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Oposição, Citadini quer Corinthians barato e não abdica de próprio emprego

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

07/02/2015 06h00

Diretor de futebol do Corinthians no início do século, Antônio Roque Citadini disputa a presidência do Corinthians pela primeira vez aos 64 anos.

Depois de negar publicamente a intenção por alguns meses, Citadini ganhou força ao receber apoio de Luís Paulo Rosenberg, vice-presidente da gestão Mário Gobbi. A dois dias de apresentar a chapa, convenceu Paulo Garcia, também oposicionista, a abdicar de candidatura e se juntar à própria chapa. Por fim, acabou beneficiado pela impugnação do grupo de Ilmar Schiavenato, por irregularidades em assinaturas. Nesta entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Roque diz que o apoio de Ilmar é bem vindo.

Além de comentar as questões políticas, Citadini fala sobre as principais propostas de seu grupo, como a de que as divisões de base serão 100% do clube, prática difícil nos dias atuais. Conselheiro do Tribunal de Contas, ele ainda afirma que não vai abrir mão do próprio trabalho. A ideia do oposicionista, caso supere Roberto de Andrade na eleição, é conciliar o emprego com a presidência do Corinthians. Confira mais abaixo:

BASE DA CANDIDATURA

Precisa de duas condições: projeto definido com ideias básicas de mudança e ter apoio. Reuni um conjunto de propostas interessantes para o clube, que vão desde a base, que queremos que volte a ser 100% do Corinthians, até a busca do equilíbrio financeiro para acabar com atraso de salários e prêmios.

Até a proposta de mudança estatutária, que é a mudança do chapão. A gente consegue um conjunto de ideias positivas e consegue apoio para essas ideias. Minha candidatura tem presença grande de pessoas que votaram com Andrés e Mario. Cito o Luis Paulo Rosenberg, mas tem outros e outros e outros que passaram a me apoiar. Deixaram o campo da administração, além do fato de que acabei me tornando candidato único. O Paulo passou a me apoiar, foi muito importante, foi afunilando para candidatura única, que pode ser alternativa no momento de dificuldade que estamos vivendo.

PLANO PARA REDUZIR DESPESAS
Você tem que reduzir gastos porque está havendo uma redução de receita. Você reduz de duas formas. Uma se planejando, tentando implementar alguma redução de forma controlada. Ou, se não fizer isso, acaba tendo que reduzir porque o dinheiro acaba, e começa a atrasar pagamento. (...) Ou faz de forma controlada, eu diria mais inteligente, ou faz pela necessidade. Qualquer candidato a presidente sabe que um dos dois caminhos terá que ser feito.

A atual situação se faz pela necessidade, há falta total de dinheiro em caixa. Se adianta receita, refaz contratos, estender prazos, empréstimos até de empresários. Tudo isso num processo de necessidade, não por visão política. Dá para reduzir muito, na parte administrativa e inclusive do futebol. Há profissionais que podem ganhar salários mais condizentes com a realidade. Os contratos com jogadores precisam ser honrados, mas não precisa continuar fazendo contratos que vêm fazendo.

APOIO DE CANDIDATO IMPUGNADO, ILMAR SCHIAVENATTO
A candidatura do Ilmar teve problema, mas o problema dele estou convencido que é fruto da caótica situação eleitoral do Corinthians, que estabelece o chapão. Se não tivesse isso, não haveria esse problema, que não conheço em detalhes. Ele foi diretor do Gobbi, teve trabalho bastante aplaudido e fico satisfeito que o pessoal dele vote em mim.

APOIO DO EX-CANDIDATO PAULO GARCIA, COM QUEM TEVE ALGUNS DESENTENDIMENTOS
O Paulo é algo natural. O Paulo e eu estamos juntos desde sempre, há muito tempo juntos na oposição de forma clara, já era uma coisa que ele mesmo disse que não se sentiria bem concorrendo comigo. Estremecimento não houve. Na entrevista mesmo para você (em outubro), há uma prova que havia um claro respeito tanto meu quanto dele. Não havia estremecimento, tanto que foi possível depois recompor a chapa.

MERCADO DIZ QUE É IMPOSSÍVEL TER 100% DE DIREITOS NA BASE
Não é impossível e não é demagógico. O clube fazia isso, passou a fazer dessa forma há alguns anos. O William quando foi vendido (para o Shakhtar, em 2007) era 100% do Corinthians, embora o pai dele fosse o empresário. É possível, sim. O Corinthians já fazia e muitos clubes fazem isso. Há clubes no mundo que não aceitam isso. Agora é obrigatório, se dividir jogador vai violar as normas da Fifa, e espero que a CBF fiscalize bem. Na nossa futura gestão, os jogadores que entraram serão 100% do Corinthians. Se não for assim, não vai entrar. Não vamos fazer base para empresário.

NAMING RIGHTS PODE SER VENDIDO? ROSENBERG AJUDARÁ?
Acho possível, não sei o preço. Vivemos situação diferente, o país está em crise econômico e as pessoas estão de freio de mão puxado. Pode não, (Rosenberg) vai ajudar, e se não ajudar vou dar um croque nele (risos). Vai ajudar sim, não tenho a menor dúvida, ele é uma pessoa importante no estádio e no marketing. Vai ter papel importante. Quem é importante na campanha, é importante na gestão. O Luis Paulo, como o Paulo (Garcia) e tantos outros, têm ajudado significativamente. Implica dizer que terão participação significativa.

COMO AUMENTAR RECEITAS
Aí entra o marketing, o trabalho do marketing para gerar novas e maiores receitas e nós acreditamos que isso é possível.

DÁ PARA CONCILIAR TRABALHO NO TRIBUNAL DE CONTAS COM O CORINTHIANS?
Estou convencido que não há. Já fui diretor de futebol e não havia problema algum. Eu era eficiente e dedicado no meu trabalho e no Corinthians. Posso inclusive me aposentar, mas não quero. Não acho ruim que dirigente tenha outra profissão, viva disso, receba salário, senão fica dirigente sem profissão e função e começa a fazer negócio de jogador. Prefiro manter isso do que entrar no mundo de jogador que não vou entrar.