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Rio-2016 faz Fla e Flu voltarem a sonhar com revitalização de estádios

A intenção do Flamengo é reformar a Gávea (foto) para jogos menores da equipe  - Gilvan de Souza/ Flamengo
A intenção do Flamengo é reformar a Gávea (foto) para jogos menores da equipe Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Rodrigo Paradella e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/04/2015 06h01

A aproximação da Olimpíada de 2016 e o fechamento de Maracanã e Engenhão meses antes do evento tem feito com que Flamengo e Fluminense retomem sonhos antigos de revitalização de seus estádios, na Gávea e nas Laranjeiras. Ambos os campos não recebem jogos oficiais há mais de dez anos e seriam usados apenas em partidas de menor porte.

Nos dois casos, o maior obstáculo é o trânsito no entorno, já que as duas áreas ficam próximas a regiões cruciais para a passagem de carros na Zona Sul do Rio de Janeiro. Mesmo assim, as duas diretorias já manifestaram interesses em testar a viabilidade de uma revitalização ainda em 2015.

O Flamengo iniciou no mês passado a busca por uma arena para mandar os jogos de pequeno porte no próximo ano. A diretoria está preocupada com os fechamentos de Maracanã e Engenhão para os Jogos Olímpicos Rio-2016 e tem pressa para definir a situação.

Um empreendimento na sede social da Gávea foi discutido com o governador Luiz Fernando Pezão e bem recebido de forma inicial. O objetivo ainda é construir arquibancadas provisórias para cerca de 20 mil torcedores. Apesar da ideia, os dirigentes já esbarram em conhecidos problemas e na própria divisão política para dar sequência ao trabalho.

As complicadas autorizações da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, CET-Rio e Associação dos Moradores são obstáculos que o Rubro-negro jamais superou desde o último jogo oficial na Gávea - 27 de abril de 1997, quando venceu o Americano por 3 a 0. E a efervescência política também costuma aparecer nessas horas.

O planejamento do departamento de patrimônio prioriza a construção da Arena Multiuso antes dos Jogos Olímpicos do próximo ano e ainda a sequência das obras no módulo profissional do CT Ninho do Urubu. Sair do curso não está nos planos de membros da diretoria. Além disso, a sede da Gávea servirá de local para treinos de delegações olímpicas em 2016. O comitê dos Estados Unidos firmou acordo com a direção para utilizar as instalações.

"A arquibancada atual não comporta mais de 500 pessoas. Não vejo viabilidade para colocar 15 mil pessoas em uma estrutura provisória. Vejo como muito improvável. Acho complicado até uma estrutura para cinco mil torcedores. Quem vai pagar? Isso tudo custa caro mesmo que de forma provisória. O Flamengo luta hoje para construir o seu ginásio e seguir com as obras do CT. São as nossas prioridades. Não faz sentido mudar a ordem", comentou anteriormente o vice de patrimônio, Wallim Vasconcellos.

O projeto da Gávea ainda não andou e alternativas podem ganhar força com o passar do tempo. Entre elas: Macaé, Volta Redonda e até nova estrutura provisória na Portuguesa da Ilha do Governador. Outra ideia é jogar os clássicos do Campeonato Carioca de 2016 fora do Rio de Janeiro.

O projeto do Fluminense é um pouco mais embrionário, mas tem como um de seus entusiastas o vice presidente de futebol Mário Bittencourt, homem mais influente da atual diretoria. Para jogos menores, a ideia seria justamente reformar o estádio de 95 anos nas Laranjeiras, hoje local de treinamento da equipe tricolor no dia a dia.

A intenção tricolor seria usar o estádio para partidas com público de pouco menos de 10 mil pessoas, espaço suficiente para sediar jogos confrontos com equipes menores, como o próprio rival do último jogo do Fluminense no local, o Americano, em empate por 3 a 3 pelo Campeonato Carioca de 2003.

Hoje, cabem nas Laranjeiras pouco mais de 4 mil torcedores. Ou seja, o Fluminense precisaria ampliar a capacidade do estádio, além de adequá-los às atuais exigências de segurança. O maior obstáculo para a retomada, no entanto, é mesmo a questão do trânsito, uma vez que o único acesso ao campo se dá por uma via movimentada e essencial ao transito carioca, a Rua Pinheiro Machado.

A questão financeira também pesa para um possível retorno dos jogos ao tradicional estádio. O Fluminense tem prejuízo estimado em R$ 46 milhões no orçamento para 2015, e ainda tem outra prioridade nos planos, a construção de um centro de treinamento na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com custo avaliado em cerca de R$ 40 milhões.

O certo é que – mesmo após assinatura de contratos de parceria com Maracanã - Flamengo e Fluminense ainda sonham com o estádio próprio. Embora hoje as perspectivas ainda não sejam as melhores no aspecto financeiro, a dupla mantém nos planos a retomada daqueles que são seus palcos mais tradicionais.