A Ásia tirou a renovação de Dunga do Brasil. Ele se importará com isso?
O centroavante titular e os dois melhores jogadores do atual bicampeão brasileiro trocaram o futebol verde-amarelo pela experiência no mercado asiático. Nesta quinta, quando fizer a primeira convocação da seleção brasileira em 2015, Dunga terá de esclarecer uma dúvida imediata. Ele seguirá olhando para Everton Ribeiro, Ricardo Goulart e Diego Tardelli, que se mudaram para Emirados Árabes e China?
Os primeiros sinais são positivos para o trio. “Cada vez mais o futebol é globalizado. Os mercados mudam de endereço. Quando comecei a jogar, o mercado era a Europa, mais especialmente a Itália. Logo em, seguida, foram para os países da chamada cortina de ferro. Agora, chegou a vez da China”, disse Dunga na última segunda, na coletiva de lançamento da nova patrocinadora da CBF, a Chevrolet.
A questão é saber se todos estarão presentes e que espaço terão. Tardelli, por exemplo, terminou 2014 como titular absoluto do time, com direito a gols contra a Argentina e elogios de Dunga. Hoje no Shandong Luneng, time comandado por Cuca, ele terá o mesmo espaço com Luiz Adriano em destaque no Shakhtar Donetsk, na disputa das oitavas da Liga dos Campeões contra o Bayern?
Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, por sua vez, começaram o ciclo como formação reserva do meio-campo de Dunga, atrás apenas de Willian e Oscar. O primeiro chegou a sonhar com o Manchester United, mas fechou mesmo com o Al-Ahli, dos Emirados, para ganhar R$ 1 milhão por mês.
Goulart, seu fiel escudeiro no Cruzeiro que dominou os dois últimos Brasileiros, foi para o Ghangzou Evergrande, da China, por 15 milhões de euros (R$ 48 milhões). Os dois suportarão a concorrência de Philippe Coutinho, que vem decidindo jogos e impressionando pelo Liverpool no forte Campeonato Inglês?
“Já tive um contato com alguém da seleção, isso me deixou mais tranquilo em uma possível transferência para o futebol chinês. Deixei uma boa imagem na seleção e acho que o Dunga é bem coerente nisso, com os jogadores que estão fora do país. Sobre isso, me deixaram bem tranquilo”, disse Diego Tardelli no começo do ano, quando ainda nem tinha fechado com o Shandong Luneng.
De fato, o histórico de Dunga permite imaginar essa opção. Nos tempos de volante, ele foi à Copa do Mundo de 1998 como jogador do Jubilo Iwata, do Japão, e nem por isso perdeu a faixa de capitão. Como técnico, em sua primeira passagem, olhou pela primeira vez para clubes da Rússia e da Ucrânia, movimento que seria repetido dali em diante por todos os seus sucessores.
“Sem dúvida eles não têm a malícia que o sul-americano tem. Mas para quem é jogador, a pior coisa é jogar com quem não tem essa experiência. No futebol tem movimentos que são automáticos. O jogador vai até a linha de fundo e você sabe que ele vai cruzar. Quem é desses lugares não. Eles erram as coisas mais fáceis e acertam a mais difícil”, disse Dunga, que apontou essa inexperiência como um ponto positivo.
“O desgaste psicológico, mental e físico às vezes é muito maior onde nem todo mundo sabe jogar”, disse Dunga, que convocará a seleção para os amistosos contra França e Chile, em 26 e 29 de março, em Paris e Londres, respectivamente.
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