chance de reviver momentos triunfais e todos sabem a importância disso. "Para nós, é Copa do Mundo", sentencia o goleiro Marcelo Grohe.