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Rival do Brasil, França quase parou a Alemanha do 7 a 1. Entenda por quê

Griezmann em ação contra a Alemanha; atacante do Atlético de Madri é arma francesa - Julio Cesar Guimaraes/UOL
Griezmann em ação contra a Alemanha; atacante do Atlético de Madri é arma francesa Imagem: Julio Cesar Guimaraes/UOL

Do UOL, em São Paulo

25/03/2015 05h00

Na próxima quinta, o Brasil enfrentará a França em seu primeiro amistoso de 2015 e precisa ter cuidado. E não é só por Zidane, Henry e traumas passados. A França atual, recheada de jovens, é um time de respeito. Há menos de um ano, a garotada comandada por Didier Deschamps quase parou a poderosa Alemanha, a mesma que dias depois imporia 7 a 1 a David Luiz e companhia no Mineirão.

A França, diga-se, não foi a única. No mata-mata da Copa do Mundo do ano passado, Argélia e Argentina levaram a Alemanha até a prorrogação, mas com estratégias diferentes, apostando mais na defesa que no ataque. Foram os “azuis”, nas quartas de final, que encararam o time germânico de igual para igual, como mostram os dados abaixo:

Chutes a gol contra a Alemanha:

Argélia: 11
França: 13
Argentina: 10

Chegadas na área da Alemanha:

Argélia: 2
França: 10
Argentina: 5

Posse de bola contra a Alemanha:

Argélia: 37%
França: 50%
Argentina: 40%

Contra a França, sob o sol escaldante das 13h no Rio de Janeiro, a Alemanha só conseguiu a vaga nas semifinais graças a um gol solitário de Mats Hummels, de cabeça, ainda no primeiro tempo. Em desvantagem, a seleção azul buscou o empate, equilibrou a partida e não descuidou de sua defesa.

Os jogadores daquela França são os mesmos que estarão diante da seleção brasileira na próxima quinta. Dos 11 titulares daquele jogo decisivo, oito foram convocados por Deschamps, incluindo três da linha defensiva: Sakho (Liverpool), Varane (Real Madrid) e Evra (Juventus) – Debuchy (Arsenal) completava a formação.

Contra a Alemanha, o quarteto teve o mérito de manter a calma e o padrão de jogo, coisas que o Brasil passaria longe de fazer na semifinal. No print abaixo, por exemplo, dá para ver a formação da defesa em uma contra-ataque germânico puxado por Ozil, já aos 35 minutos do segundo tempo. Os quatro franceses da zaga estão em linha e os dois volantes se aproximando, contra quatro alemães em quadro:

Reprodução de contra-ataque da Alemanha no duelo contra a França, pelas quartas da Copa do Mundo de 2014 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

A jogada termina rápido. Ozil lança Muller, que recebe, tenta um calcanhar e para no marcador que o acompanhou. Na sequência, tenta o passe no meio. Varane, que também estava ligado no lance, corta antes que Ozil possa receber e finalizar.

Só que a França também perdeu a calma em algum momento. Sete minutos depois, por exemplo, o mesmo Ozil é lançado pela esquerda e cruza para dois alemães contra dois franceses mal posicionados. Repare nos três outros homens de azul atrasados, tentando chegar na jogada. Sorte deles que Muller furou e Schurrle mandou nas mãos de Lloris.

Reprodução de contra-ataque da Alemanha contra a França, em jogo das quartas da Copa de 2014 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

A questão é que quando você joga um mata-mata de Copa do Mundo, é de se esperar algum desespero e desapego pela tática. O problema é quando isso ocorre cedo demais, o que acaba minando qualquer chance de reação. Veja essa imagem do lance do quinto gol alemão, por exemplo, quando Khedira puxa um contra-ataque só com Dante pela frente (Fernandinho e Marcelo estão atrasados) e dois companheiros para receber a bola.

Reprodução do lance do quinto gol da Alemanha na semifinal da Copa de 2014 - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Foi (também) por esse compromisso tático que a França jogou tão bem contra a poderosa Alemanha. Pesaram também a velocidade de Griezmann, Valbuena e Benzema, que em diversos momentos do jogo receberam passes longos nas costas da zaga germânica e fizeram Neuer trabalhar como nunca.

Neuer, da Alemanha, faz defesa com o braço direito em chute de Benzema, da França, pelas quartas da Copa de 2014 - EFE/EPA/MARCUS BRANDT - EFE/EPA/MARCUS BRANDT
Imagem: EFE/EPA/MARCUS BRANDT

A última imagem do jogo, por exemplo, foi essa ao lado, com Neuer se esticando para pegar um chute de Benzema com a mão direita. Foi uma das melhores do goleiro alemão em toda a Copa, em um jogo em que ele foi muito exigido.

Pesou também a qualidade do meio-campo da França. Embora tenham tido muitas dificuldades contra Khedira, Schweinsteiger e Kroos, o trio Pogba, Cabaye e Matuidi encontrou um antídoto para a força dos alemães. Quando o jogo congestionou no meio, à la Pirlo, os três recuaram e armaram da cabeça de área, com lançamentos longos e precisos. 

O time que enfrentará o Brasil, é claro, não estará no mesmo ritmo. Alguns jogadores mudaram, novos valores foram agregados e a equipe não tem a mesma motivação de uma Copa do Mundo. Desde a Copa, porém, a França venceu quatro dos seis jogos que fiz, incluindo Espanha e Portugal na lista de vítimas. Melhor, então, o time de Dunga ligar o sinal de alerta.