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Como a base foi pivô na queda de três dos últimos técnicos do Santos

Ricardo Nogueira/Folhapress
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

06/03/2015 06h00

A categoria de base mais famosa do futebol brasileiro e que revelou Neymar, Robinho, Diego, Ganso e companhia, pode levar um treinador do céu ao inferno na Vila Belmiro. O técnico Enderson Moreira entra para a lista dos treinadores que foram demitidos do Santos por causa de polêmicas relacionadas com os atletas revelados no clube.

Enderson, inclusive, é o terceiro técnico, entre os quatro últimos do alvinegro praiano, que cai com a base como pivô. Além dele, Dorival Júnior, Muricy Ramalho e Oswaldo de Oliveira, tiveram os “Meninos da Vila” envolvidos na demissão.

Dorival foi o caso mais emblemático. Após lançar e consolidar a geração Neymar e Ganso em 2010, o treinador foi demitido depois de entrar em rota de colisão com o atual camisa 11 do Barcelona.

O treinador foi xingado por Neymar nos minutos finais de um jogo contra o Atlético-GO por tê-lo proibido de cobrar um pênalti.  No dia seguinte, Dorival não aceitou apenas a punição no salário do atleta e pediu o afastamento do atacante por tempo indeterminado. Resultado? Ele foi demitido por insubordinação.

Muricy Ramalho foi o segundo deles. O atual técnico do São Paulo enfrentou a ira de dirigentes e conselheiros do Santos por utilizar poucos jogadores da base e, principalmente, por criticar os “pratas da casa” em público.

Victor Andrade e Felipe Anderson foram os principais alvos do técnico, que chegou a chamá-los de “eterna promessa e projeto de jogador”. As críticas em público lembram o caso de Enderson, já que a então diretoria reprovou a atitude de Muricy, alegando que o técnico estava denegrindo o patrimônio do clube.

“Ele é um projeto de jogador. Todo dia eu bato nele para ele ter humildade, mas vai demorar muito para ele ser um jogador. Dizem que ele é o fera e ele não é. Muitos falam o que ele quer ouvir, e eu falo o que será bom para a sua carreira”, disse Muricy sobre Victor Andrade na época.

Mas a lista de renegados de Muricy chegava a 18 jogadores em 2012 no Santos. A relação de atletas preteridos contava com: Dimba, Breitner, Tiago Alves, Geuvânio [atacantes]; Felipe Anderson, Anderson Carvalho, Alan Santos, Alison, Pedro Castro e Leandrinho [meio-campo]; Crystian, Douglas, Paulo Henrique e Emerson Palmieri [laterais], Jubal, Rafael Caldeira e Gustavo Henrique [zagueiros] e Felipe [goleiro].

Após pressão de conselheiros e torcedores, a diretoria santista demitiu Muricy Ramalho por telefone.

Já Oswaldo de Oliveira foi demitido por fazer o inverso. O atual técnico do Palmeiras subiu todos os bicampeões da Copa São Paulo de Futebol Júnior no início de 2014, utilizou a maioria deles e despertou a ira da ex-diretoria santista ao barrar Leandro Damião, a contratação mais cara da história do Santos, para escalar Gabigol. Mesmo com bons resultados e após uma vitória contra o Botafogo no Rio de Janeiro, Oswaldo foi demitido.

Enderson, por sua vez, foi demitido após criticar os atletas da base em público, principalmente o atacante Gabriel Barbosa. O descontentamento do elenco com Enderson era notório. Os jogadores mais experientes não suportavam a maneira como o técnico se portava perante sobretudo com os mais jovens.

Horas antes de ser demitido, Enderson deu dura no zagueiro Gustavo Henrique. Após o atleta errar um passe, o técnico gritou: “Está na pu... desgraçada”. Os jogadores ficaram revoltados com a atitude do técnico e, por isso, o denunciaram a diretoria. O presidente Modesto Roma nega que houve complô contra o comandante, mas demitiu o treinador minutos depois.