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Mulher diz que Muricy trabalha no sacrifício: "Ele está no limite"

Muricy Ramalho e a esposa, Roseli: "Ele pode mandar no time, mas quem manda aqui sou eu" - Marcos Ribas e Manuela Scarpa/Foto Rio News
Muricy Ramalho e a esposa, Roseli: "Ele pode mandar no time, mas quem manda aqui sou eu" Imagem: Marcos Ribas e Manuela Scarpa/Foto Rio News

Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

30/03/2015 12h00

Os últimos dias no comando do São Paulo não foram fáceis para Muricy Ramalho. Na última quarta-feira, a derrota por 3 a 0 para o Palmeiras fez com que ele pensasse em desistir do trabalho. Afirmou, depois de reunião com a diretoria, que foi convencido a ficar. Que realmente chegou a decidir entregar o cargo. 

Nenhum desses dias foi fácil, também, para Roseli Ramalho, esposa do treinador de 58 anos, que conversou com o UOL Esporte sobre a fase da carreira do marido. Antes de qualquer um, ela soube tudo que se passou na cabeça de Muricy desde a derrota para o Palmeiras, na noite da última quarta-feira, no Allianz Parque. Ela, agora, revela: Muricy Ramalho está no limite e trabalha no sacrifício no São Paulo. O técnico não pretende se aposentar em breve, mas precisa parar provisoriamente para realizar um procedimento médico. 
 
Confira a entrevista com Roseli Ramalho: 
 
É o momento do Muricy Ramalho descansar, dar um tempo no futebol?
"Ele precisa fazer uma operação de vesícula. O médico já falou isso, mas como ele está trabalhando ainda, ele fica assim sobre ter de parar para fazer esta operação, onde o retorno é de 20 dias, mais ou menos. Ele tem uma pedra na vesícula e o médico já falou que é bom ele tirar, mas ele não vai parar, não. Eu não sei de onde está surgindo este boato que ele vai parar, mas ele não vai parar, imagina, está no sangue dele o futebol".
 
Mas a família não entende que, por questões de saúde, é o momento de parar, pelo menos um pouco?
"O momento dele parar é só ele quem tem que decidir. Parar mesmo ele não vai. Eu não sei de onde está surgindo este boato que ele vai parar, mas ele só quer dar uma parada pra fazer esta cirurgia de vesícula, pois é necessário".
 
Como esposa, você já o aconselhou a parar para cuidar da saúde?
"É, eu já falei pra ele que a saúde é tudo. Primeiro tem que cuidar da saúde para depois ele voltar, como ele sempre fez, sempre trabalhou. Mas tudo o que ele faz é muito intenso, então ele não quer deixar o São Paulo desse jeito, assim. Primeiro ele pensa no São Paulo, apra depois ele pensar nele. Eu não sei se está certo isso. Primeiro tem que pensar na saúde dele pra depois ele ficar bem, pra daí ele pensar no São Paulo. Eu não sei se o São Paulo o dispensaria, pois o time está em competições, sabe como é o futebol. Daqui a pouco é final de Paulista, Libertadores, então é difícil ele tomar uma decisão agora, de deixar o time. Ele só vai deixar mesmo se estiver passando mal. É o jeito dele. Ele está no limite, mas está dando preferência ao São Paulo, por mais que as pessoas não estejam vendo isso. Ele ainda está se sacrificando por causa do São Paulo, então eu gostaria que ele parasse para se tratar, fazer a cirurgia. Porque se esta pedra descer para o pâncreas, fica pior, é perigoso. Mas é um jogo atrás do outro, não tem tempo pra ele fazer"
 
Na quinta-feira, quando ele saiu de casa, você já sabia que ele iria entregar o cargo?
"Eu senti que ele queria entregar mesmo, porque ele está querendo cuidar da saúde. Mas eles pediram tanto pra ficar, e novamente ele foi para o sacrifício. Ele está indo pelo sacrifício, o limite dele está batendo. Eu não quero que o São Paulo vá mal para ele sair, porque se o São Paulo for bem, ele também fica bem. Mas realmente ele foi e pediu para sair do São Paulo, mas a diretoria não deixou. Falaram pra ele ficar e que estão precisando dele. Agora, na hora que ele vir que não dá mais, daí o São Paulo vai ter que entender também. Meu marido é assim, ele se doa muito pelo clube, tanto é que ele ganhou muitos títulos por causa disso. Ele se doa mesmo e o São Paulo, no ano passado [N.R. na verdade em 2013], estava super mal, indo para a segunda divisão, até o dia em que ele chegou aqui em casa e falou: "Meu Deus do céu, o que é que eu fui fazer?" Porque ele viu o São Paulo tão mal que, no fim, ele trabalhou e tirou o time dessa situação. Agora, este ano, como afetou a saúde dele, esta pedra na vesícula, a diverticulite, ele falou: "Eu preciso pensar um pouco na minha saúde também e na família"". 
 
Você acha que está chegando o fim do ciclo do Muricy no São Paulo?
"Eu acho que sim. Se eles mandarem embora ou se ele entregar o cargo, daí ele vai cuidar da saúde dele, dar uma descansada e depois voltar. É que, às vezes, não dá nem tempo. Os clubes ficam atrás dele. Então, pela família, ele precisa parar agora para fazer esta cirurgia, não tem jeito, não pode ficar adiando. Tem coisa que a gente não pode ficar adiando, é uma operação simples a da vesícula, mas ele vai precisar ficar uns 15 dias de recuperação. Eu não assisto a jogo, mas falo pra ele não ficar nervoso. De vez em quando eu ponho na TV só pra ver o resultado. Eu vejo ele ali, gritando, nervoso, xingando, e quando ele chega em casa eu falo: "Eu não falei pra você não ficar nervoso?" Ele responde: "Não tem jeito, quando eu vejo, já estou gritando". É o jeito dele. Ele não está pensando na saúde dele, está pensando no São Paulo. Mas pode ser que o São Paulo mande ele embora também, começa a perder e mandam embora, mas isso ele já está acostumado. Ele está se sacrificando por causa do São Paulo. Está fazendo bastante exercício, emagreceu bastante... Eu pego no pé dele e ele me escuta, viu? Quem manda aqui sou eu. Ele pode mandar no time, mas quem manda aqui sou eu.