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Brasileiro estrangulado nos EUA relata caso: 'achou que éramos uma gangue'

Oliver Minatel (à esquerda), brasileiro de 22 anos, em ação pelo Ottawa Fury, do Canadá - Divulgação/Ottawa
Oliver Minatel (à esquerda), brasileiro de 22 anos, em ação pelo Ottawa Fury, do Canadá Imagem: Divulgação/Ottawa

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

13/04/2015 06h00

O atacante brasileiro Oliver Minatel está acostumado às entradas dos zagueiros dos times rivais da North American Soccer League (NASL), liga concorrente da MLS no futebol dos Estados Unidos. Mas, na última sexta-feira, o jogador de 22 anos precisou escapar de uma agressão cometida bem distante das quatro linhas: o atleta do Ottawa Fury foi estrangulado por um homem durante o voo 8323 da Air Canada.

Menos de 24 horas depois da agressão, Oliver, salvo por um passageiro que deteve o agressor, relembra, em entrevista ao UOL Esporte, os momentos de aflição vividos na viagem rumo a Atlanta.

"Eu estava dormindo, faltavam uns 15 minutos para o pouso quando, de repente, fui atacado por trás, por alguém tentando me enforcar. Com a ajuda do passageiro que estava ao lado do agressor, consegui me desvencilhar após uns cinco segundos", afirmou Oliver à reportagem.

O brasileiro foi agredido por um passageiro sentado na poltrona de trás, durante a viagem da delegação do Ottawa para a segunda partida do campeonato. No ataque, um homem de El Salvador usou um fone de ouvido para estrangulá-lo.

Segundo Oliver, o passageiro, que foi preso no aeroporto de Atlanta, começou a gritar em pleno voo. "Ele dizia que nosso time era uma gangue e que estávamos ali para lhe matar, contratados por alguém ligado ao tráfico. Todos os detalhes do que aconteceu já foram relatados para as autoridades americanas", explicou.

Após o incidente, o brasileiro pediu para entrar em campo, recuperou-se em menos de 24 horas e ajudou a equipe no empate por 1 a 1 na partida contra o Atlanta Silverbacks. "Apesar do susto e de tudo que aconteceu, estou bem. Conversei com o treinador e disse que estaria preparado para o jogo. Fui titular e conseguimos um bom empate fora de casa", disse Oliver, que atuou por 76 minutos.

Na sua segunda temporada no Canadá, o jogador nascido em Campinas não pensa em deixar a NASL. "Jamais passei por uma situação como essa e tenho certeza que não voltará a acontecer, foi um caso isolado. Acredito que o incidente poderia ter ocorrido em qualquer lugar do mundo, eu estava no lugar errado na hora errada", frisou.

Do interior de São Paulo para o mundo

Oliver tornou-se jogador profissional aos 17 anos, no Nacional da Ilha da Madeira. Na base, defendeu o Guarani (dos oito aos 13 anos), o Paulínia (dos 13 aos 16 anos) e do PSV Eindhoven. Antes de chegar ao Ottawa, o atleta jogou por seis meses no Velo Clube, de Rio Claro.

De acordo com ele, o plano para esse ano é repetir o desempenho na temporada passada, quando marcou sete gols e deu três assistências em 22 jogos. "O mercado norte-americano é muito interessante e está crescendo cada dia mais", finalizou.

O Ottawa é um dos 11 times da NASL, que tem o New York Cosmos, do atacante Raúl, como um dos favoritos ao título -- a equipe é lider, ao lado de Carolina RailHawks e Tampa Bay Rowdies. Após duas rodadas, o time de Oliver ocupa a nona posição, com um ponto conquistado. O brasileiro volta aos gramados no próximo sábado, contra o Minnesota United, em casa.