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Neymar abandona estilo paizão de T. Silva e vira "capitão parça" na seleção

Neymar agrada companheiros de seleção pelo conhecimento tático demonstrado - João Henrique Marques/UOL
Neymar agrada companheiros de seleção pelo conhecimento tático demonstrado Imagem: João Henrique Marques/UOL

João Henrique Marques

Do UOL, em Paris

25/03/2015 06h00

Na base do “tamo junto”, “joga em mim” ou “vou te consagrar”, Neymar exerce a função de capitão da seleção brasileira. A liderança tem a linguagem boleira, ambição e o conhecimento tático como trunfos. O perfil difere bastante do papel exercido por Thiago Silva, seu antecessor com a braçadeira. No amistoso contra a França, quinta-feira, às 17h (de Brasília), no Stade de France, em Saint-Denis, pela primeira vez os dois vão atuar juntos no time titular desde a mudança no comando. 

Neymar não aborda aspectos pessoais dos jogadores ou mantém relacionamento com a cúpula da CBF. Trocou o estilo paizão de Thiago e só se interessa por falar de futebol. É na bola seu maior respeito.
 
“O Neymar tem uma liderança natural. Nós olhamos para ele e enxergamos alguém que só se importa com a vitória, isso é uma referência. Ele se dá bem com todos os jogadores. É um líder que sabemos que pode fazer a diferença dentro do jogo”, definiu o lateral direito Danilo.
 
“Não respeitamos mais um ou outro por conta da faixa de capitão. O Neymar brinca bastante e tem papel tático importante em nossa visão. Só que o Thiago ainda é visto como um líder que se preocupa com o bem estar do grupo”, comentou o volante Luiz Gustavo.
 
Fechados no quarto de hotel com os companheiros, Neymar quer falar de posicionamento tático e passar recado para que confiem que terão seu auxílio em campo. Se alguém do elenco precisar de lobby com o técnico, chega a prometer.
 
Dentro de campo, o respeito se torna ainda maior. Neymar vai escolhendo os espaços em que deseja atuar conforme o jogo e abusa de uma liberdade que não tem no Barcelona. Por lá, Messi é o capitão, e o brasileiro joga quase sempre fixo na ponta esquerda.
 
O relacionamento com os jogadores da seleção não avança para questões extracampo. Um acompanhamento físico do grupo, preocupação com problemas particulares ou discussões com cartolas não são mais atributos do capitão do Brasil desde que Thiago Silva deixou o posto. 
O zagueiro da seleção gosta do envolvimento de bastidor e está acostumado com o papel de líder. No PSG, por exemplo, leva a braçadeira de capitão mesmo com o sueco Zlatan Ibrahimovic sendo a referência técnica do time. Na seleção, a troca no posto sem comunicado prévio o deixou magoado com Dunga.
 
O relacionamento do defensor com Neymar, no entanto, é bom. Os dois trocam mensagens constantemente pelo telefone. São nelas que Neymar abusa da linguagem boleira que agora toma conta da seleção.
 
“O importante é cada um ajudar com a sua maneira. O Neymar tem contribuição com a bola, orienta os companheiros. O Thiago contribui de outra forma. A faixa de seleção hoje é só um ato simbólico”, destacou o volante Elias.