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Com Wesley no SP, Palmeiras tenta na Justiça se livrar de dívida de R$ 21mi

01.mar.2015 - Volante Wesley é anunciado no site oficial do São Paulo como novo reforço do time para a temporada 2015 - Divulgação/saopaulofc.net
01.mar.2015 - Volante Wesley é anunciado no site oficial do São Paulo como novo reforço do time para a temporada 2015 Imagem: Divulgação/saopaulofc.net

Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

03/03/2015 06h00

Wesley já é jogador do São Paulo, depois de defender o Palmeiras por três anos. O alviverde, porém, nunca desembolsou os 6 milhões de euros pela sua contratação do Werder Bremen (ALE). Quem fez os pagamentos foi Antenor Angeloni, presidente do Criciúma, que agora cobra ressarcimento na Justiça. O clube paulista, ação, tenta se livrar da incômoda possibilidade de precisar pagar R$ 21 milhões por um atleta que já defende um dos maiores rivais.

No final do ano passado, a pedido do juiz responsável pelo processo, um perito judicial calculou em R$ 21 milhões o valor atualizado da dívida - ambas as partes contestam (o Palmeiras quer menos; Angeloni, mais).

Ao contestar este laudo, o Palmeiras afirma que nunca se comprometeu a pagar 6 milhões de euros por Wesley. Diz que a ideia inicial era utilizar o crowdfunding - um projeto no qual torcedores bancariam a contratação - em parceria com a empresa MOP do Brasil. A iniciativa foi um fiasco, arrecadando apenas R$ 800 mil. Depois disso, segundo o clube, foi a empresa que decidiu colocar Angeloni no negócio.

"A contratação de Wesley envolveu uma parceria entre o clube e a empresa MOP DO BRASIL S.A. que, por sua conta e risco, resolveu por bem inserir a ANGELONI na operação. Justamente em razão desta parceria, o PALMEIRAS jamais se comprometeu a desembolsar qualquer valor para a contratação de Wesley. O clube apenas aceitou que a operação seria viabilizada pelo projeto apresentado pela MOPBR" diz a argumentação do alviverde.

Ainda segundo o Palmeiras, não existe nenhum documento assinado que comprove a dívida do clube com Angeloni - apenas a cessão de parte dos direitos econômicos de Wesley. O UOL Esporte teve acesso a documentos da negociação: existe um contrato que estabelece a garantia prestada pelo empresário, mas ele de fato não conta com a assinatura do então presidente palmeirense, Arnaldo Tirone. As trocas de e-mail autorizando a operação tem a assinatura do ex-vice de futebol Roberto Frizzo, do vice financeiro, Walter Munhoz, e do diretor financeiro Jorge Vacarini.

Angeloni, por sua vez, diz que foi o Palmeiras que o procurou - a garantia bancária era uma exigência do Werder Bremen - após o fracasso da experiência com o crowdfunding. Por e-mail, representantes do empresário tentaram acertar com o alviverde a parte burocrática do acordo durante vários meses, sem sucesso.

O processo ainda não foi julgado em primeira instância; Angeloni chegou a conseguir a penhora de receitas de televisão do clube, mas o departamento jurídico do Palmeiras conseguiu reverter a decisão. Nesta segunda, o Palmeiras ofereceu como garantia, caso perca a ação, os direitos econômicos de Cleiton Xavier.

André Barros, sócio -fundador da MOP do Brasil e que falava pela empresa em 2012, disse que não faz mais parte dela e não sabe do andamento do caso. Na época, a MOP a já havia dito em um comunicado que não tinha responsabilidade de arcar com a contratação. "O MOP (My Own Player) esclarece, diante de informações equivocadas que circulam na imprensa, que cumpriu com as obrigações contratuais que lhe couberam no projeto Wesley no Verdão, enquanto ele estava vigente. Tais obrigações consistiram no desenvolvimento da campanha de captação junto à torcida por meio de plataforma de crowndfunding, em prazo pré estabelecido"

O Palmeiras tem como política não comentar ações judiciais em curso. Procurados pelo UOL Esporte, Arnaldo Tirone (ex-presidente), Roberto Frizzo (ex-vice de futebol), Piraci Oliveira (ex-diretor jurídico) e Walter Munhoz (ex-vice presidente financeiro), que participaram das negociações pela diretoria do Palmeiras não quiseram falar sobre o assunto.

Enquanto isso, Wesley começa os treinamentos no São Paulo. O volante só poderá atuar no Paulistão em abril - as inscrições para a primeira fase já se encerraram. Pela Libertadores, poderá estar em campo em maio, a partir das oitavas de final.