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Valdivia debocha de imprensa e ex-cartola e pressiona clube por renovação

Do UOL, em São Paulo

04/04/2015 21h09

Valdivia fez, neste sábado, seu primeiro jogo em 2015 após quatro meses em tratamento de lesão. Para quem passou os últimos tempos sob pressão pela ausência , porém, o chileno mostrou muita segurança diante dos microfones. Na saída do Allianz Parque, o camisa 10 do Palmeiras debochou dos detratores, da imprensa, do ex-presidente Arnaldo Tirone e mandou um recado claro à direção atual.

“Eu não vou falar da sinceridade dele [Alexandre Mattos, gerente de futebol]. Acho que sim, é ótimo funcionário. Agora, quando você quer que o funcionário fique, negocia já antes de terminar. Tem muitos exemplos aqui. Kardec, Wesley... Deixaram passar da hora e eles foram para outro lugar, outra equipe”, disse Valdivia, em entrevista reproduzida pela ESPN Brasil.

A mensagem é direta. Valdivia tem contrato com o Palmeiras até o meio do ano e a diretoria arrasta a negociação da renovação, ainda não convencida de que deve manter o camisa 10. Interessado em definir o futuro, o chileno cita duas negociações fracassadas da gestão Paulo Nobre e coloca pressão sobre o cartola.

É uma ousadia para quem sequer completou 90 minutos em campo na atual temporada. Lesionado desde o fim da temporada passada, Valdivia entrou durante a vitória do Palmeiras por 3 a 1 sobre o Mogi Mirim. Não chegou a brilhar, mas levantou a torcida no Allianz Parque, dando uma amostra de seu prestígio com o público.

Diante dos microfones, Valdivia exibiu uma atitude desafiadora. Sempre muito irônico, chegou a debochar de um repórter do Sportv, com quem o chileno já bateu boca publicamente, quando foi questionado quando estaria totalmente em forma. “Em uns sete meses”, disse o chileno, abusando do deboche.

A atitude de “senhor da situação” também apareceu quando um outro jornalista o questionou sobre suas idas ao Rio de Janeiro, que levantaram a possibilidade de uma transferência. “Era apenas o Starbucks, fui umas duas vezes, O Tirone é que gosta de lá. Eu estava tomando café, podia ter sido qualquer outra cidade, aí falam que estou indo para o Rio”, disse Valdivia.

A menção ao ex-presidente não é aleatória. Em 2012, um dia após o rebaixamento do Palmeiras à segunda divisão ter sido consumado, Arnaldo Tirone foi flagrado relaxando em uma praia carioca. O suposto descaso com a situação do clube foi uma das últimas marcas de uma gestão muito criticada do antecessor de Paulo Nobre.

Veja outros momentos da entrevista de Valdivia:

Carinho da torcida
"É um carinho que é difícil de entender. Estou feliz pelo fato de ter voltado depois de um longo tempo sem sentir o que é uma partida oficial. E daqui pra frente espero continuar dentro do grupo"

Qualidade do Palmeiras atual
"Vocês sabem que o time do Palmeiras tem jogadores com muita qualidade, não sou eu quem está falando isso, todo mundo está vendo isso. Claro que é diferente entrar em um time com muita qualidade. Espero acrescentar com meu futebol aos poucos. Estou agradecido com a oportunidade que o Oswaldo me deu. Não era para ser hoje, mas deu"

Renovação
"Não tem avanço ainda, é uma questão que o meu pai está vendo direto com o clube. A minha postura é a mesma de sempre. Tenho um carinho gigante pelo Palmeiras, agradecido pelo carinho da torcida. Como o Paulo Nobre e Alexandre Mattos falaram muitas vezes, se não renovar vai ser por uma questão financeira. Não sei a que se refere porque tem muito a conversar, mas meu interesse é permanecer aqui"

Carinho pressiona a diretoria?
"Eu gosto muito deste carinho. Sou agradecido, todo mundo sabe que um dia estou bem com eles, depois estou mal e isso é bom. Me ajuda muito porque na hora de decidir isso vai fazer a diferença. Eu estou tranquilo. Tem tempo ainda no meu contrato e é claro que em determinado momento tanto o clube como o jogador vão ter de tomar uma decisão referente a renovação de contrato"

Críticas por lesões
"No fim do ano passado tomei duas infiltrações para jogar o último jogo [contra o Atlético-PR, que salvou o clube do rebaixamento] e isso atrapalhou. E não vejo [as críticas].  Para ter tranquilidade mental eu prefiro não ler as críticas"

Contrato de produtividade
"A vontade é de ficar, agora a questão de produtividade tem de tomar muito cuidado. Você assina e recebe uma pancada, machuca o tornozelo, quebra o nariz e tem de falar: 'Desculpa não me machuquei sozinho, me machucaram'"

Prefere ficar no Brasil ou sair?
"Tudo vai depender de como eu for tratado. Se vir que teve alguma sacanagem comigo a postura é diferente. Se vir que não aconteceu nada fora do normal a preferência é sair para fora do país. Se eu vir que tem alguma sacanagem, se isso acontecer eu virei a público e contarei tudo. Se é equipe do Brasil as pessoas vão ter de entender. De momento estou pensando em recuperar o ritmo. Vamos ver o que acontece daqui para frente"