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Números aproximam Mineirão e Atlético: 41% da arrecadação com setor premium

Desempenho em campo e faturamento fazem novo Mineirão um lugar especial para o Atlético - Victor Martins/UOL Esporte
Desempenho em campo e faturamento fazem novo Mineirão um lugar especial para o Atlético Imagem: Victor Martins/UOL Esporte

Victor Martins

Do UOL, em Belo Horizonte

24/04/2015 13h51

O Atlético-MG quer o Mineirão. E a Minas Arena, empresa responsável pela administração do estádio, quer o time alvinegro atuando no Gigante da Pampulha. O acordo entre as duas partes parece estar cada vez mais próximo de acontecer. Tanto é assim que o Atlético já vai jogar no Mineirão pela terceira vez depois da reforma sem ser obrigado por regulamento ou a licitação do Independência. Alguns números mostram que esta aproximação é boa para as duas partes.

Dono de quatro das dez maiores rendas do futebol brasileiro, o Atlético conseguiu três delas no Mineirão, contra Olímpia, Lanús e Flamengo. O que é muito bom para a Minas Arena, que tem direito a oito mil ingressos a cada partida realizada no estádio. Esse setor é chamado de premium e somente nos jogos da equipe atleticana a empresa faturou cerca de R$ 5,2 milhões. De acordo com os borderôs disponibilizados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e FMF (Federação Mineira de Futebol), esse valor corresponde a 41% da arrecadação do Mineirão com os ingressos premium, considerando todos os jogos de clubes realizados no estádio.

“Estamos abertos e preparados para receber os jogos de maior importância do nosso estado. O próprio plano de negócios do edital de reforma do Mineirão previa os principais clubes de Minas Gerais atuando no estádio. O Mineirão é o maior palco do futebol de Minas, é onde acontecem os grandes jogos. E as grandes decisões dos clubes merecem um estádio à altura desses eventos”, explicou Lawrence Magrath, diretor comercial da Minas Arena.

Com 69 partidas no Gigante da Pampulha, o Cruzeiro é responsável por 59% desse valor, com pouco mais de R$ 7,5 milhões. Sem os clássicos com o Atlético, inclusive o primeiro, que teve torcida meio a meio, o valor arrecadado pela Minas Arena com venda de ingressos em jogos do Cruzeiro cai para R$ 4,3 milhões. O UOL Esporte levantou os números nos borderôs de todos jogos da equipe celeste no estádio, portanto do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil, do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores.

Sem ter amarra em função de contrato, nos jogos do Atlético o ingresso premium pode custar até mesmo menos do que o valor cobrado pelo clube, como ocorreu na semifinal da Copa do Brasil do ano passado. Enquanto o Atlético chegou a cobrar R$ 200 pela entrada para o duelo com o Flamengo, era possível comprar um bilhete da Minas Arena por menos da metade desse valor.

Para os jogos do Cruzeiro uma cláusula exige que o setor premium tenha o valor 20% superior ao ingresso mais caro vendido pelo clube. Motivo pelo qual um torcedor do Atlético vai poder pagar R$ 30 para ficar em local nobre no Mineirão. Como comparação, o cruzeirense teve que desembolsar R$ 170 no mesmo setor, para ver o segundo clássico da semifinal do Mineiro.

A chance de o clube faturar mais também é um atrativo. Como mandou apenas cinco partidas no Mineirão e quase todas decisivas, a exceção foi o confronto com o Villa Nova, pela 11ª rodada do Campeonato Mineiro de 2013, o Atlético tem números acima da média do futebol brasileiro. No Gigante da Pampulha o clube alvinegro arrecadou $ 27,6 milhões com pouco mais de 230 mil pagantes. Isso dá uma média de 46 mil ingressos vendidos a cada compromisso e renda de R$ 5,52 milhões.

Como o Atlético não teve lucro nos três primeiros anos de operação do Independência, jogar mais vezes no Mineirão pode aumentar o faturamento do clube, já que a chance de faturar com bilheteria cresce consideravelmente. De acordo com o balanço financeiro de 2014, que vai ser avaliado pelo conselho deliberativo nos próximos dias, a SCP Arena Independência (Sociedade em Conta de Participação) ainda não apurou resultados positivos. Essa conta não leva em consideração o faturamento com bilheteria, mas o dinheiro arrecadado com bares, estacionamentos e outros ativos comerciais, além dos gastos com manutenção e operação do local.

Tanto que o orçamento apresentado pela diretoria alvinegro em novembro do ano passado previa a realização de pelo menos dez partidas no Mineirão. O Atlético cogitou jogar contra Santa Fe e Colo-Colo no Gigante da Pampulha, mas acabou optando pelo fator campo, já que o time está mais adaptado ao Independência. Fato é que a partir de agora vai ser cada vez mais comum o Atlético jogar no Mineirão como mandante, desde que a expectativa de público seja superior a 40 mil pessoas.