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Comparado a Balotelli fica longe das baladas e controla 'problema genético'

Yuri Mamute se diz "um novo homem" e quer distância das baladas - Marinho Saldanha/UOL
Yuri Mamute se diz 'um novo homem' e quer distância das baladas Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

18/03/2015 06h00

Ouvir Yuri Souza Almeida sem qualquer outro nome acompanhando é perceber um atleta que admite que errou e busca corrigir sua trajetória para se tornar o grande jogador que se apresenta desde os primeiros chutes. E a tese se reforça ao lembrar a alcunha dada a ele quando, com poucos dias de vida, foi visitado pelo tio Bispo. "Parece um Mamutinho", falou ao ver o menino que nasceu com [pasmem] 5,3 kg. Yuri cresceu como Mamute. Tropeçou. Caiu. E levantou. Hoje, a comparação feita pela imprensa italiana a Balotelli soa interessante só dentro de campo. Fora dele, é um 'novo homem'. 

A mudança de Yuri partiu da religião. Apresentado à igreja por Matheus Biteco [volante do Grêmio] e pela esposa, atualmente é frequente em cultos, foi batizado evangélico e largou qualquer badalação. Não pensa duas vezes ao afirmar que 'só queria usufruir' no passado e atualmente pensa de fato na carreira. Nem sonha com baladas ou extravagâncias comuns ao Balotelli original. 
 
Outro ponto que pesou para o 'renascimento' de Mamute foi a chegada do filho. O pequeno Joaquim, de um mês, deu responsabilidade ao garoto de apenas 19 anos, que busca se firmar no time com a humildade de quem sabe de onde veio.
 
E para se tornar o jogador que as seleções de base do Brasil e o Grêmio esperam, precisa controlar o que define como 'problema genético'. A tendência a engordar. "Puxei pela minha mãe. É de família", brinca o robusto atacante que concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte. 
 
UOL Esporte: O que mudou na sua vida para você deixar de ser 'dispensável' [foi cedido ao Botafogo em 2014 e seria negociado novamente neste ano] e passar a ser uma das primeiras opções no Grêmio?
Mamute: Primeiramente Deus. Eu conheci Deus, aceitei de todo coração, fui batizado nas águas, e a partir daí minha vida mudou totalmente. Através do meu amigo Matheus [Biteco, volante do Grêmio que passa por um período de adaptação na Alemanha], da minha esposa, a partir daí tudo começou. Fui para igreja e fui me afirmando. Tive um momento de recaída. Agora quando voltei ao Grêmio, me entreguei, o Matheus me ajudou muito, e o nascimento do meu filho, tudo mudou na minha vida e posso dizer que sou um novo homem. 
 
UOL Esporte: Você virou pai bastante jovem... Como está sua nova vida?
Mamute: É ótimo, uma benção de Deus. Ele tem um mês e quatro dias, o nome é Joaquim. Estou muito feliz. Chego em casa, dou abraço nele e na esposa. Descanso e volto a trabalhar. 
 
UOL Esporte: Qual a importância do Felipão neste processo de retorno? 
Mamute: Na verdade foi um envolvimento de todos. Eu não ia ser utilizado. O Machado [Jorge, empresário] e o Escuro [também empresário] me ajudaram. Depois o Felipão e a comissão toda me deram oportunidade, me receberam com carinho, e estou conseguindo aproveitar da melhor maneira. 
 
UOL Esporte: O peso da fama nas categorias de base também te atrapalhou de alguma forma? Todos esperam e falam de você desde muito cedo, virou profissional com 16 anos...
Mamute: O que mais me atrapalhou fui eu mesmo. Não tinha aceitado Jesus, minha vida estava virada de ponta cabeça, só queria usufruir e se esquecia de jogar. Depois que meu filho nasceu, conheci Jesus e minha vida mudou totalmente. Hoje eu tenho fé, não deixo as oportunidades passarem, aproveito ao máximo. Eu tive chance. Fui um cara que não aproveitei. Mas dei a volta por cima e vou continuar dando sequência. 
 
UOL Esporte: Quando surgiu o apelido 'Mamute'? Alguma vez incomodou? 
Mamute: Me chamaram de Mamute logo que nasci. Meu tio Bispo. Eu nasci com 5,3 kg. Meu tio me viu e falou: Nossa, parece um Mamutinho. Até hoje está Mamute. Minha mãe aceitou e está até hoje. Não me incomoda. 
 
UOL Esporte: Em 2013, com a seleção brasileira, você foi goleador e destaque do Torneio de Toulon, na França. Lá, a imprensa italiana começou a chamar você de 'Mamutelli', em comparação ao atacante Mario Balotelli. O que você acha dele e da comparação?
Mamute: Fico feliz de ser comprado com Balotelli dentro decampo. Como jogador, eu gosto muito dele. Quando entra, sabe o que tem que fazer. Mas só dentro de campo. Fora de campo não é a minha. Fora, não costumo procurar nada da vida dele. Só dentro de campo. 
 
UOL Esporte: Você teve problemas de peso no Grêmio, não é? O Vanderlei Luxemburgo falou muito sobre isso em 2012...
Mamute: O professor Luxemburgo me ajudou muito na vida. Com o problema de peso, e também me deu os melhores conselhos. Acho que é de família o problema de peso. Estou conseguindo me manter trabalhando forte. Quero dar sequência. 
 
UOL Esporte: Não há como ter um mamute magrinho, também...
Mamute: É verdade, Mamute magro não tem como ser, nunca vou ser. Mas estou mantendo o peso. Puxei pela minha mãe, é um problema genético, é de família. Tenho essa facilidade de engordar. 
 
UOL Esporte: E seus planos para 2015...
Mamute: Quero aproveitar todas as oportunidades que tenho no clube, procurando evoluir e melhorar. Conquistar um título seria inesquecível. Estou no Grêmio há 10 anos e nunca ganhei um título no profissional. Seria muito gratificante honrar a Deus com este título. Agradeço aos meus empresários, à comissão técnca. Seria maravilhoso. E principalmente à torcida, que eu amo desde pequeno.