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"Dono" de clube e de 30 atletas. Como Gabriel O Pensador entrou no futebol

Gabriel Xavier ao lado de Gabriel O Pensador, no Cruzeiro - Washington Alves / Light Press
Gabriel Xavier ao lado de Gabriel O Pensador, no Cruzeiro Imagem: Washington Alves / Light Press

Vagner Magalhães e Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

17/03/2015 12h00

Em 1992, o rapper Gabriel O Pensador despontou nacionalmente com a música "Tô Feliz (Matei o Presidente)". A composição foi censurada pelo Ministério da Justiça cinco dias depois de ser levada às rádios em uma fita demo. No período, chegou a ficar entre as mais tocadas nas rádios brasileiras. Naquela época, o país vivia o período que antecedeu ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, então filiado ao PRN (Partido da Reconstrução Nacional). Posteriormente, a música foi liberada e fez parte do seu primeiro disco.

Passados quase 23 anos, Gabriel ainda tem a música como sua atividade principal. Mas nos últimos anos se envolveu com o futebol. Ele atua como empresário de jogadores e firmou uma parceria com o pequeno Novo Horizonte, de Esteio, no Rio Grande do Sul. Lá, tem cerca de 100 jogadores nas categorias de base. Entre os profissionais, conta com cerca de 30 jogadores, em outros clubes.
 
Há pouco mais de um mês, muitos se surpreenderam na apresentação do meia Gabriel Xavier, que trocou a Portuguesa pelo Cruzeiro. Na sua chegada à Toca da Raposa, enquanto o jogador posava mostrando a nova camisa aos fotógrafos e cinegrafistas, Pensador estava ao seu lado. 
 
O rapper relembra como foi o seu começo com o esporte. "Eu tinha um trabalho na Rocinha. Era uma ONG que durou sete anos com música, com break, rap, artes (...) Tinha alguns garotos da ONG que queriam jogar bola. Mas eu não tinha nada a ver com isso (...) Até que um garoto de fora da ONG queria fazer um teste e pediu ajuda. Eu mandei ele para um empresário de futebol olhar. Foram três meninos. Mas não deu certo. Um era muito velho, o outro muito fraco..."
 

Ele conta que esse empresário (Jorge Machado) pediu então para que ele organizasse uma peneira. Assim ele poderia ver a garotada em ação. "Eu chamei vários conhecidos com os seus projetos e organizei a parada. Acabei conhecendo alguns boleiros. Um dos treinadores me convenceu a montar um time. Era um cara que já tinha trabalhado com competição. Ele ficou um tempo com a gente e montamos  um time. Hoje o meu clube é o Novo Horizonte. Eu conheci muita gente no futebol", afirma ele, que diz entrar aos poucos no mercado de "jogadores prontos".
 
"Hoje estamos trabalhando com alguns jogadores que vieram da época do nosso do juvenil. Tem outros que vieram depois, de forma diferente. Por exemplo, o Kaká, da Cabofriense, que era um jogador que atuava no Fortaleza e veio para cá. Tem outro que veio do Espírito Santo e colocamos no Cruzeiro, depois no Internacional. Foi essa história toda que me colocou no futebol. Hoje eu tenho a empresa 'Pensador Futebol'. Mas não sou agente Fifa", diz.
 
Gabriel conta que a sua profissão principal ainda é a música, mas que em alguns momentos o futebol acaba tomando mais o seu tempo. "Por exemplo, em janeiro tem os clubes nos estaduais, tem os garotos mais jovens que a gente estava tirando de um clube para o outro. Eu tenho de ver como eu divido as coisas. Aí fica faltando tempo para fazer outras coisas, para tirar onda, para escrever..."
 
O músico diz que pelo menos por enquanto não pretende abandonar o cenário musical. "Eu me inspiro em cantores que tem uma carreira longa, como o Jorge Benjor. Não pretendo parar nunca com a música. Com o futebol, gosto de trabalhar com parceiros e estamos tentando dar saltos maiores". 
 
Ele afirma que somente neste ano tem dado mais atenção ao futebol profissional. "Indiquei para o Ney Franco, do Vitória, o Hugo. Este ano levamos o Gabriel Xavier para o Cruzeiro". Apesar de flamenguista declarado, o clube não terá prioridade em futuras negociações. "Eu comentei com o Luxemburgo, com o pessoal do Vasco e do Botafogo sobre o meia esquerda Kaká, 21 anos , da Cabofriense. Eu falei para eles ficarem de olho. Eu não fico forçando. Falo porque é um jogador nosso", diz.
 
Gabriel diz que a sua experiência como empresário se deu na prática e que não fez nenhum curso de gestão esportiva. "São muitas coisas para se administrar e a gente tenta fazer o melhor possível para dar o suporte no que eles precisam", finaliza.

*Colaborou Guilherme Ceciliano, do UOL, em São Paulo
 
gabriel pensador - Cassiano de Sousa-13.abr.2013/UOL - Cassiano de Sousa-13.abr.2013/UOL
Imagem: Cassiano de Sousa-13.abr.2013/UOL