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Auxiliar de Tite larga tudo em busca do sonho, mas não está fácil...

Geraldo Dellamore era auxiliar de Tite no Corinthians - Arquivo pessoal
Geraldo Dellamore era auxiliar de Tite no Corinthians Imagem: Arquivo pessoal

Luis Augusto Símon

Do UOL, em São Paulo

29/04/2015 06h00

O que você faria se fosse auxiliar (respeitado auxiliar) do treinador campeão mundial? Se ganhasse mais de R$ 50 mil mensais e ainda tivesse direito a polpudas premiações em caso de novos títulos? Emprego do sonhos, não?

Geraldo Dellamore jogou tudo para o alto em busca de concretizar seu sonho. Chamou Tite – esse é o campeão mundial do parágrafo anterior - de lado em março de 2013 e disse que estava pronto para romper a parceira iniciada em 2000, no Caxias, quando era preparador físico.

Tite não se surpreendeu. Sabia, há tempos, que o amigo de carreira longa no futsal e futebol, como auxiliar, coordenador e preparador físico ficava feliz mesmo comandando treinos à beira do campo. Gritando e orientando jogadores.

Dellamore repetiu que só se sentiria completo sendo o que o amigo já era: treinador de futebol. Recebeu um abraço e se separaram em junho, com o final do Paulistão.

Havia uma boa poupança feita e Dellamore desde então busca seu espaço no futebol. E afirma que, quem o contratar, não estará colocando os destinos de seu clube nas mãos de um Tite cover. Há diferenças entre eles.

“Difícil apontar diferenças, o Tite é o melhor do Brasil e eu ainda estou começando o meu caminho. Mas eu posso dizer que ele tem um trabalho de sucesso feito em cima de conceitos como defesa forte e solidariedade entre os jogadores, buscando sempre o equilíbrio. É um estilo parecido com o de José Mourinho. Eu prefiro o encantamento do jogo e o toque de bola implantados por Guardiola. Gosto também da verticalidade do Bayer do Heynckes”, afirma Dellamore.

Geraldo Dellamore à beira do gramado nos tempos em que era auxiliar técnico de Tite - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

A badalada segurança defensiva, marca dos times de Tite, é também meta de Dellamore, mas pode ser encarada também como um risco a se correr. “Outro dia, o Bayern do Guardiola perdeu por 2 a 0 e ele não vai mudar a postura do time, sempre em busca do domínio tático do jogo. É um risco a se correr”.

Dellamore, em artigo escrito para a Universidade do Futebol, defende que ter conceitos futebolísticos bem definidos é mais importante do que a opção por um ou outro esquema tático. “(...) – no Brasil, supervalorizamos os sistemas de jogo em detrimento a outros fatores mais importantes. O sistema de jogo não é a essência das grandes equipes atuais: Bayern de Munique, Real Madrid, PSG, Juventus, Chelsea, entre outros. A essência do rendimento destas equipes reside no fato de elas executarem muito bem os princípios de jogo, ofensivos e defensivos. Nestas equipes, as táticas individuais e coletivas estão em acordo com aquilo que se espera de alto rendimento no futebol profissional. O sistema de jogo está à disposição da característica e da qualidade do jogador, não ao contrário! Mobilidade, amplitude, profundidade, infiltração e improviso – princípios ofensivos; equilíbrio, compactação, concentração, cobertura e controle – princípios defensivos; são os pilares que sustentam o desempenho das principais equipes do futebol mundial, clubes ou seleções.

A importância de Dellamore junto a Tite era grande. Em outubro de 2012 ele foi à Inglaterra para analisar o jogo Tottenham 2 x 4 Chelsea. Em dezembro, as informações foram utilizadas por Tite na decisão do mundial. Depois da saída do Corinthians, ele foi acompanhar os trabalhos de Arsène Wenger no Arsenal e Allegri no Milan. Em novembro de 2013, assumiu o Juventude. “O resultado não foi bom e pedi para sair”, diz. Depois, a Copa, um problema familiar e o sonho foi adiado. Até agora.

Está pronto para assumir o desafio?

“Nunca estamos prontos. Sempre estamos em processo de crescimento. Mas estou preparado. Muito preparado”.