Topo

Palmeiras revê período vitorioso e faz festa para aposentadoria de Alex

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

27/03/2015 20h51

O momento preferido de Alex no Palmeiras não é um gol, um drible ou um lançamento preciso, daqueles que fizeram dele um dos mais importantes camisas 10 da história recente do clube. No instante favorito, ele era apenas um torcedor. "Se eu tivesse oportunidade de escolher, seria quando o Zapata foi para a bola e jogou para fora", elegeu o ex-jogador em referência ao pênalti que deu à equipe alviverde o título da Copa Libertadores de 1999, conquistada no Palestra Itália.

Neste sábado (28), às 21h (de Brasília), Alex terá chance de voltar no tempo. O cenário não será exatamente o mesmo - sai o Palestra Itália, entra o Allianz Parque - e os companheiros também terão algumas diferenças - ainda que o elenco que venceu a Libertadores de 1999 esteja reunido, haverá menos cabelos, mais rugas e mais quilos. É hora de a torcida do Palmeiras dar adeus a um ídolo.

O jogo festivo terá amigos do Alex x Palmeiras de 1999. De um lado, jogadores que participaram da trajetória do meia por Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fenerbahce e até Palmeiras. Do outro, o grupo que venceu o torneio sul-americano - as exceções são Jackson e Juliano, que não foram localizados pela organização do evento.

"É com muita alegria como palmeirense e com muito orgulho como presidente que eu comunico que vamos promover o jogo de despedida do Alex", anunciou Paulo Nobre, presidente do Palmeiras. O ex-atleta deixou os gramados em dezembro do ano passado, na última rodada do Campeonato Brasileiro, quando encerrou de forma emocionada uma passagem pelo Coritiba.

O sábado será um dia para o palmeirense exaltar Alex e rever outros ídolos recentes. Confira algumas histórias que fazem o amistoso ser especial:

O momento favorito de Alex
Depois de uma vitória do Palmeiras por 2 a 1 no tempo normal, a decisão da Libertadores de 1999 foi para as cobranças de pênaltis. Euller tinha acabado de colocar os brasileiros na frente, e Zapata era responsável pelo último tiro do Deportivo Cali. O colombiano bateu à direita do goleiro Marcos, e a equipe alviverde foi campeã sul-americana.

"O Palestra Itália virou um buraco, com todo mundo tentando se jogar dentro do campo. Eu estava ao lado da comissão técnica, e cada um correu para um lado. Os gandulas também saíram correndo, e um bateu no outro. Foi uma felicidade absurda. Fomos para uma casa noturna comemorar depois, e às 9h do dia seguinte, quando eu voltava para casa, ainda havia palmeirenses nas ruas. Foi algo tão absurdo que parece que foi ontem", lembrou Alex.

Djalminha e Rivaldo
Alex foi contratado pelo Palmeiras em 1997, quando tinha 19 anos. Oriundo do Coritiba, o volante Galeano foi uma das primeiras pessoas que ele encontrou quando chegou ao clube paulista.

"Naquele dia ele me falou uma frase: 'Muita sorte, porque substituir Rivaldo e Djalminha não vai ser simples'", relatou Alex. Os dois jogadores também usaram a camisa 10 do Palmeiras na década de 1990 e conquistaram títulos. Ambos foram convidados e estarão em campo neste sábado.

A questão física
Alex não é o tipo de pessoa que tenta enganar o tempo. Ao contrário, aliás: a fala pausada e madura muitas vezes sugere uma pessoa mais experiente do que ele realmente é. A despeito de conservar visualmente o físico que tinha no momento da aposentadoria, ele admitiu que hoje lida com o que o tempo causou.

"O tornozelo mostra que eu tenho 37 anos. Vivi bem a intensidade do futebol, desse dia a dia do clube e de conviver com o torcedor, mas meu momento chegou", admitiu o recém-aposentado.

Os melhores jogadores com quem Alex jogou
"Escalar 11 jogadores seria uma situação complicada. Meu lateral direito seria o Arce, mas eu joguei na seleção brasileira com o Cafu, que era o maior do mundo na época. Causaria uma discussão eu escalar o Arce e deixar o Cafu fora. O mesmo acontece na esquerda, com o Júnior e o Roberto Carlos. Quando me pedem para fazer uma seleção da minha carreira, paro no goleiro. Escolho o Marcão e deixo o resto para lá", disse Alex.

Por que ele preferiu encerrar a carreira no Coritiba
"Minha história sempre foi relacionada a Coritiba, Cruzeiro e Palmeiras. Cruzeiro e Palmeiras eu tenho um carinho pela maneira que sempre me trataram, mas o Coritiba é diferente; é meu clube. Eu era menino e ia ao Couto Pereira. Quando resolvi ser jogador, vestir aquela camisa era um sonho. Se pensasse como jogador, fatalmente eu teria voltado para Cruzeiro ou Palmeiras. Mas quando eu decidi voltar da Turquia, busquei um sonho de menino", explicou Alex.

"Quando me tornei jogador de futebol, pensei que podia sair do Coritiba, jogar num centro maior, chegar à seleção, passar pelo futebol europeu e voltar ao Coritiba. Deu tudo certinho, e era o momento de encerrar um ciclo", completou.

Rituais
Depois do último jogo no Coritiba, Alex voltou ao gramado do Couto Pereira. Já com o estádio vazio, acompanhado do filho, o aposentado neófito protagonizou uma das cenas mais emocionantes do Campeonato Brasileiro. Para este sábado (28), não há nada programado.

"Aquele gesto no Coritiba foi uma situação de momento. Tinha muita gente no vestiário, e eu queria esfriar a cabeça porque era um turbilhão de emoções. Por uma coincidência grande, quando eu estava subindo para o campo, meu filho estava ali e acabou indo comigo. Naquele dia, eu não me despedia apenas do Couto Pereira, mas do futebol".