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Acusação de racismo e violência marcam jogo da 4ª rodada do Mineiro

Júnior Paraíba, meia-atacante da URT, acusa árbitro de racismo em rodada do Campeonato Mineiro - Reprodução
Júnior Paraíba, meia-atacante da URT, acusa árbitro de racismo em rodada do Campeonato Mineiro Imagem: Reprodução

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

22/02/2015 23h16

O estádio Zama Maciel, em Patos de Minas, local do empate sem gols entre URT e Villa Nova, pela quarta rodada do Campeonato Mineiro, foi palco também de um ato de racismo protagonizado pelo árbitro Ronei Cândido Alves, 35, e o meio-campista Júnior Paraíba, da equipe mandante. O policiamento da cidade chegou a ser acionado, mas o atleta não registrou ocorrência e acabou colocando panos quentes no fato.

Filiado à Federação Mineira de Futebol (FMF) desde 2002, o juiz teria chamado o apoiador do clube mandante de ‘macaco’ após uma discussão entre as partes na primeira etapa do confronto, o que gerou revolta dos presentes no campo.

O jogador tencionava prestar queixa contra o mediador do confronto, mas após uma reunião entre os envolvidos, o tenente Tafuri do 15º Batalhão da Policia Militar, o presidente da URT, Roberto Túlio Miranda, e outros dois componentes do elenco do clube local, ele foi demovido da ideia. De acordo com uma testemunha, o árbitro alegou ser ‘pai de família’, o que comoveu o camisa 10 do time de Patos de Minas.

O mandatário da URT evita dar detalhes da situação e assegura que só se envolverá no caso depois que Júnior Paraíba se pronunciar.

“Eu ainda não conversei com ele (Júnior Paraíba) depois disso. Amanhã (segunda-feira), vou conversar mais com ele e vamos dar toda a assistência no que for preciso, houve uma reunião com o policiamento, o árbitro e o jogador. Conversaram e agora que eu cheguei novamente no estádio eu fui informado que ele não registrou o boletim de ocorrência, eu estou voltando do hospital para o estádio porque eu tive que levar uma pessoa e agora eu estou voltando aqui”, afirmou ao UOL Esporte.

A atitude de Ronei Cândido Alves refletiu também nas arquibancadas. Enfurecida, parte da torcida tentou tirar satisfação com o árbitro ao término do jogo, o que acarretou em confronto do público presente com agentes da Polícia Militar. Bombas foram atiradas e disparos de balas de borracha foram feitos contra os apaixonados por futebol, como relata o pintor Douglas Henrique, 28.

“A torcida se revoltou porque o árbitro chamou o jogador de macaco. Isso é um ato racista. A torcida foi xingar o árbitro, mas a Polícia Militar despreparada foi pra cima. Havia crianças, idosos, mulheres e foi distribuindo gás de pimenta e bala de borracha. A torcida só queria fazer uma manifestação porque o torcedor tem o direito de fazer a manifestação com a boca, tinha crianças de colo todas com a cara com spray de pimenta, mulheres caindo no chão... Foi uma correria danada. Não fui atingido, mas estou aqui porque meus dois amigos estão sendo medicados agora no hospital. Estou esperando a liberação deles”, contou à reportagem.

A reportagem entrou em contato com um funcionário do hospital da cidade que confirmou que cerca de 20 pessoas receberam atendimentos médicos por conta do confronto com a Polícia Militar. O UOL Esporte ainda tentou contato com o comando da PM de Patos de Minas a fim de escutar a versão do órgão, mas não obteve resposta.