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Saiba quem é o francês que deixou a Europa pra ser rei no futebol africano

Claude Le Roy faz história com o Congo. Nas quartas, encara equipe de raro fracasso - Richard Heathcote/Getty Images
Claude Le Roy faz história com o Congo. Nas quartas, encara equipe de raro fracasso Imagem: Richard Heathcote/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/01/2015 06h00

A seleção do Congo é uma das surpresas da Copa Africana de Nações 2015. Ausente de 10 das últimas 11 edições do torneio, a equipe está garantida nas quartas de final da competição deste ano, graças à liderança do Grupo A. E boa parte do mérito é de um treinador acostumado a fazer história no futebol africano, Claude Le Roy.

O francês tem história na Copa Africana de Nações, colocando suas equipes com frequência entre as melhores do continente. Em sete participações anteriores, foi campeão (1988) e vice (1986) com Camarões, além de ter chegado às semifinais com Senegal (1990) e Gana (2008). O pior resultado veio em 2013, quando caiu na fase de grupos com a República Democrática do Congo.

O resultado de 2015 surpreende, uma vez que os congoleses têm um histórico de pouco destaque na CAN. Embora tenham sido campeões em 1972, contam com apenas uma presença nas semifinais (1974) e outra nas quartas de final (1992) no currículo. De resto, apenas eliminações na fase de grupos – isso, quando não ficaram de fora do torneio.

Para Le Roy, 66 anos, a vaga entre os melhores do continente não chega a ser uma surpresa. Na década de 80, após uma breve experiência à frente de clubes de menor expressão, ele chegou à seleção camaronesa, e não demorou a conquistar bons resultados – contando com uma passada pelo Brasil no caminho.

“Quando eu cheguei, eu era muito, muito jovem. Alguns dos jogadores tinham a mesma idade que eu tinha, como Roger Milla e Theophile Abega. Deixamos Camarões para passarmos cinco semanas no Brasil e quatro semanas na Alemanha. Jogamos uma partida no Maracanã”, contou Le Roy à BBC.

“Foi o começo de uma fantástica história, uma história de amor. Primeiro com Camarões, depois com a África. E não apenas para mim, para mim esposa e meus filhos. Não sei se é uma bela história para a África, mas é uma bela história para mim”, completou.

Com os camaroneses, foram duas finais de Copa Africana de Nações, perdendo para o Egito em 1986 e vencendo a Nigéria em 1988. Com o Senegal, em 1990, não apenas conquistou o quarto lugar no torneio, repetindo o melhor desempenho da equipe (que havia sido quarta colocada apenas uma vez, em 1965); para os jogadores, foi a chegada de Le Roy que iniciou a evolução do país nos campos.

“Ele construiu uma grande base, trabalhando com os jovens”, disse o ex-jogador Salif Diao, também à BBC. “Eu diria que, dez anos depois, em 2002, quando fomos vice-campeões da Copa Africana de Nações e chegamos às quartas de final da Copa do Mundo, era o resultado do trabalho que ele fez”, completou.

Na década de 90, Claude Le Roy ensaiou um retorno à Europa. Trabalhou nas diretorias de Milan e Paris Saint-Germain, além de comandar equipes na Ásia, na França e na Inglaterra. Em 2004, porém, retornou ao futebol africano para comandar a República Democrática do Congo, e só deixou o cargo ao levar a equipe às quartas de final da Copa Africana de 2006.

Entre 2006 e 2008, Le Roy comandou a seleção de Gana. Não foi à Copa do Mundo, mas deixou o cargo com a equipe na 14ª posição do ranking da Fifa (a melhor de sua história). Depois, passou por Omã e Síria, antes de retornar à República Democrática do Congo – e, aí, colher seu pior resultado na Copa Africana de Nações, caindo na fase de grupos do torneio em 2013.

Porém, dois anos depois, o francês faz história novamente com o Congo. E pode ir além, chegando às semifinais – desde que passe justamente pela República Democrática do Congo nas quartas, em jogo no sábado. Pressão pelo resultado? Nada que o francês não conheça, depois de 30 anos de sua chegada à África.

“Quando as pessoas na Europa falam de pressão, eu dou risada, porque a pressão na Europa não é nada”, diz o treinador francês. “Dê a eles duas ou três semanas na África, e eles verão o que é pressão”, completou.