Como as declarações de Muricy mudaram o São Paulo desde quinta-feira
As inesperadas declarações de Muricy Ramalho ainda no Morumbi, após vitória sobre o São Bento, na última quinta-feira, fizeram com que houvesse mudanças no futebol do São Paulo desde então. O pedido por "paz para trabalhar" acompanhado da exposição de uma "divisão" dentro da diretoria e da existência de "forças" para tirá-lo do cargo fez com que os dias no CT da Barra Funda fossem diferentes. Algo que, agora, a comissão técnica comemora.
Um dos pontos que incomodava Muricy era ver dirigentes e outras pessoas que não faziam parte do departamento de futebol no dia a dia do CT da Barra Funda. O técnico não colocou isso com todas as palavras na quinta-feira, mas se queixou que o ambiente estava "muito aberto", e não fechado como até o fim de 2014. De sexta-feira até aqui, esse problema foi resolvido só com a indireta do treinador.
Muricy não se incomoda em ter que conviver com outros dirigentes ou ter que apertar a mão e conversar com pessoas que pouco ou não conhece. Se incomoda por não poder comandar o treino da forma que considera ideal: com mais gente no CT, fica difícil cobrar de forma mais intensa e específica um jogador durante a atividade, por exemplo. Fora aquilo que considera um excesso de exposição da rotina de trabalho da equipe.
Ponto determinante para a paz que foi suprimido pelas declarações de Muricy Ramalho foi um protesto da principal torcida organizada do São Paulo, marcado para o último sábado, véspera do confronto contra a Ponte Preta, no CT. O técnico disse na quinta que "é estranho" ver a organizada o criticar intensamente meses depois de apoiá-lo com a mesma força, questionou o discurso desafinado entre organizada e torcedores comuns e fez pairar desconfiança sobre a sinceridade das manifestações nas arquibancadas. A organizada recuou e não protestou.
Em outra oportunidade, antes da partida contra o Corinthians no Morumbi, a organizada marcou um protesto e pretendia até entrar no CT na véspera da partida. A diretoria de futebol, então, teve de tirar o time do local e levar a atividade para o Morumbi, onde a torcida teve a entrada liberada e os jogadores foram preservados. Apesar de concordar com a ideia de levar o treino para o Morumbi naquele dia - iniciativa do vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro -, Muricy ficou muito desapontado com o que pareceu um incentivo aos organizados para que o protesto fosse realizado no CT.
O que também mudou desde quinta-feira é que Muricy parou de ouvir de seus interlocutores que determinados dirigentes do clube estariam insatisfeitos com seu trabalho. Suas críticas e o racha citados sem mencionar nomes atingiram quem o técnico pretendia atingir. Na sexta-feira e no sábado houve, como o técnico pediu, paz no CT.
Ainda na manhã de sexta-feira, o presidente Carlos Miguel Aidar emitiu nota oficial na qual declarava apoio integral a Muricy Ramalho. Falou que o respaldo ao técnico é unânime no clube - algo que o próprio Muricy havia citado de forma contrária - e disse que, se puder, renovará o contrato do treinador no fim deste ano. Apoio público horas depois do racha admitido, e Muricy ganhou fôlego e tranquilidade até o jogo contra o San Lorenzo (ARG), pela Copa Libertadores, nesta quarta-feira.
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