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Atacante da França tem mais gols do que Ibra ou Neymar. E não é o Benzema

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 06h00

Eles usam a camisa 10, defendem times rivais e concentram as esperanças ofensivas de França e Brasil, que disputarão amistoso às 17h (de Brasília) desta quinta-feira (26), no Stade de France.

O duelo entre as seleções também será um Benzema x Neymar. No entanto, não é nenhum dos dois o jogador com mais gols na temporada entre os convocados das duas equipes. Os atacantes do Real e do Barcelona podem ser ídolos e artilheiros, mas a marca que mais impressiona no futebol europeu 2014/2015 é a do gaulês Alexandre Lacazette, de 23 anos, do Lyon.

Lacazette é um dos expoentes de uma nova geração que paulatinamente tem conseguido mais espaço na seleção francesa. A convocação para o amistoso contra o Brasil tem dois jogadores da equipe que venceu em 2013 o Mundial sub-20: Zouma e Kondogbia. Seriam três se Paul Pogba, destaque da Juventus e principal nome gaulês nessa faixa etária, não estivesse lesionado.

Varane (21), Griezmann (24) e o estreante Fekir (21), também do Lyon, são outros representantes da renovação conduzida pelo técnico Didier Deschamps.

E o que faz de Lacazette uma das maiores apostas nesse processo de renovação? Revelado pelo Lyon, o atacante anotou 24 gols em um total de 106 jogos nas cinco primeiras participações no Campeonato Francês. Na atual temporada, desabrochou: foram 23 bolas nas redes adversárias e cinco assistências em 26 partidas na liga nacional.

Benzema, 27 anos e atual titular do ataque francês, fez as mesmas 26 apresentações na atual temporada do Campeonato Espanhol e acumulou 13 gols. Neymar jogou menos na liga local (24 partidas) e anotou 17 vezes.

Não é apenas nessa comparação que Lacazette vence, aliás. Benzema defendia o Lyon antes de ter sido contratado pelo Real Madrid. Em seu melhor ano na equipe francesa, marcou 20 gols na temporada 2007/2008 da liga local.

O número de Benzema já ficou para trás. Lacazette agora mira os 30 gols de Zlatan Ibrahimovic e Jean-Pierre Pappin, recordistas em uma temporada da história moderna do Campeonato Francês. O sueco, por sinal, é outro que tem sido superado pela estrela ascendente do Lyon. O astro do poderoso Paris Saint-Germain, líder da liga nacional, fez 17 gols na atual edição.

“O que Lacazette tem feito é extraordinário. Ele adquiriu uma consciência de suas qualidades e entendeu que não pode se contentar com a média. Está de parabéns”, avaliou o ex-jogador Thierry Henry, que foi astro da seleção francesa, em entrevista coletiva.

O desempenho recente transformou Lacazette num dos itens mais disputados no mercado do futebol europeu. Ele já foi observado pelo Manchester City e esteve envolvido em especulações sobre possíveis transferências para times como Arsenal, Liverpool, Tottenham e Paris Saint-Germain.

“Lacazette simplesmente não tem preço. Como é o nome do galês do Real Madrid? Gareth Bale? Alexandre é bem melhor do que ele”, comparou Jean-Michel Aulas, presidente do Lyon, ao jornal francês “Le Parisien”.

Um fruto da nova política do Lyon

O Lyon, time de Lacazette, conquistou sete títulos nacionais consecutivos entre 2002 e 2008. A ascensão da equipe despertou interesse de outras equipes por alguns dos principais talentos, e isso obrigou a diretoria a partir para o mercado em busca de reposição.

Foi uma mudança drástica na gestão do Lyon, que havia atingido o auge nacional com um elenco formado de apostas. E isso colocou a equipe num período de transição até a temporada 2012/2013, quando o time ficou fora da Liga dos Campeões da Uefa pela primeira vez desde o início do período vitorioso.

Alijado do principal torneio de clubes do Velho Continente, o Lyon deu início a um processo de renovação baseado nas categorias de base e no orgulho regional. Dos 23 nomes do atual elenco, 16 começaram no time e seis são de Lyon ou arredores. Lacazette, por exemplo, é oriundo da cidade.

Por ser um jogador veloz, o atacante atuou longe da área em grande parte de sua vida nas categorias de base. Isso deu versatilidade a Lacazette, um centroavante que está longe de ser comparável aos tradicionais donos da camisa 9.

Nesta quinta-feira, Griezmann e Benzema serão os titulares da França no amistoso contra o Brasil. Mas se quiser anular todas as armas dos adversários, é melhor o técnico Dunga se preocupar também com o banco de reservas.