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Sem Ronaldinho, Atlético-MG se torna participante normal da Libertadores

Na Colômbia, torcedor invadiu o campo para dar um abraço em Ronaldinho - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Na Colômbia, torcedor invadiu o campo para dar um abraço em Ronaldinho Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

12/02/2015 06h00

A caminhada do Atlético-MG na terceira Copa Libertadores consecutiva começa na quarta-feira (18), diante do Colo-Colo, em Santiago, no Chile. Diferentemente das outras edições anteriores, a equipe de Belo Horizonte entra com um participante comum. Embora apareça na lista de favoritos de muita gente, o Atlético não conta mais com o brilho de Ronaldinho Gaúcho, que fazia diferença não apenas dentro de campo, mas fora dele também. Cada viagem internacional do time atleticano era um acontecimento no local de destino.

Estrela maior das últimas edições da Libertadores, Ronaldinho fazia o Atlético receber um tratamento de seleção em Copa do Mundo. Desde o aeroporto, hotel e estádio, sempre tinha um esquema especial nas cidades em que o Atlético jogou pelo torneio continental em 2013 e 2014. Ao ponto de centenas de pessoas se aglomerarem na porta do hotel, como aconteceu em Medellín, na Colômbia.

“No início era uma coisa assustadora, que foi complicado adaptar. O Ronaldo, ao contrário do que as pessoas pensam, sofre um assédio maior fora do país. Na América Latina é uma coisa realmente impressionante”, comentou o segurança Lúcio Fábio, destacado para proteger o astro.

Tumultuo, gritos e assédio vão ser bem menores. Todos no Atlético sabem disso. Entre os vários casos nos dois anos de R10 na Cidade do Galo, talvez o mais marcante em termos de Libertadores aconteceu na Venezuela. Dois adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, passaram a noite na porta do hotel, dormindo na calçada. Tudo para ver o ídolo e, talvez, receberem um aceno.

Ao saber da história dos garotos, Ronaldinho fez questão de receber ambos dentro do hotel. A chance de abraçar o então jogador do Atlético e tirar fotos, fez com que os dois venezuelanos caíssem no choro. Algo que marcou até mesmo um já acostumado Ronaldinho, assediado em qualquer parte do planeta. “Toda vez que ele tinha condição, ele sempre tentava atender a todos. Mas quase nunca era possível, já que se tornava um tumulto. Mas ele sempre fez questão de atender. Foi uma das coisas que mais me surpreenderam, pois apesar de um ídolo, ele é um cara muito simples. Sempre procurava dar atenção para todo mundo”, comentou Lúcio, que acredita em viagens mais tranquilas na Libertadores 2015.

Para tentar diminuir transtornos, Ronaldinho quase nunca podia ficar junto da delegação. O craque costumava embarcar primeiro, entrar ou sair do ônibus em momentos diferentes e até mesmo aguardar por voos em salas reservas. Tudo para conter o assédio, que foi só aumentando a cada fase que o Atlético avançava na competição de 2013.

Mas a procura por Ronaldinho não se restringia aos torcedores. Políticos, dirigentes, jogadores adversários e até familiares dos atletas rivais queriam ver Ronaldinho, queriam uma foto ou um autógrafo. A camisa do craque era artigo de luxo, o item mais desejado a cada viagem. A cada jogo são preparadas de seis a oito camisas por atleta. Então, alguns felizardos conseguiram a 10 de Ronaldinho. Fosse trocando ou até mesmo pedindo o presente.

O espaço na mídia internacional também cresceu. A cada viagem, um batalhão de repórteres locais acompanhava o clube e, em especial, cada passo do meia. Assim foi na Argentina, Bolívia, México, Paraguai, Venezuela e Colômbia, os países que receberam o Atlético nesse período de Ronaldinho Gaúcho.

“Em 2013 eram duas novidades, o Atlético de volta à Libertadores depois de 13 anos e presença do Ronaldinho. A gente teve que descobrir como seria esse processo. Obviamente que ficamos um pouco impressionado com a demanda em cima de um ídolo mundial”, contou Domênico Bhering, diretor de comunicação do clube, que para esta Libertadores ainda aposta em um Atlético em evidência.

“Hoje não temos o Ronaldinho, mas temos um título recente da Libertadores. Já em 2014, ainda com o próprio Ronaldinho, esse assédio aumentou, por causa do clube também. Esse ano a gente espera, embora não tenhamos o Ronaldinho, que o assédio seja grande por causa do Atlético, por tudo o que o Atlético fez nos últimos anos. Mesmo sem esse ídolo mundial, temos na bagagem o título recente”.