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'Ibrahimovic da Bahia' rodou o mundo. Agora faz juras de amor ao Nordeste

Felipe Oliveira / Divulgação
Imagem: Felipe Oliveira / Divulgação

André Uzêda

Do UOL, de Salvador

10/03/2015 06h00

Os cabelos são tão longos quanto a atribulada carreira. Em 13 anos no futebol, Leonardo Gamalho de Souza, 29, já defendeu 14 diferentes agremiações.

O périplo, iniciado no sul do país e tarimbado em campos portenhos, cruzou também as mornas águas lusitanas e percorreu os vales da China. De lá veio prestígio e dinheiro, conquanto, seria no Nordeste do Brasil que alcançaria a consagração definitiva.

Após passagens por Internacional e River Plate, Léo Gamalho não esconde a paixão que nutre pela região. O Bahia é o sexto clube nordestino que este gaúcho, nascido em Porto Alegre, defende. Precederam América-RN, ABC, ASA, Ceará e Santa Cruz -- neste último, na temporada passada, marcou 32 gols no ano, tornando-se o vice-artilheiro do país.

Foi no Santinha que ganhou o apelido de 'Samurai do Arruda'. Uma relação estabelecida entre o nome do estádio pernambucano e o cabelo em coque adotado como visual pelo centroavante.

"Minha esposa adora o Nordeste, nossa adaptação sempre foi muito boa. Gosto muito desse calor do torcedor, isso me incentiva bastante em campo. Aqui o pessoal é muito mais fanático. O futebol ferve", disse Gamalho, no dia da sua apresentação no Esquadrão.

Sua história com o tricolor parece envolver um quê de predestinação e persistência.

Gamalho só fechou este ano com o Bahia após uma barbeiragem da diretoria. O nome buscado era do centroavante Jael, que estava no Joinville. Antes do contrato ser sacramentado, Jael foi anunciado no site oficial do clube com toda pompa possível. Resultado: o atacante pediu mais e a negociação melou.

Foi aí que o nome de Gamalho foi lembrado para reparar uma dívida histórica.

Em 2007, quando o Bahia disputava a Terceira Divisão do Brasileiro, e enfrentava uma crise que quase levou o clube ao debacle financeiro, o atacante, sem clube, veio morar com o pai em Salvador.

Humilde, precisando de emprego para sustentar a mulher grávida, levou um DVD com seus melhores momentos para o técnico Arthurzinho. O treinador do Bahia, ao que consta, não gostou da seleção das imagens e dispensou a contratação.

"Foi um momento delicado. Estava sem clube e vim morar com meu pai em um apartamento de apenas um quarto, com minha mulher grávida. Como eu não tinha amigos aqui em Salvador, para me condicionar eu ia jogar bola no Jardim dos Namorados (parque próximo da orla da capital baiana). Tinha o sonho de jogar no Bahia. Cheguei a vir ver os caras treinando, entreguei um DVD, mas não evoluiu. Foi uma situação muito difícil, mas me deu força para seguir no futuro. Desde 2007, eu desejava jogar aqui. Hoje estou feliz em poder realizar", disse o atacante.

'Gamalhovic'

Seu início no Bahia em 2015 foi complicado. Gamalho demorou para encontrar o doce caminho das redes. O primeiro só viria a sair após passar quatro partidas em branco.

A reserva gerou acúmulo. Contra o Feirense, no último domingo, foram três gols no triunfo por 7 a 1 que o Bahia aplicou no pobre adversário. Todos os gols de Gamalho foram com assistência de Kieza (Ex-Cruzeiro e Fluminense).

"Temos feito uma excelente parceria. Ele é um ótimo jogador e temos nos encaixado bem. Com mais treino e sequência de jogos vamos passar a nos conhecer só de olhar. Isso é muito bom para o Bahia", defende.

O trio de ataque, formado ainda pelo argentino Máxi Bianccuchi, ganhou nas redes sociais o apelido de 'KLB'. E Gamalho, pelas semelhanças físicas com o sueco Zlatan Ibrahimovi?, foi coroado com a corruptela de 'zLÉOtan Gamalhovic'.

Alheio a twitter, instagram, facebook e outros tantos aplicativos oferecidos pelos gadgets da vida, o gaúcho diz não se importar com apelidos.

"Pode me chamar do que quiser desde que não seja sacanagem", ri, antes de relembrar situações constrangedoras pelas quais já passou por conta das alcunhas recebidas.

"Quando vou jogar o pessoal fica chamando ô Ibra, ô Ibra, ô Ibra... Ô Samurai. Puxa, véi. Até quando saio com minha esposa ficou ouvindo esses nomes", brinca.

Artilheiro do Bahia no estadual, com quatro gols, o atacante aproveita a boa fase para afirmar que vai brigar pela artilharia do clube.

"Meu desejo é continuar fazendo gols para ajudar o Bahia. Ainda não marquei na Copa do Nordeste e quero marcar o quanto antes. Quantos mais gols fizer, mais posso ajudar o clube".