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Segurança de Felipão e cia.! Os vira-latas 'guardiões' do CT do Grêmio

Alemão no campo do CT do Grêmio. O cão é um dos "guardiões" da casa azul - Marinho Saldanha/UOL
Alemão no campo do CT do Grêmio. O cão é um dos 'guardiões' da casa azul Imagem: Marinho Saldanha/UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/04/2015 06h00

Antes mesmo do Centro de Treinamentos do Grêmio ser erguido, Alemão e Pretinha, ainda sem estes nomes, vagavam pelo bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre. Entre fábricas e depósitos de lixo, os dois vira-latas comiam o que achavam, dormiam ao relento e tinham rotina de tantos outros cães abandonados pelas ruas das cidades. Mas a mudança proposta pelo clube em um espaço abandonado da capital atingiu em cheio os cachorros de raça indefinida. Foram 'adotados' pelo Tricolor, hoje são guardiões da nova casa, e animais de estimação do clube. 

Não dormem mais sob as estrelas. Ganharam casas. Não comem mais qualquer coisa, são sustentados com ração e restos da cozinha do CT gremista, e principalmente ganham algo que a maioria dos cães de rua não têm: carinho. 
 
Observam entradas e saídas. Não são agressivos. Não incomodam ou invadem o campo. Mas ficam 'de olho' em qualquer estranho que noite ou dia tente furar bloqueios do CT Presidente Luiz Carvalho. Postam-se na entrada do campo, analisando qualquer movimentação fora do comum. Mas o gesto que normalmente ocorre quando alguém se aproxima passa longe da hostilidade. É um rabo longo [característica de vira-latas] balançando e quase um sorriso no rosto, ou focinho. 
 
Mas nem todos são bem recebidos. Na última terça-feira, um grupo de quero-queros não contou com a cordialidade de Alemão. As aves comuns na região e que fazem ninhos pelos gramados do CT, foram afastadas pelo 'segurança'. Que depois correu do gramado de volta para seu canto. 
 
O principal responsável pelos cachorros é o cinegrafista do clube, Juarez Dagort. É quem acompanha o dia a dia dos cães. Não é raro vê-lo afagando os animais, que jamais invadem o campo, mas assistem todas as atividades comandadas por Luiz Felipe Scolari. Ficam, como se entendessem o que ocorre, sempre após a linha lateral, ou de fora do alambrado.
 
E o carinho se reforçou em um momento difícil. No fim da tarde de um dia qualquer, há cerca de duas semanas, Pretinha foi solta. Diariamente eles têm momentos fora do CT para relembrar as longas caminhadas pelo bairro. Mas a Avenida João Moreira Maciel foi implacável. A cadela foi atropelada. Juarez e o segurança Cristiano Nunes ampararam a cadela, que havia fraturado uma pata em três lugares. 
 
Levada a um veterinário, o diagnóstico apontou a necessidade de cirurgia. Seria preciso colocar pinos para correção e o custo apresentado era R$ 2 mil. Foi quando o departamento de futebol gremista, que adotou os animais, se fez presente. Uma 'vaquinha', que contou com participação até de jogadores, arrecadou o dinheiro. Pretinha foi salva. Já passou por três intervenções cirúrgicas. Colocou e tirou o pino e se recupera afastada do movimento natural do Centro de Treinamentos. 
 
Hoje solitário, Alemão vaga pelos gramados do CT. Aguarda a parceira, já fora de perigo, mas que ainda não consegue caminhar. Até tentou recentemente, mas não conseguiu por conta da recuperação. Ele amarelo, ela preta, ambos de médio porte, hoje são os animais de estimação do Grêmio. Vivem na mesma área que viviam antigamente. Mas agora recebem comida, abrigo e amor.