Topo

Romário detona fair play financeiro da CBF: "É um deboche"

Romário chamou de "deboche" o novo fair play financeiro da CBF para o Campeonato Brasileiro - Pedro Ladeira/Folhapress
Romário chamou de "deboche" o novo fair play financeiro da CBF para o Campeonato Brasileiro Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

03/03/2015 20h19

Os desentendimentos entre o ex-jogador e hoje senador Romário (PSB-RJ) e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não são novidades, e o “Baixinho” resolveu atacar a entidade, mais uma vez, pelas redes sociais. O motivo da vez é o fair play financeiro imposto para o Brasileirão 2015, em que os clubes poderão perder pontos caso não paguem salários.

Na última segunda-feira (2), após uma reunião com deputados e clubes, a CBF anunciou a inclusão de uma regra que prevê a perda de pontos para as equipes que não pagarem salários de jogadores. A medida, no entanto, ainda não entrou no regulamento do Campeonato Brasileiro.

A proposta da CBF é idêntica à utilizada no Campeonato Paulista. Dessa maneira, os jogadores precisariam denunciar a inadimplência de seus empregadores. A partir daí, o caso chegaria ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para que uma possível punição ao clube seja colocada em prática.

Nas redes sociais, Romário acusou a CBF de tentar fazer uma manobra para que, em dois anos, “tudo volte a ser como era antes”. Na visão do senador, a medida da entidade teria como objetivo convencer o Governo Federal a desistir de enviar uma Medida Provisória ao Congresso Nacional com propostas de mudanças para o futebol nacional.

Segundo Romário, caso a Medida Provisória não seja enviada e, consequentemente, uma lei não exista prevendo as mudanças, a CBF poderia, no prazo de dois anos, retirar o fair play financeiro do regulamento da competição.

Confira a declaração de Romário nas redes sociais:

Galera,

Muitos devem estar se perguntando por que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aprovou de “uma hora para outra” o fair play financeiro já para o Campeonato Brasileiro de 2015. As regras propostas por eles, na última segunda-feira, irão retirar pontos dos clubes que tiverem dívidas trabalhistas. A medida parece excelente, mas qualquer medida moralizadora vinda dos atuais gestores da entidade devem ser vistas com suspeição. Logo, não acreditem na boa vontade da CBF.

O que eles estão fazendo não passa de um deboche. Explico. Há mais de um ano, debatemos no Congresso Nacional uma medida para resolver o endividamento dos clubes brasileiros. Atolados em dívidas, causadas por má gestão, os clubes brasileiros estão à beira da falência. Logo, o futebol do Brasil também. O problema é que se o Governo apenas anistiar ou refinanciar as dívidas dos clubes, sem contrapartidas que exijam transparência e boa gestão, eles estarão endividados em poucos anos novamente. Uma das principais exigências para o parcelamento das dívidas é que os clubes estejam adimplentes para participar de competições. O não pagamento de dívidas trabalhistas ou das parcelas com o Governo acarretaria em perda de pontos ou até mesmo no rebaixamento de série. A CBF sempre foi contra e trabalhou enquanto pode, por debaixo dos panos, para que no texto da Câmara não constasse este item.

Mas o Governo está para enviar uma Medida Provisória para o Congresso Nacional sobre o assunto. Até onde fui informado, o fair play financeiro já consta no texto da MP. Aí é que está o pulo do gato. Sem saída, a CBF dá sua cartada final para evitar que o texto vire lei. Ao se antecipar, eles podem alegar que já implementaram as medidas, por isso elas não precisariam ser aprovadas no Congresso.

Sem uma lei definitiva, no prazo de dois anos, a entidade poderá retirar do texto o fair play financeiro. E tudo voltar a ser como era antes. É ou não é um deboche?