Nova gestão da CBF enfrenta racha entre clubes e federações por liga

Quando se pergunta aos filiados sobre o novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, o discurso é de apoio e de unidade entre os times. Mas, quando se pergunta sobre assuntos chaves da nova gestão, fica claro que há um racha sobre questões como formação de liga e Estaduais. A confederação tem discurso de mudanças, mas já sinalizou que abafará movimentos para questionar o seu poder.

A principal disputa é entre clubes que criticam os modelos dos Estaduais e defendem a formação de ligas para substituir as federações estaduais. Flamengo, Fluminense e Cruzeiro estão entre os que clamam por mudanças na administração dos campeonatos, enquanto os outros cartolas não questionam o modelo atual.

"Não defendo que CBF invista no clube. Defendo um modelo mais europeu. Aqui no Brasil temos esse modelo meio samba. Mas deveríamos levar em conta mais o desenvolvimento do futebol sem a CBF. Clubes podem se unir e negociar uma receita compartilhada", afirmou o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, que cogita liga no Rio de Janeiro e tem o Flamengo como aliado. Na Europa, lembre-se, são as ligas que mandam nos campeonatos, não as federações nacionais.

"Fui procurado (para forma liga). E estou pensando o que é possível fazer. Estou pensando no clube", contou o presidente do Cruzeiro, GIlvan Pinho Tavares. "A FMF (Federação Mineira de Futebol) não tem respeito pelos seus filiados."

O UOL Esporte apurou que os clubes que pensam em liga estão esperando para saber qual a reação da CBF. É certo que a entidade se mostra contrária: Marco Polo Del Nero fez discurso contra a MP do Futebol, e disse que a medida põe em risco a participação dos clubes em campeonatos oficiais. E seus diretores já deixaram claro que não abrem mão da gestão do Brasileiro. Em relação aos Estaduais, há resistência das federações.

"Isso não é algo que pensamos (liga). Deixem os clubes falarem. Todos sabem que existe uma lei e ela precisa ser cumprida. O futebol brasileiro vive um bom momento e ainda vai melhorar", atacou o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes.

Dentro do questionamentos das ligas, há pedidos por mudança dos Estaduais. Há clubes que veem o modelo como falido. A CBF, no entanto, não se mexeu para mudar o calendário. Fala em estudos técnicos, mas pouco mexeu no modelo até agora.