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Pressão por 'excluídos', vendas e queda. Os bastidores da crise do Grêmio

Luiz Felipe Scolari tenta resolver os problemas do Grêmio. E não são poucos - Divulgação/Grêmio
Luiz Felipe Scolari tenta resolver os problemas do Grêmio. E não são poucos Imagem: Divulgação/Grêmio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

15/02/2015 06h00

Se a moral do torcedor gremista já estava abalada antes mesmo das competições oficiais de 2015 começarem, já que só teria o Gauchão para o princípio do ano e o clube tratou de se desfazer dos principais jogadores da temporada anterior, o que se viu com a bola rolando só piorou as coisas. Foram cinco partidas com três derrotas. Neste sábado, o Veranópolis, que tinha apenas um ponto no Estadual, fez 1 a 0 em plena Arena, para desespero e fúria dos aficionados. Os bastidores da crise gremista, evidente após o resultado, têm pressão externa por jogadores fora dos planos, saídas de expoentes técnicos e a ausência de uma boa apresentação sequer. 

O primeiro ato da instabilidade acontece no campo. Desde a pré-temporada que o rendimento não é bom. Nos amistosos preparatórios, o time amador Sub-20 do Gramadense só foi vencido no segundo tempo, com dois gols de reservas. Pesou a falta de preparo físico dos 'atletas de fim de semana', que não têm no futebol mais do que uma diversão. 
 
A justificativa foi a falta de tempo e mesmo um relaxamento natural por conta de se tratar de um jogo-treino. A promessa de melhora contra o Novo Hamburgo, em amistoso. Mas a resposta foi negativa novamente. Empate em 2 a 2, ainda na pré-temporada. Felipão, de novo, pediu paciência. 
 
O ataque não estava encaixando. Barcos e Marcelo Moreno juntos não mostravam bom futebol. E depois de muitos testes vieram os jogos oficiais. Na estreia, consistência ofensiva, ao menos, e a melhor partida do ano, diante do União Frederiquense. Mas depois dela, o segundo ato da crise. 
 
Barcos foi vendido. Menos de uma semana depois, Marcelo Moreno também foi. E os jogos que seguiram apontaram um time que, sem grande atuação em campo, parecia também ter perdido a confiança por conta da ausência daqueles que geravam o maior respeito nos rivais. 
 
Se o quadro era ruim para um grupo recheado de jovens, imagina para o torcedor. Os gremistas 'aceitaram' as saídas de Dudu, Alán Ruiz, Zé Roberto, Riveros, entre tantos outros de uma lista que tem no total 13 nomes. Mas levaram um soco no estômago ao ver a dupla 'gringa' que carregava a esperança para 2015 sair praticamente ao mesmo tempo. 
 
Sem ídolos, sem bons jogos, sem vitórias, a solução imediata, ou mágica, remontou o último pilar da desordem: a pressão pela volta dos excluídos. Kleber Gladiador, já esquecido pelos aficionados, e Edinho, que nunca chegou a cair nas graças do povo tricolor, viraram, inesperadamente, as soluções. Mas de cara foram descartados. 
 
"Estes jogadores já estavam definidos que não seriam aproveitados. Não apenas pelo técnico, mas também pela presidência e o departamento de futebol. Não é porque perdeu que vai mudar. Vocês [imprensa] não sabem a metade da missa. Não pintem de bonzinho quem muitas vezes não é", insinuou Felipão. "A pauta não é reintegrar, é solucionar o problema. Não estamos pensando em reintegrar. Não farei 'viuvez'. Os que não estão jogando não são solução para nosso plantel", garantiu o presidente Romildo Bolzan Júnior. 
 
Agora, as contratações, que precisam acontecer e a direção garante que acontecerão, são totalmente responsáveis pela motivação da torcida. Walter, do Fluminense, é o primeiro nome e mais cotado para ser anunciado. O atacante já carregará o peso de 'resolver o problema' apresentado até agora. E em nenhum momento o planejamento será alterado, independente do que aconteça em campo. O Grêmio se vê 'plantando' uma solução para o clube que possa ser 'colhida' anos mais tarde.