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Com cargo fictício e fora de estatuto, Andrés controla até base corintiana

Andrés é superintendente de futebol da nova administração do Corinthians - Junior Lago/UOL
Andrés é superintendente de futebol da nova administração do Corinthians Imagem: Junior Lago/UOL

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

06/03/2015 06h00

Chamado de "fogo amigo" na gestão de Mário Gobbi, o ex-presidente Andrés Sanchez é membro da nova diretoria que assumiu o Corinthians há cerca de um mês. Mas, na prática, o cargo ocupado por ele não existe - e parece provocar dúvidas. 

No início da gestão Roberto, Andrés constava no site oficial do clube como superintendente de futebol. Estava, inclusive, hierarquicamente acima do diretor de futebol Sérgio Janikian. Recentemente, porém, o nome de Sanchez foi retirado da página. 

De acordo com o estatuto do Corinthians, o departamento de futebol deve ser comandado por um diretor e um diretor adjunto. A contratação de reforços, por exemplo, só pode ser assinada pelo presidente Roberto de Andrade e por Janikian. Não há superintendente. 

"Eu sou como um consultor, um assessor. Isso não é mesmo um cargo. Esse nome de superintendente foi o Roberto quem criou", explica Andrés em contato com o UOL Esporte

Na avaliação de um diretor do clube, trata-se de uma relação de confiança entre as duas principais autoridades do clube nesse momento. "O Andrés é o olho do Roberto no futebol, mas o Roberto é o olho dele no clube, enquanto está em Brasília (como deputado federal). Mas, no final, quem assina é sempre o Roberto", explica.

Em dois episódios, ao menos, essa lógica se inverteu. Na negociação sobre o transporte para a torcida do São Paulo no último clássico, por exemplo, foi Andrés quem intercedeu com o presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar. Já na posse de Roberto, em 7 de fevereiro, foi o ex-presidente quem pediu a palavra em algumas perguntas direcionadas ao colega. Na ocasião, Sanchez chegou a dizer que não teria cargo nessa administração. 

Ao longo da gestão Gobbi, Andrés cogitou ser candidato a vice-presidente de Roberto, mas descobriu que isso não seria possível no estatuto do clube. Também se cogitou que seria o diretor de futebol, mas a necessidade de se dedicar à função de deputado federal e uma possível repercussão negativa fizeram com que a chapa optasse pela função de superintendente.

Dentro do raio de ação dele, agora, também estão as divisões de base. É previsto a Andrés gerenciar o setor, mas após 10 dias desde a volta das férias ele ainda não fez nenhuma visita. Segundo amigos, a ideia do ex-presidente é manter certo controle político e apenas interferir em situações eventuais. 

Em dezembro, Andrés deu declaração emblemática sobre a influência que tem sobre o Corinthians. "Se tenho algum poder hoje é porque fiz por merecer. Não administro o clube de Higienópolis, do Morumbi. Tem que estar no clube. Tem que estar dentro do clube e estou dentro do clube".