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Sem modificar clássico, Cruzeiro atuará na Libertadores no auge do cansaço

Cruzeiro terá que enfrentar o Universitario de Sucre 50 horas após clássico com o Atlético-MG - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Cruzeiro terá que enfrentar o Universitario de Sucre 50 horas após clássico com o Atlético-MG Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

17/04/2015 06h03

Não há mais o que fazer. O Cruzeiro tentou por meio de uma ação no Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais (TJD-MG) e Paulo André utilizou o Sindicato de Atletas de Futebol do Estado de Minas Gerais (SAFEMG), mas não conseguiram alterar a data do clássico diante do Atlético-MG, que será disputado neste domingo, às 16h.

Diante das respostas negativas, a partida de volta da semifinal do Campeonato Mineiro se encerrará 50 horas antes do embate com o Universitario de Sucre, da Bolívia, pela sexta rodada do grupo 3 da Copa Libertadores da América.

A situação fere o Artigo 25 do Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo esta parte do regulamento, os atletas têm direito a pelo menos 60 horas de folga entre dois confrontos. Entretanto, qual o real efeito nos atletas? Elliot Paes, ex-preparador físico das divisões de base da seleção brasileira, explica a situação.

Segundo o especialista em condicionamento de praticantes de esportes, o período de jogo do Cruzeiro contra os bolivianos coincidirá justamente com o maior período de desgaste de um jogador de futebol.

“Especificamente na recuperação dos atletas no futebol, o dia de maior cansaço e estresse de é 48 horas após o jogo. Tudo isso varia um pouquinho em relação ao momento do atleta: faixa etária, se ele está voltando de lesão, o biótipo. Tem atletas que perdem até quatro quilogramas durante um jogo. Num dia após, ele está menos cansado que depois de 48 horas”, afirmou ao UOL Esporte.

O preparador físico ainda conta que há diferença entre o desgaste físico no futebol e em outras atividades desportivas, como tênis, basquete e vôlei, modalidades em que os atletas atuam em dias subsequentes.

“Primeiro lugar, o que é importante salientar é que cada modalidade de alto rendimento tem suas características diferenciadas. Para o jogador de tênis, há uma forma de tratamento e recuperação. Há uma estrutura diferente. O calendário é distinto. Depende do jogo. Há fatores psicológicos envolvidos em um clássico. Isso serve para o basquete, para o vôlei também. Especificamente para o futebol não é diferente”, disse.

Para finalizar, Elliot Paes passa a receita para atenuar o desgaste do elenco às vésperas de um importante jogo da Copa Libertadores, o qual o Cruzeiro precisa vencer para não depender de um tropeço do Huracán, da Argentina, frente ao Mineros de Guayana, da Venezuela, em Puerto Ordaz.

“Especialmente neste momento que tanto Atlético e Cruzeiro estão disputando duas competições diferentes, com características totalmente distintas, a preparação também é diferente. O primeiro ponto é levar em conta as especificidades do atleta. O jogador de linha, o goleiro, o atleta que, às vezes, está vindo de uma lesão e está adquirindo o ritmo ainda. As participações em um clássico e um jogo da Libertadores têm características totalmente diferente” declarou.

“Fazendo essas considerações, chegamos à conclusão que todos os fatores envolvidos na recuperação, seja alimentação, hidratação, descanso, estratégias utilizadas, a participação desses atletas nos jogos anteriores até aquele momento”, acrescentou.