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Palmeiras x SP: após briga, Nobre leva a melhor em 5 pontos sobre Aidar

Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

24/03/2015 06h00

"Eu queria dizer que a manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética e demonstra, infelizmente, o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que ano após ano se apequena por demonstrações dessa natureza". A frase, proferida por Carlos Miguel Aidar em abril de 2014, foi o estopim para que as diretorias de Palmeiras e São Paulo cortassem relações .

A briga começou com a contratação de Alan Kardec pelo São Paulo de Aidar, considerada antiética pela cúpula alviverde. A declaração do mandatário são-paulino foi em resposta a esse sentimento, expressado pelo presidente rival, Paulo Nobre.

O clube do Morumbi foi melhor dentro de campo na temporada: foi vice campeão brasileiro, enquanto o rival lutou contra o rebaixamento. Passado quase um ano da briga, entretanto, o presidente alviverde levou a melhor em termos de gest. Hoje, poderia dar cinco respostas a Aidar.

1) Os patrocínios

Tanto São Paulo quanto Palmeiras começaram o ano sem patrocínio máster. O clube do Morumbi tinha negociações avançadas com a Crefisa, mas viu a empresa acertar com o alviverde. Os valores do negócio, inclusive, foram tema de nova troca de farpas. Aidar questionou o valor do acordo do rival: "fecharam por menos da metade disso (do valor que negociaval com o São Paulo)". Nobre respondeu: "talvez fosse mais adequado ele cuidar de sua administração conflituosa e cheia de escândalos".

O Palmeiras ainda ampliou sua parceria com a Crefisa, firmando outro acordo com a Faculdade das Américas. Enquanto isso, o São Paulo ainda trabalha nos bastidores por um parceiro.

2) Público e renda em casa

O Palmeiras tem média de público de 26,4 mil no Paulistão, mais do que o dobro da do São Paulo, de 10,4 mil. Mesmo com preços médios de ingressos mais altos, a renda do alviverde no estadual ultrapassa R$ 12 milhões, contra pouco menos de R$ 5 milhões do rival.

Mesmo na Libertadores, que costuma ser sinônimo de Morumbi lotado, o público do clube comandando por Carlos Miguel Aidar tem sido decepcionante. Os pouco mais de 17 mil torcedores que foram ao jogo contra o Danúbio foram o menor público em 23 anos de disputa da competição continental. A ausência do torcedor são-paulino se deve a preços de ingressos e problemas no sistema de sócio torcedor. No alviverde, o programa sócio torcedor é parte do que explica o Allianz Parque lotado.

3) Sócio torcedor

O programa Avanti, do Palmeiras, está em ascensão, e ultrapassou a marca de 100 mil sócios no começo de março - se tornou, com isso, o segundo programa com mais sócios do Brasil, atrás apenas do Internacional. Atualmente, os membros do Avanti chegam a ocupar mais da metade da torcida em algumas partidas no Allianz Parque.

O São Paulo, enquanto isso, tenta reformular seu programa. Atualmente, tem 35 mil sócios ativos - 53 mil, contabilizando os dependentes. O clube trocou recentemente a empresa que administra a venda de ingressos, o que gerou muitos problemas na compra. Agora, tenta regularizar o funcionamento para investir no crescimento do programa.

4) Relação com torcida organizada

Em abril de 2013, Paulo Nobre cortou relações com as torcidas organizadas do Palmeiras, após atos de vandalismo cometidos contra lojas do clube. Com o passar do tempo, o mandatário alviverde até abriu diálogo com as torcidas, participando de um programa de rádio, mas não reatou as relações. Foi alvo de pressão e protestos durante a campanha do rebaixamento - a torcida chegou a pedir "Fora Nobre".

Aidar, por sua vez, escolheu o caminho oposto, e se aproximou das organizadas são-paulinas. Na estreia na Libertadores, diante do Corinthians, forneceu transporte ao Itaquerão para os torcedores. Participou de desfile de carnaval, e conversou com o presidente da organizada na frente de jornalistas. As facções são-paulinas não estão satisfeita com o time, e já protestaram contra o técnico Muricy Ramalho, o auxiliar Milton Cruz, o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro e o gerente Gustavo Vieira de Oliveira, antes de estabelecer uma trégua.

5) O ambiente político do clube

A gestão de Paulo Nobre conseguiu apaziguar o tradicionalmente ativo ambiente político do Palmeiras. O grupo do mandatário mantém boa relação com o ex-presidente, Mustafá Contursi, que tem influência no conselho deliberativo. No alviverde, sempre existe oposição; em janeiro, entretanto, o grupo União Verde Branca, ligado a Luiz Gonzaga Belluzzo e Wlademir Pescarmona (candidato que disputou as eleições contra Nobre) publicou em seu site uma carta elogiando a postura da diretoria ao contratar Dudu.

No São Paulo, aconteceu o caminho oposto. Depois de muitos anos de paz política durante os mandatos de Juvenal Juvêncio, a oposição começou a acordar com as eleições presidenciais do ano passado. Após ser eleito com o apoio de Juvenal, Aidar incendiou de vez o ambiente ao criticar duramente o antecessor pelo endividamento do clube em entrevista à Folha de S. Paulo. o grupo de Juvenal virou oposição, e a outrora tranquila política do Morumbi passou a ser efervescente.

O confronto em campo

O São Paulo venceu os dois clássicos com o Palmeiras com Aidar e Nobre como presidentes, ambos pelo Brasileirão de 2014. A última vitória alviverde foi em fevereiro do ano passado, quando o rival ainda era comandado por Juvenal Juvêncio. Nesta quarta-feira, o alviverde tem a oportunidade de começar a mudar essa história; o clube do Morumbi de manter a invencibilidade, pelo menos dentro de campo.