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Corinthians já contratou o jogador mais caro do Brasil. E se deu mal

De León e Sócrates (à direita) observam defesa de Leão no jogo entre Corinthians e Grêmio, em 1982 - Folhapress
De León e Sócrates (à direita) observam defesa de Leão no jogo entre Corinthians e Grêmio, em 1982 Imagem: Folhapress

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 06h00

Os planos para o Corinthians eram ambiciosos para 1985. Após o fim da Democracia Corinthiana e a venda de Sócrates para a Fiorentina, era hora de reformular a equipe. O então presidente Waldemar Pires bateu o martelo para a contratação do uruguaio Hugo de León, capitão do Grêmio e herói da conquista da Libertadores de 1983 com o time gaúcho.

Com dinheiro em caixa da venda de Sócrates, o Corinthians pagou cerca de Cr$ 1,725 bilhão pelo jogador, conforme foi publicado na capa da edição da revista Placar (veja abaixo), o que seria equivalente nos dias de hoje a aproximadamente R$ 5 milhões (já com os valores corrigidos). Estava selada a maior venda entre clubes brasileiros até então.
De León lembra que o Grêmio não queria vender, mas o Corinthians insistiu em comprar, o que inflacionou o preço.
"O Corinthians me procurou depois de 1984. Eu estava com vontade de sair do Grêmio porque tivemos problemas depois de perdermos a Libertadores daquele ano para o Independiente. Os problemas se deram entre os jogadores e a comissão técnica. O Corinthians ficou sabendo e começou a manifestar interesse pela minha contratação", afirmou.
Ele lembra que a expectativa de todos no clube era das melhores para aquela temporada. E que ajudou, inclusive, a reforçar o ataque da equipe. "O Waldemar Pires me perguntou qual era o centroavante que eu não gostaria de marcar novamente. Eu falei que era o Serginho Chulapa. E ele foi contratado", disse.
Naquele ano o time tinha o goleiro Carlos, Dunga, atual técnico da seleção brasileira, os remanescentes Casagrande, Zenon, Biro-Biro, Juninho, Wladimir, além de João Paulo (ex-Santos).
Mas no campo, os resultados não vieram. O time foi eliminado precocemente no Campeonato Brasileiro, em um grupo que tinha Joinville, Sport e Coritiba. No Campeonato Paulista, a equipe sequer chegou às semifinais.
Hugo de Leon em 2009 - Miguel Rojo-16.jul.2009/AFP - Miguel Rojo-16.jul.2009/AFP
Imagem: Miguel Rojo-16.jul.2009/AFP
O contrato de De León, que era de dois anos, foi interrompido no fim daquele mesmo ano, o que provocou um litígio entre o jogador e o clube. "Fiquei um ano e não me respeitaram. Na verdade meu contrato era de dois anos e dividiram para um. Nunca me deram a cópia do segundo contrato. Tentaram mudar, eu não aceitei e acabei saindo. Houve uma mudança na direção. Saiu o Waldemar Pires e entrou o Roberto Pasqua. Não cumpriram o que era o meu acerto com a antiga direção e eu não aceitei a mudança", lembra.
Hugo de Leon capa da Placar - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
De León disse que esse final estava longe de seus planos. "Eu cheguei ao Corinthians com grande euforia e acabei saindo com problema, sendo que foi o único clube que eu saí com problema. Eu esperei os dois meses de carência da antiga Lei do Passe e quando o passe foi para a federação, paguei o que estava estipulado e fiquei com ele. Foi quando eu me transferi para o Santos.
No ano seguinte, além de De León, Serginho e Dunga também se transferiram para a Vila Belmiro.
Atualmente, De León, que completa 57 anos neste sábado, tem um projeto para crianças em idade escolar, de inclusão social via esporte nas escolas. "Será apresentado em dois Estados, no Amazonas e no Rio Grande do Sul".