Topo

São Paulo trocará todo o departamento de futebol se Muricy Ramalho sair

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

31/03/2015 18h31

Muricy Ramalho é o pilar. Hoje, o técnico segura o cargo de praticamente todos os outros funcionários do departamento de futebol do São Paulo. Se o treinador pedir demissão, a diretoria do clube pretende trocar também todos os outros integrantes do futebol, a começar pelo gerente de futebol Gustavo Vieira de Oliveira.

Muricy Ramalho teve desde sempre o apoio do vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Foi o dirigente quem manteve o técnico no cargo neste início de ano, contra críticas internas, e quem decidiu dar respaldo mesmo depois da derrota no clássico contra o Palmeiras, por 3 a 0, há uma semana. O treinador, porém, está abatido e chegou a deixar a diretoria à vontade para demiti-lo em conversa durante reunião na última quinta-feira.

Neste momento, às vésperas do confronto contra o San Lorenzo, na Argentina, pela Copa Libertadores e classificado às quartas de final do Paulistão, o presidente Carlos Miguel Aidar não defende a demissão de Muricy. Acredita que, seja qual for o técnico, uma troca não faria bem ao time antes do término da participação nas duas competições. Crê também que o técnico não pediria demissão antes disso, por conta de uma eventual derrota para o San Lorenzo, nesta quarta-feira. Não acha impossível, porém, que o treinador entregue o cargo caso tal cenário venha a se tornar real. Neste momento, Aidar não tem substituto para Muricy Ramalho e não conseguiria repor o comandante imediatamente.

A diretoria do São Paulo acredita que, se fracassar no Paulistão e na Libertadores, Muricy Ramalho pode deixar o clube no fim deste primeiro semestre – por conta própria ou após eventual conversa entre as partes. Este seria o cenário que possibilitaria a troca total do departamento de futebol.

Criticado internamente no clube, apesar de colher elogios por todas as partes no mercado do futebol, Gustavo Vieira de Oliveira passa por processo de fritura neste momento no clube. Já houve pressão no fim de 2014 para que o gerente de futebol fosse sacado, algo impedido pelo vice do departamento, Ataíde Gil Guerreiro – ele nega. O coordenador técnico Milton Cruz, outros membros da comissão técnica fixa e funcionários de outras áreas que respondem ao futebol também seriam sacados.

Quem está no departamento de futebol afirma que Ataíde Gil Guerreiro jamais concordaria com a reformulação. Para que isso acontecesse, como planeja a diretoria do clube em caso de saída de Muricy, o vice-presidente de futebol teria que aceitar deixar o cargo. Gil Guerreiro foi procurado, mas não atendeu à reportagem.

Na última sexta-feira, Muricy Ramalho admitiu que tentou entregar o cargo, e que Ataíde Gil Guerreiro o demoveu da ideia. “Me convenceram a ficar”, falou. Depois deste episódio, a diretoria são-paulina está em alerta e se prepara para caso tenha de lidar com um pedido de demissão do treinador. Não há substituto imediato, mas o perfil já está traçado: um técnico estrangeiro, que conheça o cenário do futebol brasileiro e que domine o idioma português ou o espanhol. O São Paulo só contratará um brasileiro se não conseguir fechar com um estrangeiro.