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São Paulo: Sabella está chateado com vazamento de negociação

Sabella pediu sigilo ao São Paulo, que agora estica prazo para não perdê-lo - Julian Finney/Getty Images
Sabella pediu sigilo ao São Paulo, que agora estica prazo para não perdê-lo Imagem: Julian Finney/Getty Images

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

18/04/2015 06h00

O São Paulo espera ouvir uma definição do argentino Alejandro Sabella na próxima semana (a resposta pode vir até sexta). Nada deverá acontecer antes disso porque o técnico que comandou a seleção argentina ao vice na última Copa do Mundo ficou incomodado com o vazamento da negociação com o clube do Morumbi um dia depois de pedir sigilo, segundo relata o vice-presidente de futebol do Tricolor. A diretoria são-paulina agora respeita os prazos pedidos por Sabella e teme que pressioná-lo por uma resposta resulte em recusa do convite.

“Ele ficou chateado por ter saído tanta coisa na imprensa. Não posso assustá-lo tendo pressa”, disse ao UOL Esporte Ataíde Gil Guerreiro, o vice de futebol do São Paulo, que coordena a negociação com Sabella ao lado do gerente-executivo de futebol, Gustavo Vieira de Oliveira.

Alejandro Sabella prefere trabalhar na Europa a partir do segundo semestre e sonha treinar um clube na elite do futebol inglês. E deixou isso claro desde a primeira conversa com o São Paulo. Falou que precisava saber se existiria tal possibilidade – especialmente no Manchester City – antes de responder o convite são-paulino. Mas solicitou que a negociação ficasse em sigilo, algo que não aconteceu. Ataíde Gil Guerreiro conta.

“Desde o primeiro momento o Sabella disse: “Não é melhor saber o que vou conseguir na Inglaterra e depois nós conversarmos?” Eu insisti, falamos: “Vamos manter sigilo absoluto”. Lamentavelmente, escapou. Ele ficou incomodado e falou: “Não é bom pra você, não é bom pra mim”. Agora tem um prazo que eu tenho que respeitar. Se ele falar não, eu não tenho o que fazer. Ele deve conversar conosco na segunda. Se falar não, estou num mato sem cachorro”, diz o vice-presidente de futebol do São Paulo.

O incômodo de Sabella foi tão sentido no Morumbi que Ataíde Gil Guerreiro estica o prazo para diminuir as chances de receber uma resposta negativa. O desempenho do interino Milton Cruz, com três vitórias em três jogos, colaborou para que a diretoria são-paulina não tenha tanta pressa como antes. “Aliás, a meu pedido o Milton Cruz continuaria na equipe do Sabella”, conta o vice de futebol – no último dia 8 o presidente Carlos Miguel Aidar afirmou que Milton Cruz poderia perder o emprego caso assim decidisse o sucessor de Muricy Ramalho, logo depois de afirmar que Milton poderia ser até efetivado dependendo de seu rendimento.

Alejandro Sabella já tem salários, tempo de contrato, formação de comissão técnica e projetos definidos com o São Paulo. Ganharia cerca de R$ 400 mil mensais – valor que a diretoria não confirma oficialmente, mas relatada por dirigentes –, teria contrato até junho de 2017, traria um auxiliar técnico e um preparador e gostaria da contratação de dois jogadores de determinados perfis. “A gente está esperando uma definição do Sabella. Eu realmente gostei da forma como ele se coloca. O estudioso que ele é, a atualidade com as táticas modernas, a tecnologia do futebol”, diz Ataíde.

A diretoria do São Paulo não consegue dizer hoje qual situação é mais provável entre o sim e o não de Sabella. “Ele é muito low-profile”, afirma Gil Guerreiro ao comentar sobre a discrição do argentino nas conversas. Nem os membros da diretoria de futebol tricolor sabem ao certo quais as situações que Sabella avalia na Europa. Acreditam que nãos seja apenas a do Manchester City e respeitam o prazo pedido e o incômodo do treinador.

Sucessor de Muricy seria português, e só em 2016

Ataíde Gil Guerreiro sempre defendeu Muricy Ramalho no São Paulo. No último dia 6, quando o treinador pediu demissão do São Paulo após derrota para o Botafogo-SP, afirmando que o problema de saúde que trata se apresentava mais grave, o vice-presidente de futebol tentou demovê-lo mais uma vez da ideia, como havia feito semanas antes, depois da derrota para o Palmeiras. Não conseguiu.

Ataíde não queria procurar outro treinador para o São Paulo neste momento porque tinha todo o processo de sucessão já encaminhado com o português André Villas Boas, hoje treinador do Zenit, da Rússia. O vice de futebol vinha conversando com Villas-Boas e traçando o projeto – e isso só aconteceria caso Muricy Ramalho, de fato, não quisesse renovar o contrato no fim de 2015.

“Ele [André Villas-Boas] tinha um processo conosco da seguinte forma: se em dezembro o Muricy não quisesse continuar, nós tínhamos acertado com ele a intenção dele vir para o Brasil desde que a gente acertasse as bases salariais. Ele não vem sozinho, é uma equipe grande. Não é pequena como a do Sabella. A gente tinha um programa. Mas como houve essa antecipação que não estava nos nossos planos, que eu tentei evitar de toda maneira...”, diz Gil Guerreiro.

No último dia 6, o São Paulo voltou a falar com Villas-Boas. Mas teve de desistir de todo o projeto traçado para janeiro de 2016. Neste momento, agora, o português preferiu não trocar de clube. “Conversamos com o Villas Boas, ele disse não, disse que tinha um compromisso com o Zenit até o fim do ano”, conta o vice de futebol.

André Villas-Boas é sonho antigo do São Paulo e chegou a conversar com o clube ainda em 2012, na gestão de Juvenal Juvêncio. O São Paulo queria o técnico, que acabara de deixar o Chelsea, da Inglaterra, para assumir o clube no segundo semestre daquela temporada, após a demissão de Emerson Leão. Villas-Boas, no entanto, argumentou que não conhecia o futebol brasileiro e que não poderia realizar um bom trabalho. Sugeriu que morasse no Brasil durante o segundo semestre de 2012 e que assumisse a equipe apenas em janeiro de 2013. A diretoria são-paulina acreditou que não conseguiria espera-lo até lá e contratou Ney Franco.