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Holanda supera má fase e bate Espanha no 1º duelo pós goleada na Copa

Do UOL, em São Paulo

31/03/2015 17h35

Robben e Van Persie, personagens daquele jogo, não estiveram em campo por lesão. O futebol apresentado, diga-se, também não foi páreo para aquele 5 a 1 histórico da primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de 2014. A lembrança da goleada, porém, pode ter feito bem para a Holanda, que nesta terça esqueceu sua má fase e fez 2 a 0 em um amistoso contra a Espanha, no primeiro duelo entre as duas seleções desde o passeio da Laranja em Salvador, no ano passado.

A vitória, construída por Sneijder e Depay, com gols de De Vrij e Klaassen, dá um alívio a um time que desde a Copa havia sofrido quatro derrotas em sete jogos até então. A vitória contra a Espanha, um adversário de peso, dá ânimo ao time de Guus Hiddink, que é terceiro colocado em seu grupo nas Eliminatórias para a Euro 2016, na França, após metade da disputa – se mantiver o desempenho, ficará fora da competição.

É, também, um balde de água fria para a Espanha, que vinha de três vitórias seguidas, se recuperando de um começo de ciclo claudicante. Com um time cheio de experiências de Del Bosque, que impõe uma revolução na marra aos campeões de 2010, a Fúria vacilou no ataque, deu espaços demais na defesa e sai de Amsterdã ciente de que ainda precisa evoluir bastante.

Independentemente dos reflexos do resultado para ambos, no entanto, é notável a mudança de dois times que dominaram o cenário de seleções nos últimos anos. Finalistas da Copa de 2010, Espanha e Holanda apresentam elencos bem diferentes daqueles que brigaram pelo título na África do Sul.

Fases do jogo:
O duelo é de gigantes, mas de gigantes em reformulação. Nem Espanha nem Holanda estão tendo vida fácil na tentativa de se adaptarem aos novos tempos. A Laranja Mecânica, porém, está pior que a Fúria no pós-Copa 2014. O que se esperava do time de Guus Hiddink em casa era transpiração e alguma qualidade que garantisse no ataque.

O que se viu foi mais que isso. Blind e Klaassen dominaram o meio-campo defensivo e Sneijder e Depay se associaram com muita qualidade no ataque, como já havia ocorrido no último fim de semana, no empate por 1 a 1 contra a Turquia. Foi dos pés dos dois que saíram os gols de Vrij, aos 12 minutos do primeiro tempo, e de Klaassen, três minutos depois.

Com a vantagem, a Holanda só segurou o resultado. Chamou a Espanha para o seu campo, neutralizou o toque de bola com bom posicionamento e ainda levou perigo em bolas aéreas e contra-ataques.

Isco, grande aposta do time, foi sacado já no intervalo. Fabregas, alçado ao posto de capitão nas ausências de Casillas e Iniesta (ambos deixados no banco), não comandou o meio-campo como se imaginava. Juanmi, por fim, fez menos que Morata e Diego Costa, seus rivais diretos na briga pela vaga de centroavante. Estreante do dia, o jovem do Málaga só deu um mísero chute a gol e ficou isolado entre os zagueiros rivais na maior parte do tempo.

O time só melhorou quando David Silva entrou em campo e passou a jogar próximo de Morata. Com a Holanda dando sinais de cansaço, a Espanha chegou a ter um gol anulado e levou perigo à meta de Vermeer, sem, no entanto, conseguir vazá-la. 

Melhores: Sneijder e Depay. O veterano e o novato fizeram a diferença em um duelo de peso. O primeiro com a precisão no trato com a bola, seja em chutes ou cruzamentos. O segundo pela velocidade que imprime. Com um jogo repleto de dribles, desmontou a marcação frágil dos espanhóis.

Pior: Meio da Espanha. Del Bosque armou o time com cinco no setor de criação, mas Pedro, Isco, Cazorla, Mario Suarez e Fabregas não foram capazes de passar pelo meio comandado por Blind e Klaassen.

Chave do jogo: Sem Robben, lesionado, a Holanda apostou em Depay jogando pela ponta esquerda, próxima de Sneijder. A sincronia entre os dois foi fundamental para a vitória da equipe, especialmente por conta da atuação no primeiro tempo.

Toque dos técnicos: Del Bosque aproveitou o amistoso para fazer experiências. Colocou De Gea na vaga de Casillas, Albiol na de Sergio Ramos, fez de Fabregas o maestro do time ao deixar Iniesta no banco e lançou o estreante Juanmi como centroavante, com Morata, em alta, fora do onze inicial. Nada deu muito certo e as experiências custaram a força ofensiva da Fúria.

Outros destaques:
Falso 9? Foi a Espanha do “tiki-taka” que mostrou ao mundo, inspirada no Barcelona, como se joga sem um centroavante fixo. Hoje, curiosamente, Del Bosque é o técnico de seleções que tem um dos maiores leques de opções para o setor. Desde a Copa, por exemplo, ele já testou Diego Costa, Alcácer, Morata e agora Juanmi, que nesta terça fez seu primeiro jogo pela Espanha.

Líder pela primeira vez: Depois de 95 jogos com a camisa da Espanha, Cesc Fabregas teve a primeira chance de vestir a braçadeira de capitão da Fúria. Autor da assistência do gol do título da Copa de 2010, o meia do Chelsea é a aposta de Del Bosque para o ciclo até 2018, quando finalmente terá de assumir um papel de protagonista na seleção. 

Tudo novo: Depois de menos de cinco anos, Holanda e Espanha são times quase completamente diferentes em relação àqueles que disputaram a final da Copa do Mundo de 2010. Dos titulares daquela decisão, só Sneijder, Pique e Pedro começaram jogando no amistoso desta terça. Iniesta e Sergio Ramos, titulares naquela oportunidade, desta vez entraram em campo durante a partida. Já Fabregas, capitão da Fúria agora, foi opção no banco da decisão.