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Joia de 16 anos do Grêmio mostra personalidade: "Posso ser melhor do mundo"

Lincoln, de 16 anos, esbanja personalidade e garante que pode ser o melhor do mundo - Pedro Mello/ Aguante Comunicação
Lincoln, de 16 anos, esbanja personalidade e garante que pode ser o melhor do mundo Imagem: Pedro Mello/ Aguante Comunicação

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

30/01/2015 06h00

Como se afere o potencial de um jogador de futebol? Qualidade técnica, empenho, força física, personalidade. Adjetivos aplicados com o tempo. Atletas passam por momentos de altos e baixos em categorias de base, sobem ao principal, se firmam e às vezes voltam para os times inferiores. E enquanto muitos demoram para isso, Lincoln, do Grêmio, ultrapassou barreiras com apenas 16 anos. 

Viu, no ano passado, Felipão desejar sua utilização no time principal antes mesmo de ter um contrato profissional. Fábio Koff impediu. Mas o atual vice de futebol do Tricolor não duvidava das qualidades dele. Segundo o presidente campeão do Mundo e bi da Libertadores pelo Grêmio, trata-se de um jogador com potencial de se tornar estrela mundial em pouco tempo. 
 
Lincoln não pensa diferente. Nem poderia. Desde os 14 ele tem Delcir Sonda como padrinho da carreira. Desde os 15 está na seleção brasileira Sub-17. Com 16 subiu ao principal e, no primeiro jogo oficial da temporada será titular do Grêmio. Após um lindo drible em treinamento e a idolatria repentina, Luiz Felipe Scolari, que tem na carreira a marca de ser o primeiro técnico a convocar Cristiano Ronaldo para seleção portuguesa, freou a expectativa. Mas não o otimismo. Lincoln não se esconde do jogo ou das palavras. E garante que pode ser melhor do mundo. 
 
"Um dia vou ter condições (de ser o melhor do mundo). É tudo trabalho. A cada dia estou dando meu melhor, isso me fortalece. Posso ser o melhor do mundo, sim", disse. 
 
Antes do treinamento de quarta-feira, nas cadeiras da Arena, ele recebeu a reportagem do UOL Esporte e mostrou que de menino tem apenas a idade. Palavras fortes e frases seguras mostram que não é apenas com os pés que Lincoln está acima de sua faixa etária.
 
Antes mesmo de você subir ao profissional, há muita expectativa e histórias sobre sua capacidade. Isso pesa de alguma forma? E quem é o Lincoln que chega ao principal do Grêmio? 
Lincoln: Sou o mesmo da base. Com mais determinação e bem mais vontade. Sabendo o que vou fazer, querendo ir sempre em busca dos meus objetivos, como sempre tive. Não é sobrecarga. Me dou muito bem com essa situação. Sei muito bem o que eu quero. E o Lincoln que está subindo para o profissional é o mesmo da base. Não é agora que deixarei de fazer o que fazia lá. 
 
Como é estar na seleção uma categoria acima da sua, ou mesmo no profissional, pulando duas ou três categorias? 
Lincoln: Para mim é tudo. O sonho de todo jogador de base é estar entre os melhores do Brasil, que defendem a seleção. Consegui essa chance e agarrei ela muito bem. E no profissional também é o sonho de todo guri, subir muito cedo para o profissional e dar o melhor para sua família. Graças a Deus eu consegui isso e vou me valorizar ainda mais tendo subido com 16 anos. 
 
Até onde o Lincoln pode ir? 
Lincoln: Posso ir até onde Deus quiser. Eu quero muito, e para mim isso significa trabalhar mais e mais. E estou fazendo isso, dando o máximo em campo. É como se diz: matar um leão por dia. E isso eu tenho feito. Quero ir muito longe, meu objetivo é ser o melhor jogador do mundo. 
 
Você tem o objetivo de ser o melhor do mundo. Mas se vê em condições disso? 
Lincoln: Um dia vou ter condições (de ser o melhor do mundo). É tudo trabalho. A cada dia estou dando meu melhor, isso me fortalece. Posso ser o melhor do mundo, sim. 
 
