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Desejado pelo São Paulo, Nathan tem pai empresário e superprotetor

Nathan tem a família toda girando ao seu redor para buscar sucesso no futebol - Getty Images
Nathan tem a família toda girando ao seu redor para buscar sucesso no futebol Imagem: Getty Images

Luís Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 06h00

Nathan, 19 anos, é uma joia de família. Protegida a sete chaves pelo pai, seu empresário, e pela irmã, que deixou a carreira própria para ajudar o gerenciamento do futuro do ex-jogador do Atlético-PR, que pode chegar ao São Paulo, depois de a família pagar a rescisão contratual no valor de R$ 2,4 milhões.

José Carlos de Andrade, pai e empresário do jogador, disse há um ano em entrevista, que oito clubes estavam querendo o garoto. Naquela época, o pai pedia a escalação de Nathan no time titular. “Ele precisa entrar e com a bola no chão mostrar que pode ajudar o Atlético-PR”.

Quando um pai de jogador jovem administra a sua carreira e pede chances no time de cima, imediatamente se lembra de Jean Chera, que chegou ao Santos com 13 anos com fama de novo Neymar e, muito pela atuação nefasta do pai, hoje, com 20 anos, vive no ostracismo. Foi dispensado de quatro clubes em 2014.

“Nada disso, não me confunda. Se eu fosse como o pai de Jean Chera, teria tirado o menino do Atlético-PR com o clube recebendo zero. Não ficaria com nada. Eu só queria um acordo e não me ouviram”, diz José Carlos.

A situação de litígio seria resolvida na justiça, dia 26 de março, mas a rescisão apressou a definição. Nathan assinou seu primeiro contrato profissional com 16 anos. A duração era de três anos e tinha uma cláusula de prorrogação automática de dois anos. José Carlos contestou a cláusula e conseguiu um parecer favorável na justiça. O Atlético-PR reverteu a situação e agora esperava pela decisão final.

O primeiro ano do contrato, firmado há três anos, garantia salários de R$1.200 com aumento para R$ 1.500 no segundo ano. No período de negociação, o Atlético-PR ofereceu um novo contrato de três anos com salários iniciais de R$ 20 mil, o que José Carlos não aceitou, levando ao impasse.

A avaliação técnica de Nathan não é unânime. Há os que o consideram um novo astro do futebol brasileiro e aqueles que não preveem um grande futuro. A turma da desconfiança diz que Dagoberto, na mesma idade, era muito mais jogador. E perguntam em qual jogo ele foi importante para o Atlético-PR, exceção ao enfrentamento contra o Sporting Cristal na Libertadores do ano passado, quando entrou e virou o jogo.

Quem não tem dúvidas é José Carlos. “O piá é ótimo jogador. Ele começou no futsal de Blumenau e sempre foi artilheiro. Chegou no Atlético-PR com 13 anos e sempre foi artilheiro também. Teve um campeonato tem que fez 50 gols. Se não fosse bom, não tinha tanto clube querendo”.

Nascido em Blumenau, Nathan é exaltado pelo pai como um exemplo de jogador e de garoto. “Detesta balada e fica em casa jogando videogame com o irmão Matheus Cairon”, diz.

Não é o que mostra a Internet. Há fotos de Nathan com Morgana Santana, garota de 16 anos de Santa Catarina, uma destas celebridades de Internet, com canal de youtube, blog, vlog, instagram, facebook e o que vier pela frente.  Em seu último post ela responde sobre seu futuro, sobre vestibular e virgindade. “Ele não namora ninguém. Ele só paquera”, diz o pai.

É difícil acreditar quando outra foto é com Carol Muniz, 28 anos, capa de revista masculina e ex de Marco Polo del Nero, o setentão que vai dirigir a CBF no lugar do octogenário Marin. “É paquera, já falei. Meu filho é um piá centrado, só pensa no futuro e vai muito longe, pode escrever”.

Quando fala sobre o futuro do filho, José Carlos recorre ao mundial sub-17 dos Emirados Árabes Unidos de 2013. “A imprensa de São Paulo e do Rio perguntou por que meu filho estava com a dez da seleção. Ele fez cinco gols e deu cinco assistências e respondeu”. Os números são fáceis de comprovar, mas esse susto pelo sucesso do filho, não. Mesmo porque a imprensa brasileira não cobre atentamente campeonatos sub-17. Não  há espaço para tanto susto assim.

Nathan Allan e Matheus Cairon, de 13 anos, têm uma irmã mais velha. É Grace Kelly, de 23 anos, que deixou o curso de Veterinária para estudar fotografia. “Há uns dois anos, o Nathan se meteu a tirar umas fotos como modelo. Eu mandei ele parar com isso e focar só na bola. Agora, as fotos vão ser feitas por nós mesmo. A Grace está junto para a gente acompanhar a carreira dele”.

O futuro da joia superprotegida começa a ser definida. Ele está livre do Atlético-PR, mas não do pai.