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Bicampeão pelo Cruzeiro revela próxima meta: comandar a seleção brasileira

Bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, Marcelo Oliveira revela desejo de comandar a seleção brasileira - Washington Alves/Light Press
Bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, Marcelo Oliveira revela desejo de comandar a seleção brasileira Imagem: Washington Alves/Light Press

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

04/02/2015 06h00

Recordista em número de vitórias consecutivas no futebol mundial pelo Coritiba, bicampeão nacional pelo Cruzeiro e três vezes finalista da Copa do Brasil pelos times de Minas Gerais e Paraná. Os feitos de Marcelo Oliveira em apenas sete temporadas como técnico de uma equipe profissional o credenciam ao posto de um dos melhores do país.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o atual comandante do Cruzeiro não esconde que a seleção brasileira seria o auge de sua carreira, rejeita o rótulo de melhor da sua profissão e revela um incômodo com a torcida de seu clube na chegada à Toca da Raposa II, em janeiro 2013.

Sobre o desejo de assumir o time da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o treinador evita entrar em polêmica, sobretudo porque o cargo foi assumido recentemente por Dunga. Ele, no entanto, não esconde que esta é a sua meta.

“Sonhos são importantes, projetos e objetivos também. O meu grande objetivo é fazer um trabalho cada vez melhor no Cruzeiro. A seleção brasileira é o ápice de um profissional, mas eu acho que isso acontece de forma natural e não por acaso, nem fora de hora. Não é uma obstinação, mas um dia eu gostaria de chegar lá. É uma sequência natural”, disse.

O posto de melhor do país é rejeitado por ele. Marcelo Oliveira evita citar quem ele considera realmente o principal técnico do Brasil e reforça o desejo de seguir faturando títulos pelo Cruzeiro, onde sagrou-se bicampeão nacional.

“Eu não me sinto nada disso (como melhor treinador do Brasil). Eu me sinto um profissional dedicado e apaixonado pelo futebol. Fico muito feliz com o reconhecimento do trabalho de todos e especialmente da torcida do Cruzeiro. Estamos dispostos a fazer um pouco mais e melhor. Esta é a minha ambição e o meu sonho para 2015”, avaliou.

Embora tenha se tornado quase uma unanimidade entre os cruzeirenses, o treinador nem sempre gozou deste prestígio. Às vésperas de seu anúncio por parte do presidente Gilvan de Pinho Tavares, parte da torcida se manifestou de forma contrária à contratação. Profissional do arquirrival Atlético-MG como jogador e técnico, Marcelo Oliveira teve que lidar com a rejeição, fato que lhe incomodou.

“Desistir, eu nunca pensei, porque não sou do tipo de pessoa que desiste facilmente. Mas incomodar, incomodou, porque foi uma coisa nova, uma surpresa. É compreensível pela rivalidade e pelos momentos que Cruzeiro e Atlético viviam. Nunca foi questionada a competência. Então, achei que era um desafio possível. Graças a Deus, deu certo até este momento. Temos que trabalhar muito para que possamos fazer dar certo em mais uma temporada”, comentou.

O carinho recebido pelo treinador não é exclusivo de torcedores do Cruzeiro. Os atleticanos também demonstram afeto, mesmo depois do sucesso obtido no maior oponente. A popularidade em Belo Horizonte lhe proporciona um sentimento bem diferente do incômodo no início de sua trajetória na Toca da Raposa.

“Isso é fundamental e gratificante, muito importante. É pelo fato de eu ter sempre respeitado todas as torcidas e vestido a camisa com muito comprometimento. Todo lugar que eu vou, o torcedor do Cruzeiro quer tirar uma foto, dar uma palavra de apoio. O torcedor do Atlético, além das brincadeiras, dizem que torcem por mim, mas nunca para o Cruzeiro”, celebrou.

Mesmo com o prestígio por ter conquistado duas edições consecutivas do Campeonato Brasileiro, o comandante inicia 2015 sob protestos. As negociações de Egídio, Nilton, Lucas Silva, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart geram reclamações por parte dos torcedores nas ruas de Belo Horizonte. Mas ele se explica.

“A primeira coisa é que outro dia me cobraram: “você está vendendo o time do Cruzeiro?”. Mas na verdade eu não tenho esse poder, não sou um manager, eu sou o técnico. E nem o presidente tem essa culpa, é um processo do futebol. Às vezes acontece assim, o jogador valoriza, eles vêm com números altos e fica impossível de permanecer”, observou.

“Estamos trazendo outros jogadores, temos que ter competência para fazer isso bem feito. Vamos formar uma nova equipe e trabalhar para que isso aconteça. Queremos um time competitivo, técnico e envolvente”, acrescentou.