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Time do Papa, Verón, Cruzeiro e outros exemplos para o Atlético acreditar

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

26/02/2015 13h00

Se tem um torcedor que pode acreditar que seu time é capaz de viradas incríveis e reações históricas, esse sujeito é o atleticano. Nos dois últimos anos o verbo acreditar foi conjugado em 1ª pessoa pelos torcedores alvinegros e deu muito certo. Arrancar na Libertadores com duas derrotas é frustração e decepção que ninguém esperava, mas a própria competição mostra exemplos de superação que terminaram em título.

A história mais recente é a do atual campeão, o San Lorenzo. Time de coração do Papa Francisco, a equipe argentina vencia o Botafogo por 2 a 0, na última rodada da fase de grupos e ainda não estava dentro do mata-mata. O gol milagroso saiu somente aos 43 minutos do segundo tempo, marcado por Piatti.

Com o triunfo de 3 a 0 o San Lorenzo bateu o Independiente del Valle-EQU no saldo de gols e garantiu a segunda colocação no grupo 2. Com duas vitórias, duas derrotas e dois empates, o Time do Papa ficou com oitos pontos e um gol de saldo, enquanto os equatorianos também fizeram oitos pontos, mas terminaram zerados no saldo. Portanto, só foi possível superar Grêmio, Cruzeiro, Bolívar-BOL e Nacional-PAR por causa de um gol no final da última partida na fase de grupos. A decisão, aliás, foi contra outra equipe que também conquistou apenas oito pontos na fase inicial.

Então, mesmo com duas derrotas em dois jogos, o técnico Levir Culpi segue acreditando em sua equipe e avisa: para o Atlético, nada é impossível. “A projeção é vencer os jogos. Mas precisamos melhor conjunto, a condição técnica, tática e física. São todos os fatores que vão ter que caminhar para um lado só. A tarefa é difícil, mas nunca impossível para o Atlético”.

Reagir e buscar o bicampeonato ainda é o grande sonho do torcedor atleticano e os jogadores confiam que podem conseguir. “Não vamos ficar fora”, garantiu o atacante André. E exemplos para isso não faltam. Outras três equipes já passaram situação semelhante e iniciaram a competição com derrotas e no final levantaram a taça. O Peñarol de 1966 (num grupo com seis times), o Cruzeiro de 1997 e o Vasco de 1998 perderam os dois primeiros jogos, no caso do principal rival foi ainda mais complicado, já que o time celeste saiu derrotado nas três primeiras rodadas, para Grêmio, Alianza Lima e Sporting Cristal.

O feito pelo Atlético em 2013 é algo raro. Fazer a melhor campanha da fase de grupos não é garantia de título. Tanto que nas ultimas 20 edições, só os mineiros e River Plate conseguiram a façanha. Aliás, a história da Libertadores é repleta de equipes que começam de forma irregular e crescem na hora do vamos ver.

O Estudiantes do meia Verón se encaixa nessa lista. Em 2009 a equipe de La Plata não inspirava muita confiança durante a fase de grupos. Perdeu dois dos primeiros três jogos e ficou na segunda colocação do grupo 5, com dez pontos, atrás do líder Cruzeiro. Depois de passar por Libertad-PAR, Defensor-URU e Nacional-URU, os argentinos reencontraram o Cruzeiro na decisão e levaram a melhor. Mesmo jogando fora de casa, no Mineirão, o Estudiantes alcançou seu quarto título de Libertadores. O Santos de Neymar (2011) e LDU de Guerrón (2008) são outras equipes que ficaram em segundo lugar nos respectivos grupos e acabaram campeãs.

Se falar em título seja algo arrogante, o Atlético pode se inspirar em equipes que pontuaram pouco e mesmo assim avançaram de fase. O São Paulo (2013) e o Once Cladas (2011) fizeram sete pontos cada clube e chegaram na fase seguinte. Os colombianos foram um pouco mais além, até as quartas de final, enquanto os paulistas foram eliminados pelo próprio Atlético. O desempenho geral não foi lá grande coisa, mas serve para mostrar que é possível passar de fase mesmo com poucos pontos, quando começa outra competição. E aí a Libertadores sabe preparar grandes enredos.