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Grande pegador de pênaltis, Diego Alves defendeu apenas dois no Atlético-MG

Diego Alves comemora com Otamendi, outro ex-jogador do Atlético-MG, mais um pênalti defendido no Valência - Juan Carlos Cárdenas/EFE
Diego Alves comemora com Otamendi, outro ex-jogador do Atlético-MG, mais um pênalti defendido no Valência Imagem: Juan Carlos Cárdenas/EFE

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

28/01/2015 09h15

No último domingo o goleiro Diego Alves atingiu a incrível marca de 18 pênaltis defendidos em 39 cobranças (duas foram para fora e 19 entraram) desde que chegou ao futebol espanhol, em julho de 2007. Números que fazem do camisa 1 do Valência o recordista na Liga Espanhola, pelo menos nas últimas três décadas. Embora já mostrasse talento para pegar pênaltis desde novo, Diego Alves demorou um pouco para defender a primeira penalidade e deixou o Atlético-MG com um aproveitamento bem abaixo do que apresenta hoje.

Há exatos oito anos o então goleiro atleticano defendeu o primeiro pênalti como profissional. Curiosamente numa partida entre Atlético e Tupi, assim como vai ter neste domingo (1/2), às 17h, no Independência, na abertura do Campeonato Mineiro. O confronto de 2007 aconteceu no Estádio Radialista Mário Helênio, em Juiz de Fora. A equipe local venceu por 2 a 0, mas Diego pegou um pênalti batido pelo meia Sidnei, que posteriormente até passou pela Cidade do Galo.

Mas antes de conseguir defender a primeira penalidade, no final de janeiro de 2007, Diego Alves sofreu bastante nos meses anteriores. Ele se tornou o titular do Atlético em agosto de 2006, quando Bruno deixou o clube e foi para o Corinthians. Já nas duas primeiras partidas, contra Paysandu e São Raimundo, três penalidades e três gols. Diego Alves não conseguiu pegar as cobranças de Teti e duas de Zacarias. Ainda em 2006, pela Série B do Brasileiro, mais dois pênaltis e dois gols. O goleiro atleticano acabou vencido por Vainer, do América-RN, e Caio, do Coritiba.

“O Diego sempre foi um goleiro diferenciado. Ele já chegou ao Atlético mais velho, no segundo ano como júnior. Poucos meses depois estava convocado para seleção brasileira”, lembra William de Castro, um dos preparadores de goleiro que trabalharam com Diego Alves quando ele estava nas categorias de base do Atlético.

E foi essa qualidade que apareceu. Se em 2006 foram cinco cobranças e cinco gols, Diego Alves teve 100% de aproveitamento no ano seguinte. Depois de pegar o pênalti batido por Sidnei, no fim de janeiro, ele pegou uma penalidade cobrada por Dodô, então no Botafogo, em maio de 2007, pouco antes de trocar o Atlético pelo modesto Almería-ESP.

“Pegar pênaltis é um dom que certos goleiros possuem. Claro que existe treinamento, técnicas para observar a posição do batedor e até o movimento do braço antes do chute, se vale esperar ou escolher um canto e até mesmo conhecer bem o adversário. O Renan Ribeiro, por exemplo, que hoje está no São Paulo, nunca gostou de treinar pênaltis e sempre foi um grande pegador. Mas no caso do Diego é mesmo um dom. Ele sempre foi um goleiro frio, calmo. Agora está se aprimorando”, analisou William de Castro.

E para o treinador de goleiros do time júnior do Atlético, a tendência é que os números de Diego Alves fiquem cada vez melhores. Além de toda a qualidade e capacidade que o goleiro apresenta, a pressão em cima dos batedores vai ficar cada vez maior. Para William de Castro, o jogador pensa duas vezes antes de tomar a decisão de como cobrar a penalidade diante do arqueiro do Valência.

“O goleiro nunca tem responsabilidade na hora do pênalti, ela sempre está com o batedor. Então imagina um goleiro que está em boa fase e ainda pega pênalti? Ele fica muito mais confiante. Quem vai bater um pênalti contra o Diego já vai para a bola em dúvida, pois tem pela frente um goleiro que estuda muito os adversários”.

Diego Alves se tornou profissional pelo Atlético em 2005, mas teve de esperar pouco mais de um ano para se tornar o dono da posição. Somente depois de Danrlei e Bruno deixarem o clube que ele se tornou o camisa 1 alvinegro. Em 61 partidas foram 32 vitórias, 14 empates e 15 derrotas, com 65 gols sofridos. Pelo Atlético, Diego Alves venceu uma Série B e um Campeonato Mineiro, ambos sob o comando de Levir Culpi.