Não é comum chegar ao principal com 16 anos e treinar logo de cara entre os titulares. Você esperava isso? 
Lincoln: Realmente não esperava. Nem estar no principal, nem no titular. Só de ver os jogadores que eu olhava na televisão há pouco tempo, Fellipe Bastos, Douglas... E foi um sonho jogar ao lado deles. Poder cobrar, eles e eles me cobrarem também. Querer meu melhor como sempre querem. Ajudam muito dentro de campo. E me ajudaram muito. Eu errava e eles diziam, tenta que tu vais acertar na próxima. Isso é uma motivação. Estar aqui e poder jogar ao lado deles. 
 
Você acha que aquele treino te ajudou a virar uma grande expectativa? 
Lincoln: Fiz um bom treinamento, o professor falou isso. Mas não me abala. Vou sempre quere treinar mais e mais. Fui feliz de dar aquele chapéu no Everaldo. É coisa do futebol, acontece. 
 
Muitos jogadores de qualidade surgem e depois se perdem no futebol porque falta alguma coisa, muitos por falta de personalidade... Como você vai agir para que não aconteça isso? 
Lincoln: O professor sempre cobra: o que tiver que fazer, você faz sem medo de errar. Se tiver que chutar, chuta sem medo de errar. Se errar, tenta de novo. Pelo menos tentou. Meu irmão já jogou bola, sabe como é, não quer que cometa os mesmos erros que ele cometeu. Ele fala como é. Uma hora vou errar, e tenho que tentar de novo. É importante ter este apoio do meu lado, fico cada vez mais forte. Personalidade nunca vai faltar para mim, eu sei. Se tiver que fazer uma jogada acrobática vou fazer sem medo. Se errar, vou de novo. Isso me dá força para sempre tentar. 
 
Como foi a carreira do teu irmão [Davis]? 
Lincoln: Ele cometeu alguns erros, jogou no Grêmio e em vários clubes do Brasil. Os erros que ele cometeu não vão acontecer comigo. Ele sempre me fala e está do meu lado.
 
Qual a importância do Felipão nesse processo?
Lincoln: Sem palavras ter o Felipão como treinador. Não é porque é meu treinador que estou falando isso. É um dos melhores do Brasil e do mundo. É sensacional e sempre quer ajudar os jogadores. Subiu muitos meninos da base para ganhar experiência e poder ver os jogadores do elenco principal. É um cara que sempre quer ajudar e o melhor de todos nós. Sempre chama para conversar, se errou ele chama, é sem palavras.  
 
O que um menino de 16 anos deixa de fazer para ser melhor do mundo? 
Lincoln: Muda muita coisa. Na minha idade as pessoas estão em fase de sair e curtir. Eu não sou disso, fico em casa jogando video-game. É meu prazer ter minha família ao lado. Em vez de sair, marco para ficarmos em casa e fazer um churrasco. A família é assim. Prefiro ficar com a família do que sair. Para ser o melhor do mundo, tem que largar muitas coisas de mão, e eu larguei por causa deste objetivo. 
 
Mudou o assédio feminino depois do principal? 
Lincoln: Mudou um pouquinho, sempre muda. Mas eu me dou mto bem com essa situação. Sei que é assim, mei irmão me falou, vai ser assim... Eu digo que não vai mudar nada. Mas estou tranquilo com isso, 'de boa'...
 
Já soube de algum olheiro da Europa te observando...
Lincoln: Se teve, não sei. Meu empresário nunca me falou. Ele sempre disse que se for para sair para Europa tem que ir pronto, não para bater e voltar. Minha cabeça está apenas focada no Grêmio. 
 
Se tivesse que se espelhar em algum jogador, qual seria? 
Lincoln: Eu quero ser eu mesmo. Não gosto de pensar em outros jogadores como modelo. Mas me espelho no Ronaldinho Gaúcho.